A polêmica envolvendo o meio-campista Paulo Henrique Ganso sobrou até para o técnico são-paulino Ney Franco. Após a vitória do Santos sobre o Palmeiras, por 2 a 1, neste sábado, no encerramento do primeiro turno do Campeonato Brasileiro, o técnico Muricy Ramalho criticou o companheiro de profissão, sem citar seu nome.

“Me perguntam se eu converso com ele (Ganso). Não é meu papel, sou técnico e tenho que cobrar se joga bem ou mal. Tem muita gente que administra a carreira dele, mas atrapalha. Cada hora está em um time, foi até escalado em um time. O cara o escalou lá já, fiquei em dúvida de colocar ele até”, ironizou o treinador.

Durante a semana, o comandante do São Paulo, que negocia diretamente com o Santos pela compra do jogador, afirmou que “sentou e rabiscou um campinho com Ganso”. Apesar de ironizar a declaração do treinador rival, o técnico santista fez elogios à ética do colega e do São Paulo.

“Esse (Ney Franco) tem uma folha limpa no futebol e o São Paulo joga limpo. Trabalhei muitos anos lá. Às vezes foi uma declaração infeliz, nada mais que isso. Não tenho mágoa e ultrapassei a fase da vingança, cheguei em um momento que tem que ver o lado bom das pessoas. No futebol, se vermos as coisas ruins da pessoa, não vivemos. Não vi ele falar, só vi em alguns lugares. Se falou, foi uma situação infeliz”, contemporizou Muricy.

Mesmo respeitando a negociação, o técnico santista acredita que a situação atrapalha as atuações do jogador dentro de campo e pede que a multa seja paga logo, caso o time tricolor realmente o queira no Morumbi.

“Se quer ele (Ganso), paga a multa e acabou. Isso atrapalha. Vocês perguntam e ele tem que responder, quer ele mal. Às vezes as pessoas que querem ele bem têm que entender isso”, completou Muricy Ramalho.

De camisa 10 ideal a meia contestado

Ganso, revelado nas categorias de base do Santos, começou no clube em 2008, junto a Neymar, a maior estrela do time na atualidade.

Desde que chegou ao time profissional, a carreira de Ganso se revezou em sobes e desces. Nos primeiros anos, o jogador conquistou críticos e torcedores não apenas por ser uma das maiores promessas do futebol do Brasil, mas por ter surgido como protótipo do camisa 10 criativo e pensador, em falta nos últimos anos.

A trajetória de Ganso – que parecia traçar uma ascensão meteórica rumo ao estrelato nos principais gramados do mundo – teve, porém, um baque grande em 2010. No meio daquela temporada, o jogador sofreu grave lesão no ligamento cruzado de seu joelho.

A lesão deixou Ganso fora dos gramados por seis meses e comprometeu a sequência da carreira no Santos do jogador, que não conseguiu manter o nível de seu futebol e perdeu prestígio com a torcida.

A volta ao clube veio durante a Copa Libertadores de 2011, mas nem a conquista do título continental fez com que o meia retornasse a seus melhores dias no Santos. À sombra de Neymar, que se consolidava como grande ídolo e craque do Brasil, Ganso perdeu espaço na mídia e também na Seleção Brasileira. De camisa 10 incontestável, o jogador passou a opção para o meio-campo.

No time olímpico de Mano Menezes, que ficou com a prata na Olimpíada de Londres, o meia Oscar, do Internacional, vestiu a camisa 10 da equipe, a qual, há poucos anos, era reservada para o jogador santista.