Menor país do mundo quer usar futebol para ser reconhecido pela ONU

No Mar do Norte, perto da costa da Inglaterra, fica o Principado de Sealand, aquele que se considera o menor país do mundo. Apesar dos clamores, a ONU (Organização das Nações Unidas) não reconhece o local como um Estado independente, frustrando os quatro habitantes da ilha. Para alcançar o sonho de ser oficializado como uma […]

Ouvir Notícia Pausar Notícia
Compartilhar

No Mar do Norte, perto da costa da Inglaterra, fica o Principado de Sealand, aquele que se considera o menor país do mundo. Apesar dos clamores, a ONU (Organização das Nações Unidas) não reconhece o local como um Estado independente, frustrando os quatro habitantes da ilha. Para alcançar o sonho de ser oficializado como uma nação, Sealand aposta no sucesso esportivo, em especial no futebol. Mas como montar uma equipe tendo apenas quatro pessoas em seu país? Simples: qualquer um está convidado a vestir o uniforme vermelho e representar a causa nacional nos campos mundo afora.

Sealand foi fundado há cerca de 45 anos pelo ex-major do exército britânico Paddy Roy Bates, pouco após o fim da II Guerra Mundial. O país tem 550m² e fica em uma plataforma abandonada em alto mar, a 11km da cidade de Harwich, no sudeste da Inglaterra. O acesso só é possível por helicóptero ou barco. Por estar além do limite de três milhas das águas territoriais britânicas, porém, o território está fora do controle do Reino Unido, que aceita o local como uma “propriedade privada”. Apesar de só possuir uma “rua” e uma casa, onde vivem todos os seus habitantes, Sealand tem Constituição, bandeira e hino nacional, além de moeda, passaporte e selos próprios. A eletricidade vem de geradores e energia eólica, enquanto a comida é importada da Holanda. A ilha também possui uma seleção de futebol formada por “convidados”.

Quem escreve as regras do jogo na pequena nação é um jornalista escocês de 34 anos. Neil Forsyth foi nomeado presidente da Federação de Futebol de Sealand pelo príncipe-regente Michael, filho do fundador do país e atual manda-chuva da ilha. Forsyth foi o responsável por reativar a seleção, agregando simpatizantes da causa nacional para formar um time que pudesse disputar as competições da NF-Board (Nouvelle Fédération-Board), instituição criada em 2003 para representar esportivamente nações, Estados não-reconhecidos, minorias, povos sem territórios e micronações não-filiadas à Fifa (Federação Internacional de Futebol e Associados), como Curdistão, Chipre do Norte, Saara Ocidental e Zanzibar.

“Eu escrevi sobre Sealand no passado e adorei a história do país. Durante a última Copa do Mundo (2010, na África do Sul), pensei: ‘Por que Sealand não cria uma equipe nacional de futebol?’. Conversei sobre isso com Michael (príncipe-regente) e, quando nos encontramos para beber, ele me deu um certificado que me nomeava como presidente da Federação de Futebol!”, conta Forsyth ao iG. No último dia 5, a seleção disputou seu primeiro jogo após a reativação. A equipe, bastante diversa, foi formada por “feras” como o ator Ralf Little, figurinha carimbada em séries de TV no Reino Unido, o príncipe Liam (filho do regente Michael), jogadores aposentados como Derek Stillie (ex-seleção da Escócia) e Simon Charlton (ex-vários clubes ingleses, como Southampton, Bolton e Birmingham), assim como o próprio Neil Forsyth, que, além de jornalista, escritor e presidente da Federação, é o centroavante do time.

O adversário foi a seleção das Ilhas Chagos, um arquipélago perdido no Oceano Índico com história bastante curiosa. A população foi removida do local após Grã-Bretanha e Estados Unidos tomarem posse das terras para a instalação de bases militares, ainda durante a Guerra Fria. Sem casa e brigando na justiça para poderem voltar à terra natal, os chagoanos imigraram para vários países do mundo, em especial para a Inglaterra, onde foi realizado o embate contra Sealand. A cidade de Godalming sediou o encontro entre os representantes do Principado e os ilhéus sem casa, que terminou com vitória de Chagos (com seu uniforme inovador) por 3 a 1.

 

Conteúdos relacionados