A ocupação, por cerca de 1.300 homens das forças de segurança, dos conjuntos de favelas do Jacarezinho, de Manguinhos, Mandela e Varginha foi bem recebida pelos moradores, que pedem melhorias sociais para as comunidades, principalmente habitação e saneamento. Embora o receio de falar com a imprensa ainda perdure, aos poucos as pessoas vão dizendo o que pensam da presença dos policiais, com o objetivo de instalar a 29ª Unidade de Polícia Pacificadora (UPP).

“Eu levanto as mãos aos céus. Criei os meus três filhos aqui em Manguinhos. Isso era muito ruim. Agora acho que vai melhorar”, disse a moradora, que trabalha como acompanhante de idosos e se identificou apenas como Maria, enquanto passava em frente aos blindados dos fuzileiros navais usados na operação.

Para a auxiliar de serviços comunitários Rosângela França, que trabalha na limpeza urbana em Manguinhos, não basta só a presença da polícia. “Não é só isso. É preciso urbanizar para as crianças poderem brincar. Aqui tem três campos de futebol, mas quando chove alaga tudo”, disse ela. A cozinheira Rosilda Oliveira Machado também pede melhorias: “Tem que ter gente do serviço social para nos ajudar depois. Senão vai continuar a mesma coisa”.

Nas comunidades de Manguinhos, Jacarezinho, Mandela e Varginha, ocupadas hoje (14) pelas forças de segurança, é comum ver quantidades enormes de lixo espalhadas pelas áreas livres, onde se cria galinhas e porcos junto aos detritos, em meio à lama e ao esgoto que transborda pelas vielas. Sem alternativas, o espaço acaba sendo o único local para as crianças brincarem, o que provoca inúmeras doenças infecciosas, principalmente de pele e do sistema digestivo.

Segundo números divulgados pela prefeitura do Rio, Manguinhos e Jacarezinho estão nas últimas posições no ranking dos bairros da cidade, tomando por base o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). De um total de 126 bairros, Jacarezinho está em 121º e Manguinhos em 122º.