Lyz Nara foi morta enquanto dormia com o filho. Nesta segunda-feira, 30, completa um ano de sua morte, mas sem denúncia do autor no MPE, conforme a mãe Mariza Ramona.

Em 30 de julho do ano passado Mariza Ramona Marques Vogado recebeu uma notícia que nenhuma mãe gostaria: a filha foi morta e com requintes de crueldade, já que estava dormindo com o filho de apenas oito meses quando foi assassinada. Nesta segunda-feira, 30, ela foi ao cemitério Santo Amaro pela primeira vez depois de ter sepultado a filha Lyz Naira Vogado Franco, na época com 27 anos.

O motivo de não ter ido antes ao cemitério, justifica, é porque teve que assumir o papel de mãe para criar o menino que hoje tem um ano e oito meses. Conforme o levantado neste um ano é que Lyz foi morta a pauladas por um homem identificado pelo nome Antônio, de 60 anos. Inicialmente um adolescente de 16 anos foi apontado como autor, mas diante de no mínimo três versões diferentes sobre o fato, as suspeitas recaíram para o idoso que alugava um quarto para a jovem.

Mariza Ramona diz estar indignada porque na época foi plantada a informação de que Lyz fazia programa. “Falaram: mataram prostituta com filho no colo! Ela fez programa sim, mas não fazia mais. Mesmo que ainda fosse uma prostituta não dava o direito de aquele homem acabar com a cabeça da minha filha a pauladas. Ela estava dormindo amamentado o filho. Será que é por causa desta história de prostituição que até hoje não vi o culpado atrás das grades”, questiona.

Mariza Ramona disse que a filha foi morar num dos quartinhos da vila de Antônio porque iria ‘tocar a vida’ sozinha com o filho, já que a mãe acabara de se casar e mudado para a casa do novo esposo. “Eu arrumei as coisas dela, o caminhão e levamos ela pra lá. Nunca imaginei que aquele homem pudesse cultivar um desejo por filha e acabar matando assim, desse jeito, planejado”, fala.

De acordo com o relato da mãe, Lyz morou apenas uma semana no quartinho alugado pela mãe, pois por várias vezes acordou com o idoso sentado em sua cama, durante a madrugada. Mariza Ramona diz que a filha contou que Antônio nunca deu as chaves do local alugado e por conta disto a mãe a aconselhou a sair de lá.

Na noite do crime, conforme a mãe, Lyz foi atraída para a vila pelo adolescente que acabara de fazer amizade. Ele também morava no cortiço em companhia do pai. Numa das versões, segundo Mariza, o adolescente contou que o idoso fez proposta de quitar uma dívida se atraísse a jovem até o local do crime, ou seja, a casa do menor.

“Ele disse que o idoso esperou a Lyz adormecer e mandou o adolescente comprar um lanche. Como estava fechado, ele voltou rápido e viu ele (idoso) dando os últimos golpes na casa dela”, conta com voz embargada.

Mariza diz que sua maior tristeza é não ter mais a única filha mulher (ela tem dois homens) ao seu lado. Agora faz vezes de avô e mãe do pequeno órfão. “Depois disto, não só a vida dela e da criança acabou, mas a minha também. Arrumei um segundo emprego e penso até no terceiro para dar conta dos compromissos. Meu recém-casamento também acabou”, conta.

Ramona é concursada como auxiliar cirúrgico-odontológico, de segunda a sexta e de terça a domingo trabalha como pizzaiolo. Seu próximo passo é comprar o terreno onde a filha está sepultada e fazer um túmulo. “Tudo o que eu quero é justiça e o assassino preso porque minha filha não volta mais”, resume.

O advogado Marcos Ivan é agora o assistente de acusação na causa da morte de Lyz. Ele revela que a partir de agora para usar de todas as ferramentas jurídicas possíveis para dar celeridade no curso do inquérito até a denúncia do autor no Ministério Público Estadual. “Outros casos mais recentes já tem até júri marcado. Nesse vamos trabalhar para que tenha logo um resultado”, afirma.