No dia 31 de agosto de 1997, a princesa Diana morreu aos 36 anos após um acidente de carro no túnel junto à Ponte D’Alma, em Paris. Seu namorado, o empresário egípcio Dodi Al Fayed e o motorista francês, Henri Paul, morreram na hora. Diana chegou a ser transportada para o hospital, mas não resistiu aos ferimentos. O único sobrevivente foi o guarda-costas de Al Fayed, Trevor Rees-Jones.

Após o anúncio da morte da chamada “princesa do povo”, a comoção foi geral, e na Grã-Bretanha a rainha Elizabeth 2ª foi a mais criticada por seus súditos pela frieza. A Rainha estava na Escócia e não voltou imediatamente a Londres para tratar do assunto, apesar do palácio de Buckingham ter virado um ponto de peregrinação para os fãs de Lady Di, que encheram seus arredores de flores, bichos de pelúcia e mensagens em demonstração de carinho à mãe de William e Harry.

As investigações feitas constataram que o motorista do veículo estaria bêbado, e foi declarado culpado pela tragédia. Três fotógrafos que perseguiam o carro que levava Diana e Dodi al Fayed foram condenados por invasão de privacidade em 2006, mas o juiz determinou que cada um dos acusados indenizasse Fayed em apenas € 1 cada.

A família real 15 anos depois

A morte da princesa Diana chocou o mundo e gerou uma onda de tristeza e dor na Grã-Bretanha. A população não esperava a reação fria que teve a rainha Elizabeth 2ª. Sua atitude causou uma indignação geral e uma onda de críticas até então inimaginável para a soberana.

As teorias de conspiração de que a princesa teria sido morta pelo serviço secreto britânico por ordem da família real também não ajudaram a popularidade da rainha. Mas após 15 anos, Rainha Elizabeth 2ª conseguiu de volta o seu prestígio, o que pôde ser visto em junho, quando celebrou seus 60 anos no trono, o Jubileu de Diamante.

O príncipe Charles, que não era a personalidade mais querida da família pelo público, continua não sendo. Ele e sua eterna amante, Camilla Parker-Bowles, se casaram, finalmente, em 2005, e apesar da resistência inicial dos súditos em aceitar Camila como mulher do futuro rei, a rejeição agora é menor, e eles são vistos como um agradável e bem humorado casal de sexagenários.

William, que tinha 14 anos na época, e Harry, com 12 anos, tiveram uma certa folga da imprensa após a morte da mãe. O primogênito frequentava a prestigiosa escola particular Eton e depois mudou-se para a Escócia onde estudou na Universidade St. Andrews. Durante esse período, um acordo foi feito entre o palácio e a imprensa para que ele não fosse fotografado.

Com os anos, William e Harry ocuparam o lugar que a mãe deixou no coração dos súditos, e também as primeiras páginas dos jornais. Fã de festas, Harry é o rei dos tabloides britânicos. Fotos suas em festas regadas a álcool foram divulgadas em todo o mundo. Quando tinha 17 anos, a imprensa britânica publicou que o príncipe fumava maconha. Uma foto sua usando um uniforme nazista em uma festa à fantasia foi parar na primeira página de um tabloide, e ele teve que fazer um pedido de desculpas formal.

Já William é bem mais discreto que o irmão. Nunca se envolveu em um escândalo e se casou em abril de 2011 com sua colega da universidade Kate Middleton, após oito anos de namoro. E o príncipe deu à noiva o anel de safira e diamantes usado pela sua mãe, Lady Di. O casamento foi exibido em todo o mundo e bateu o recorde de audiência na internet, com 72 milhões de pessoas. O evento foi também o terceiro mais assistido na história da Grã-Bretanha, e certamente ajudou, em muito, a melhorar a imagem da família real britânica.

Documentário polêmico

“Meu marido está planejando um ‘acidente’ com meu carro. Falha nos freios ou ferimento grave na cabeça”.xxxxxxx Com uma imagem desse bilhete escrito pela princesa Diana em outubro de 1993 a um amigo, começa o trailer do documentário “Unlawful Killing”, feito pelo ator britânico Keith Allen e patrocinado pelo pai de Dodi, Mohamed Al Fayed.

Fayed, que gastou aproximadamente £ 2,5 milhões no filme, acredita que Dodi e Diana foram mortos por ordem do marido da rainha Elizabeth, príncipe Philip, e que a família real não suportava a ideia de ver Diana casar-se com um muçulmano. O filme exibe também a origem do príncipe Philip e sua ligação com membros do partido nazista.

O filme, que demorou três anos para ser concluído, procura provar por meio de entrevistas e encenações, que o inquérito realizado em 2007/08 para averiguar as causas da morte de Diana foi um acobertamento dos fatos por parte do “establishment” e de “forças ocultas”, segundo declaração dos criadores do filme durante o Festival de Cannes 2011, onde foi exibido.

Allen, que assistiu as audiências do inquérito, afirma ainda que a BBC cometeu um erro ao publicar que o júri culpou os paparazzi, e o resto da mídia seguiu o que disse a emissora, que é pública. E a conclusão do júri foi na verdade que a princesa Diana e Dodi Al Fayed foram vítimas de um “unlawful killing”, termo do código penal inglês que abrange, entre outras coisas, mortes causadas sem intenção, como por negligência no trânsito. As evidências mostraram que o carro foi atingido por um Fiat Uno e outras motos não identificadas, não sendo necessariamente as dos paparazzi.

“’Unlawful Killing’ não é sobre a conspiração antes do acidente, mas a provável conspiração após o acidente. Uma conspiração organizada não apenas por um único grupo de intrigas, mas coletivamente pela instituição britânica: juízes, advogados, políticos, chefes de polícia, serviço secreto, até mesmo editores de jornais – todos foram designados para seus postos, pois eles são “pares de mãos seguras”, escreveu ele em um artigo no jornal britânico “Guardian”.

Apesar de exibido em Cannes, o filme não chegará aos cinemas britânicos, ingleses e franceses. Allen disse em um artigo para o jornal “Guardian” que advogados britânicos (sem especificar a mando de quem) avisaram os produtores que eles teriam que fazer 87 cortes se quisessem exibi-lo na Grã-Bretanha. A produção esperava exibir o filme pelo menos nos Estados Unidos, mas não se chegou a um acordo quanto ao seguro, pois os distribuidores americanos poderiam enfrentar um processo litigioso por meio de seus escritórios na Grã-Bretanha, disse uma porta-voz ao tabloide “The Sun”.

“Este filme é, em suma, um inquérito do inquérito”, afirmou Allen em um comunicado.