“Oportunidade em multinacional de luxo. Desejável experiência no atendimento de clientes de alta renda”. Anúncios como esse têm sido frequentes em classificados e sites de empresas de recrutamento nos últimos anos. O mercado de luxo, previsto para crescer até 20% em 2012, ainda lida com a falta de profissionais qualificados, segundo especialistas.

De acordo com Thais Teperman, headhunter (caça-talentos) na área de luxo, moda e varejo da empresa de recrutamento Michael Page, a demanda pelos serviços no setor de luxo aumentou 50% desde 2010.

Na Asap, outra empresa de recursos humanos, o número de vagas disponíveis para esse mercado cresceu 23% no primeiro semestre deste ano, na comparação com os primeiros seis meses de 2011.

Para atrair bons profissionais, o mercado de luxo conta com salários atrativos. “Para um vendedor da área de vestuário, por exemplo, o salário pode ser de R$ 5.000, e é difícil colocar um teto”, afirma Paulo Bivar, gerente da Asap. Quem consegue chegar à gerência recebe entre R$ 10 mil e R$ 15 mil, de acordo com os especialistas.

O que engorda os rendimentos fixos dos vendedores e gerentes são as comissões e os chamados bônus por resultados, que podem duplicar ou até mesmo triplicar o salário fixo do profissional.

Candidatos devem ter “obsessão pelos detalhes”
Para conquistar uma vaga no mercado de luxo, a consultora de imagem Silvana Bianchini diz que o candidato deve ser, principalmente, sensível. “Lidar com cliente de luxo é aprender a ouvi-lo para saber o que é o luxo dele”, diz. Todo mês, cerca de cinco pessoas contratam os seus serviços de consultoria no shopping Iguatemi, em São Paulo, e gastam entre R$ 5 mil e R$ 10 mil cada em roupas e acessórios.

Os candidatos que têm mais chances de crescer no setor, segundo os especialistas, são aqueles que têm curso superior, sabem falar inglês, têm liderança de equipe e visão de negócios. Algumas empresas também valorizam quem tem bagagem internacional, como um intercâmbio.

Idade e sexo, de acordo os recrutadores, não é problema na hora de conquistar uma vaga. “Não tem diferença, é um mercado extremamente democrático”, afirma Teperman, da Michael Page. Mas, quando se trata de cargos para altos executivos, uma pesquisa realizada pela empresa de recrutamento Fesa aponta que 34% dos candidatos entrevistados para projetos de luxo têm entre 36 e 40 anos.

Débora Ganbaroni, gestora da MCF Consultoria e Conhecimento, acredita que além de serem atualizados, os candidatos devem ter experiência, conhecer técnicas de atendimento e ter “obsessão pelos detalhes”. “Ter esse profissional que alie conhecimento teórico e prático é a grande preocupação das empresas.”

Fazer cursos específicos também é uma indicação dos especialistas para quem quer se destacar. Em São Paulo, é possível encontrar, por exemplo, um MBA em gestão do luxo. Silvio Passarelli, diretor do curso da Faap, diz que os profissionais devem frequentar, fora as salas de aula, cinemas, teatros e eventos. “Para mim, luxo é cultura. Acabou aquele tempo em que as pessoas compravam apenas por imitação.”

Oportunidades fora do shopping
Lojas de roupas e acessórios não são os únicos locais de oportunidades de emprego para quem quer entrar no mercado de luxo. As empresas de recrutamento apontam o crescimento de vagas também no setor de serviços. “Neste ano tivemos um boom de novas grifes vindo para o Brasil, mas o mercado de luxo não é feito só de lojas de shopping” diz Bivar.

Para Passarelli, pessoas que sabem lidar com produtos e clientes desse mercado são procuradas em quase todos os setores, como lojas de automóveis, imobiliárias, consultórios médicos e clínicas de estética. “No mercado imobiliário, por exemplo, os corretores que estão acostumados a vender imóveis mais populares têm dificuldades em argumentar para vender um imóvel de R$ 5 milhões.”