Milhares de pessoas protestam na Espanha contra austeridade

Com o lema “não se brinca com a educação nem com a saúde”, dezenas de milhares de pessoas protestaram em Madri contra as novas medidas de austeridade do governo, que pretende economizar 10 bilhões de euros nestes setores sensíveis. “Os cortes na educação e na saúde são os últimos que podemos aguentar, a classe trabalhadora. […]

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Com o lema “não se brinca com a educação nem com a saúde”, dezenas de milhares de pessoas protestaram em Madri contra as novas medidas de austeridade do governo, que pretende economizar 10 bilhões de euros nestes setores sensíveis.

“Os cortes na educação e na saúde são os últimos que podemos aguentar, a classe trabalhadora. Sem isto o que nos resta? Se não temos nem trabalho”, afirma indignado Domingo Zamora, 60 anos, funcionário do setor público.

“Estão nos apertando até a asfixia”, critica Pilar Logales, 60 anos, uma das 40.000 pessoas reunidas na capital espanhola, segundo os sindicatos.

“É criminoso cortar a saúde”, “Povos da Europa, levantem-se”, “NÃO”: estes eram alguns dos cartazes exibidos pelos manifestantes.

Em Barcelona, 4.000 pessoas, segundo os sindicatos, se reuniram para protestar pelos mesmos motivos no centro da cidade.
“Não é crise, é intervenção” e “Não são reformas, é um saque”, afirmam algumas faixas.

A mobilização, no entanto, foi bem menor neste domingo na comparação com outros protestos recentes, sobretudo a greve geral de 29 de março. Mas os sindicatos convocaram uma nova mobilização para 1º de maio.

Para tentar reduzir o déficit, o governo conservador espanhol aprovou em 20 de abril um plano de austeridade que afeta os setores muito sensíveis da Saúde e da Educação, administrados na Espanha pelas 17 comunidades autônomas.

O país pretende assim poupar 10 bilhões de euros por ano.

A Espanha tem 12 meses para reduzir em mais de três pontos seu déficit, de 8,51% a 5,3% do PIB, e anunciou o orçamento mais austero de sua história, para recuperar 27,3 bilhões de euros.

Muito controversa na Espanha, a reforma da saúde obrigará os aposentados a pagar pelos medicamentos, até agora gratuitos, e pretende limitar o acesso à saúde pública dos imigrantes ilegais.

Na educação, o governo autoriza as regiões a elevar os custos da matrícula nas universidades em 50%, de 1.000 a 1.500 euros na média.

“Muitas pessoas podem não compreender em um determinado momento as decisões que estamos tomando”, admitiu neste domingo o primeiro-ministro conservador Mariano Rajoy.

“Mas o problema é a crise, a paralisação, a recessão, o desordem das finanças públicas. Temos que fazer mudanças estruturais e adotar medidas integrais”, explicou.

O país, que voltou a entrar em recessão, acaba de bater um novo recorde de desemprego, com 24,44% da população ativa.

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