Moradores de Itaporã ficam ilhados com bloqueio da rodovia de acesso a Dourados
Com a rodovia interditada, os moradores de Itaporã que precisam ir a Dourados estão fazendo um caminho de 40 quilômetros ou passando por dentro das Aldeias
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Com a rodovia interditada, os moradores de Itaporã que precisam ir a Dourados estão fazendo um caminho de 40 quilômetros ou passando por dentro das Aldeias
Os moradores de Itaporã estão ilhados, sem acesso ao município de Dourados, desde segunda-feira (7), por conta do protesto realizado pelos índios das aldeias Jaguapirú e Bororo. Eles estão interditando a rodovia com troncos de arvores e tratores. Segundo o líder da aldeia Jaguapirú, Vilmar Machado, a comunidade quer o governo cumpra o termo de compensação firmado há dois anos, na época das obras de duplicação da rodovia, o qual garantia aos índios a manutenção das estradas de acesso às aldeias.
A comerciante Sandra Carvalho, 38, disse que a população é solidária ao protesto dos índios, mas que as atividades dos moradores estão prejudicadas, uma vez que a cidade depende de Dourados para “funcionar”. “Eu dou razão para os índios, a estrada está péssima, mas nós não temos culpa. As pessoas estão deixando de sair de casa, porque o acesso está fechado desde o início da semana. Eu, por exemplo, estou com as vendas da minha loja, prejudicadas”, explicou.
Um morador que pediu para não ser identificado, disse que tem medo de passar por dentro da aldeia por conta de retaliações. “Sou a favor dos índios cobrarem o Governo, mas acho arriscado passar pelas estradas dentro da aldeia, tanto por conta dos buracos e más condições, quanto porque em outras manifestações, eles jogavam pedras nos carros, e até pegaram reféns. Não é a primeira vez que eles trancam a rodovia, mas a que está durando mais tempo. Enquanto isso, não podemos ir à faculdade, nem fazer outras coisas rotineiras, porque Itaporã depende de Dourados para sobreviver”, desabafou.
O advogado Oziel Matos, 53, explicou que para poder dar andamento em processos passou a semana dando uma volta de 40 quilômetros, em um trecho que poderia ser feito em 12 quilômetros. “Não sabemos quando isso vai acabar. Todo dia eles falam que vão liberar, mas continua interditado. Eu tenho feito um caminho enorme por conta do protesto, mas acho que a população não pode pagar o pato, o Governo precisa tomar uma providência”, afirmou.
Os índios informaram que continuarão bloqueando a rodovia – enquanto não houver um compromisso firmado com governador André Puccinelli (PMDB) – para que a população veja a situação em que eles se encontram. O líder indígena conta que o acesso a hospitais é extremamente difícil e que há risco de que, a qualquer momento, um ônibus escolar com crianças tombe nas estradas vicinais. Ele disse também que muitos bebês já nasceram dentro dos carros da Sesai (Secretaria Especial de Saúde Indígena), porque não conseguem chegar aos hospitais devido às condições das estradas.
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