No jubileu da rainha, britânicos discutem futuro pós-Elizabeth 2ª

Quando os britânicos entoarem o hino nacional “Deus Salve a Rainha”, durante os quatro dias de celebrações do 60o aniversário do reinado de Elizabeth 2a, os monarquistas podem ter motivos para gritarem com força o verso “que reine longamente sobre nós”. As pesquisas mostram que a rainha, de 86 anos, continua sendo enormemente popular entre […]

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Quando os britânicos entoarem o hino nacional “Deus Salve a Rainha”, durante os quatro dias de celebrações do 60o aniversário do reinado de Elizabeth 2a, os monarquistas podem ter motivos para gritarem com força o verso “que reine longamente sobre nós”.

As pesquisas mostram que a rainha, de 86 anos, continua sendo enormemente popular entre os britânicos, mas há dúvidas sobre o futuro da monarquia quando seu filho, o príncipe Charles, que já tem 63 anos, se tornar rei.

Republicanos e até alguns monarquistas convictos dizem que o futuro será um desafio real –em todos os sentidos– para uma instituição que depende do carisma do seu titular para continuar relevante no mundo moderno.

“A monarquia só é tão boa quanto as pessoas que estão fazendo o trabalho”, disse o biógrafo real Robert Lacey. “Os britânicos já cortaram a cabeça do seu rei, os britânicos já viveram como República durante 11 anos, sob Oliver Cromwell. Poderíamos fazer isso de novo.”

Elizabeth se tornou rainha aos 25 anos, em 6 de fevereiro de 1952, com a morte do seu pai, George 6o. Winston Churchill era o primeiro-ministro na época.

Ela herdou a coroa de um rei extremamente popular, cuja reputação como cumpridor dos seus deveres ajudou a família real a superar o escândalo decorrente da abdicação de Edward 8o, que preferiu se casar com uma plebeia norte-americana. Ao longo da 2a Guerra Mundial, o pai da atual rainha se tornou uma figura querida por praticamente todos os estratos da sociedade.

Nestes 60 anos, a Grã-Bretanha passou por mudanças dramáticas e se tornou uma sociedade mais igualitária, na qual frequentar lugares como Oxford e Cambridge não é mais privilégio da aristocracia. A maioria dos nobres hereditários perdeu suas cadeiras na Câmara dos Lordes.

Mas nem tudo foram flores no atual reinado. Elizabeth 2a foi a monarca que dissolveu o império britânico, da independência do Quênia à entrega de Hong Kong à China, embora ela continue oficialmente sendo a chefe de Estado de 16 países e presida a Commonweatlh (Comunidade Britânica).

CASAMENTOS E DIVÓRCIOS

Seu casamento com um príncipe grego segue bastante sólido, mas sua irmã, sua filha e dois dos seus filhos tiveram rompimentos amorosos bastante turbulentos. No jubileu dos 40 anos, ela declarou que 1991 havia sido um “annus horribilis” (“ano horrível”), pois três dos seus quatro filhos se separaram, e um incêndio atingiu o Castelo de Windsor.

A morte da princesa Diana, em 1997, piorou ainda mais a imagem da monarquia, pois a opinião pública considerou que a rainha reagiu com frieza diante da tragédia que abateu a popular ex-mulher de Charles.

Mas, apesar das crises naquela que já foi descrita como “a mais disfuncional família da Grã-Bretanha”, Elizabeth continua digna e confiável. Nenhum dos escândalos chegou realmente a pôr em xeque uma linhagem real que remonta a Guilherme, o Conquistador, em 1066. Até republicanos convictos acham que tão cedo a rainha não deixará de ser reverenciada.

Amparada por uma operação midiática mais profissional e sofisticada, a família real conseguiu recuperar sua reputação depois da sombria década de 1990, e foi além.

Prova disso foi o sucesso do casamento do filho mais velho de Charles, William, com Kate Middleton, que aconteceu no ano passado e atraiu mais de 1 milhão de pessoas às ruas de Londres, além de ser visto por cerca de 2 bilhões de pessoas pela TV no mundo todo.

Uma pesquisa publicada na semana passada pelo jornal de esquerda Guardian mostrou que o apoio à monarquia alcançou seu maior nível desde o início dessa série de levantamentos, em 1997.

Quase 70 por cento dos britânicos dizem que o país estaria pior sem a monarquia, contra 22 por cento que acham que estaria melhor. Apenas 10 por cento são favoráveis a que o chefe de Estado seja eleito pelo povo.

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