A Olimpíada de Londres tem uma marca feminina forte. Pela primeira vez na história todas as modalidades olímpicas são disputadas por mulheres. Além disso, a Arábia Saudita cedeu à pressão e mandou duas atletas para o evento, uma no atletismo, outra no judô. Os EUA, também de forma inédita, chegam com uma delegação com maioria feminina, com 268 mulheres e 261 homens.

Mas, se o número de competidoras cresce, as mulheres ainda ficam atrás dos homens em dois pontos: os Jogos de Londres-2012 vão distribuir 30 medalhas de ouro a menos para mulheres  (132 contra 162) e o nível de performance, inalterado desde o início da década de 80.
 
Segundo estudo publicado por pesquisadores do Instituto de Pesquisas Biomédicas e de Epidemiologia do Esporte, da França, a diferença média no nível de performances entre homens e mulheres, em provas olímpicas, segue em 10% desde 1983. O estudo levou em conta resultados até os Jogos Olímpicos de Pequim, em 2008, de natação, atletismo, ciclismo de pista, levantamento de peso e patinação de velocidade. Incluiu também análise de recordes mundiais e, no caso de natação e atletismo, os 10 melhores resultados ano a ano.
 
Os dados mostram variações de performance que vão de 5,5% (nos 800m livre da natação, prova disputada apenas por mulheres nas Olimpíadas) até 36,8% (no levantamento de peso). A conclusão do estudo diz que “mulheres nunca vão correr, saltar, nadar ou pedalar tão rápido quanto os homens”. Além disso, a diferença continuará a mesma a não ser que avanços tecnológicos específicos para um sexo sejam adotados.
 
Mas, se não podem alterar esse fato, as mulheres estão se mobilizando para acabar com a desvantagem em outra área. Representantes de organizações de defesa dos direitos femininos estão reunidos em Londres para pressionar o COI (Comitê Olímpico Internacional) a igualar as chances de homens e mulheres.
 
“Ainda existe discriminação de sexo nas Olimpíadas. Os Jogos têm um papel decisivo na formação de um mundo melhor, é muito mais do que uma competição esportiva. É um dos únicos eventos do mundo em que não existem barreiras e que uma só lei vale para todos. É uma oportunidade de para mudar a sociedade”, afirma Annie Surgier, porta-voz da Liga Internacional dos Direitos das Mulheres.
 
O órgão apresentou, nesta semana, uma lista de reivindicações que inclui número igual de eventos para os dois gêneros e a reserva de 50% dos postos de comando das entidades esportivas reservados para mulheres. Além disso, foi feito um pedido para reforçar o caráter de neutralidade do esporte, banindo símbolos políticos ou religiosos.
 
O motivo dessa última demanda foi a exigência da Arábia Saudita para a estreia de suas mulheres nos Jogos: só poderiam competir com o corpo coberto. Nos Jogos de Pequim, em 2008, 14 países competiram com mulheres usando véus.
 
“Queremos que todas as mulheres do mundo tenham acesso ao esporte e possam competir nas Olimpíadas. E vestir o que quiserem”, diz Anne-Marie Lizin, presidente honorária dos Senado da Bélgica.