O ministro da Secretaria de Assuntos Estratégicos, Moreira Franco, defendeu nesta terça-feira a adoção de estratégias soft power para cooperação e aproximação com outros países como forma de aumentar a influência do Brasil no plano internacional. “É o tipo de mecanismo com o qual você relaxa a relação, criando um ambiente novo. Temos valores, cultura, que nos permitem uma presença no mundo mais envolvente, mais afetuosa e esse é o objetivo”, declarou, após participar de evento sobre o tema na sede Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).

De acordo com o publicitário Nizan Guanaes, que também participou do debate na capital paulista, “soft power é um termo utilizado na teoria das relações internacionais para descrever habilidade de um corpo político, como o Estado, para influenciar indiretamente o interesse ou comportamento de outros corpos políticos por meio de atividades culturais ou ideológicas”. Como exemplo de ações de soft power adotadas pelo governo federal, o ministro citou a missão de paz das Nações Unidas no Haiti, que contou com um jogo da seleção brasileira de futebol, em 2004.

Para o ministro Moreira Franco, as estratégias a serem adotadas precisam estar alinhadas à política de defesa nacional, tendo em vista que, apesar de serem ações brandas (soft), elas são também expressão de poder (power). “Precisamos mobilizar pensadores, dentro e fora do governo, para que a nação brasileira tenha muito claramente as ferramentas que utilizará para definir a sua presença no mundo. Nós queremos que essa presença tenha sempre a marca de valores que falam de igualdade, de respeito, que falam de liberdade, de democracia”, ponderou.

Momento de oportunidades

Moreira Franco avaliou que este é um momento de oportunidades e que o mundo espera uma postura ativa do Brasil. “Efetivamente, há uma expectativa de uma palavra de liderança do País. Temos que estar preparados para isso. Não tenho a menor dúvida de que para que essa liderança se dê de forma construtiva, de forma natural, esses valores precisam se unir a nossa experiência e conhecimento, dando sentido a uma ação, não só para nos proteger, mas que seja também um elemento para fortalecer a humanidade”, defendeu.

O setor de agricultura foi apresentado como exemplo de cooperação do Brasil no plano internacional. O presidente da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Maurício Antônio Lopes, apresentou projetos desenvolvidos em parceria com países africanos. O programa Africa Brasil Market Place é uma das iniciativas, que tem como propósito buscar fundos de organizações internacionais para estimular o intercâmbio entre pesquisadores dos dois países.

Maurício Lopes acredita que “no futuro, a questão da segurança alimentar e nutricional vai estimular, cada vez mais, o olhar para a estratégia de cooperação internacional”. Nesse sentido, ele aposta que o Brasil terá um papel fundamental como provedor de conhecimento sobre agricultura tropical. “O Brasil pode, cada vez mais, através da estratégia soft power, consolidar a sua posição de importante produtor e exportador de alimentos e, além disso, ser um país líder no desenvolvimento de conhecimento e tecnologias para agropecuária tropical, dando uma contribuição definitiva para a segurança alimentar do mundo”, avaliou.