O placar pouco importou, mas vá lá: Palmeiras-1999 2 x 2 Brasil-2002. Mas a despedida do ex-goleiro Marcos, nesta terça-feira, no Estádio do Pacaembu, teve mais do que isso. Com um empate na última partida do maior ídolo da história recente do Palmeiras, o clube deixou de lado por alguns momentos o sofrimento do Campeonato Brasileiro e deu lugar à festa, à vibração e à última página da carreira de um dos maiores goleiros do futebol mundial.

A partida contou com muitas homenagens, emoções e até provocações. Antes do jogo, o goleiro recebeu placas e aplausos. Em campo, o ídolo palmeirense teve como principais adversários o meia Rivaldo e o atacante Edílson, responsáveis pelas melhores chances da Seleção. Os palmeirenses que compareceram à festa nas arquibancadas provocaram Edilson e Ronaldo, ambos ex-Corinthians. Houve tempo para Marcos fazer seu gol, jogar na linha, fazer discurso e até tomar café em campo, relembrando a polêmica cena em jogo contra o The Strongest, no Parque Antártica, pela Copa Libertadores da América de 2000.

Em clima descompromissado, os dois times começaram tocando a bola, sem criar perigo para o protagonista da festa e para Dida, goleiro da Seleção Brasileira. Do lado pentacampeão, Rivaldo tentou surpreender o camisa 12 com um chute do meio de campo, mandando perto do gol e assustando. Mais tarde, aos 13min, o veterano meia cobrou falta da intermediária, mas parando nas mãos de Marcos.

Acuado, o Palmeiras começou a buscar espaço e conseguiu. Com 17min, Edmundo recebeu a bola pela esquerda na área, passou por Cafu e foi derrubado por Belletti. A árbitra Ana Paula de Oliveira assinalou pênalti, e a torcida explodiu em pedidos para que Marcos cobrasse. O goleiro inicialmente se recusou, mas foi convencido – ou melhor, empurrado – até mesmo por Cafu para que cobrasse. Ronaldo tentou distraí-lo, mas o camisa 12 palmeirense cobrou e fez.

Rivaldo, mais uma vez, assustou a torcida do Palmeiras em chute de longe aos 28min, que obrigou Marcos a espalmar por cima do gol. Na resposta, aos 32min, Edmundo escapou de Edmílson e bateu alto, parando na defesa de Dida. Ronaldo, em chute rasteiro aos 39min, exigiu novamente de Marcos. Mas aí, em nova chance, os alviverdes não desperdiçaram: Alex recebeu de Evair pela esquerda na área, ganhou da marcação e cruzou rasteiro para Paulo Nunes, que apareceu no meio da zaga e escorou para ampliar aos 41min.

Na segunda etapa, com muitas mudanças nas duas equipes, o Brasil teve mais uma chance aos 3min, em chute rasteiro de Rivaldo da entrada da área que Marcos, de novo, defendeu. Enquanto o Palmeiras pressionava lá na frente, Marcos tomava café em seu gol. De quebra, aos 12min, o goleiro foi substituído por Sérgio e foi atuar na linha. Para ajudar, todos os jogadores do Palmeiras vestiram a mesma camisa que o homenageado vestia.

A troca, porém, não deu muito certo: aos 16min, Zé Roberto cruzou pela esquerda e Edílson cabeceou para diminuir o prejuízo para o Brasil, ganhando muitas vaias dos palmeirenses. Aos 20min, Marcos teve a chance de evitar uma saída de bola, graças a uma improvável – ou milagrosa? – bandeirinha de escanteio, errando por muito no cruzamento de bola da sequência. Mais tarde, aos 24min, Edílson recebeu de Rivaldo na direita e chutou rasteiro – Sérgio defendeu, mas Luizão aproveitou o rebote e empatou o jogo.

Dois minutos depois, o principal momento da festa: exatamente à meia-noite, no dia 12/12/12, o jogo foi paralisado e as luzes do estádio se apagaram para que o ex-camisa 12 discursasse, em agradecimento aos familiares, ex-companheiros e torcedores, deixando o gramado na garupa de um carrinho de massagem na companhia de dois dos filhos. Terminava ali, de maneira inesperada, o jogo e a carreira do maior goleiro da história recente do Palmeiras.