“O que se paga hoje está muito aquém da importância da atividade. Os valores não aumentaram conforme o lucro das operadoras de planos de saúde”, apontou presidente do CRM

A paralisação dos médicos credenciados em planos de saúde não vai afetar os sul-mato-grossenses. Nesta quarta-feira (25), representantes do CRM (Conselho Regional de Medicina), Sindicato dos Médicos e AMMS (Associação Médica de Mato Grosso do Sul) informaram, em coletiva de imprensa, que não vão parar as atividades no estado.

Segundo o presidente do sindicato dos médicos, Marco Antônio Leite, eles decidiram não aderir à paralisação porque no ano passado, todos os planos de saúde, com exceção da Cassi (do Banco do Brasil) atingiram o valor mínimo de referência exigido pela classe.

Uma das exigências dos médicos é exatamente esta, que os planos paguem, pelo menos, o valor mínimo da CBHPM (Classificação Brasileira Hierarquizada de Procedimentos Médicos) – que é uma espécie de tabela referencial com os valores dos procedimentos. O custo de cada procedimento varia de acordo com a complexidade.

Leite ainda explicou que a classe luta para legitimar a CBHPM, ou seja, para esta seja usada como referência no processo de hierarquização pela Resolução Normativa da ANS (Agência Nacional de Saúde). Para isso, tramita no Senado o PLC 39/07.

O presidente do CRM, Luis Carlos Mascarenhas, criticou o valor pago pelos planos de saúde em relação ao trabalho realizado pelos médicos. “O que se paga hoje está muito aquém da importância da atividade. Os valores não aumentaram conforme o lucro das operadoras de planos de saúde”, apontou.

Segundo ele, em 11 anos a inflação aumentou 119%, os planos de saúde 150%, e os valores repassados aos médicos somente 50%. Ele ainda apontou que apenas no ano passado, as operadoras lucraram R$ 81 bilhões, 11% a mais que em 2010. E o valor pago pelos serviços não corresponde aos lucros das empresas.

Outro ponto criticado pelos representantes é quanto à interferência das operadoras na relação ética dos profissionais com os pacientes. Como exemplo, Antônio Carlos Bilo, conselheiro do CRM, apontou que muitas vezes o médico pede um exame e este não é liberado pela operadora, outras vezes, segundo ele, procedimentos realizados não são pagos.

“Isto prejudica o paciente, e o profissional que é cerceado na sua atividade”, disparou.