Massacre de estudantes leva pânico à Nigéria
Já era noite de segunda-feira na cidade de Mubi, no nordeste da Nigéria, quando estudantes que dormiam em um alojamento distante a poucos metros da Universidade Politécnica Federal foram retirados da cama à força e obrigados a se enfileirar diante de homens armados. Seguiu-se, a partir daí, um dos massacres mais atrozes já ocorridos na […]
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Já era noite de segunda-feira na cidade de Mubi, no nordeste da Nigéria, quando estudantes que dormiam em um alojamento distante a poucos metros da Universidade Politécnica Federal foram retirados da cama à força e obrigados a se enfileirar diante de homens armados.
Seguiu-se, a partir daí, um dos massacres mais atrozes já ocorridos na história recente da cidade, chocando o país africano, onde as lutas pelo poder, especialmente nos rincões distantes da capital, fazem parte do dia à dia.
Cerca de 25 pessoas, a maioria estudantes, foram mortos por homens armados ainda não identificados, afirmou o policial Mohammed Ibrahim.
“Os agressores sabiam os nomes das vítimas e as chamaram pelos nomes”, disse Ibrahim.
Um morador de Mubi, entretanto, disse que o saldo da chacina é maior. Segundo ele, mais de 40 estudantes foram mortos.
Até agora, nenhuma estimativa oficial sobre a matança foi divulgada.
O atentado ocorreu dias depois de uma grande operação realizada na cidade por forças do governo contra um grupo militante conhecido como Boko Haram.
O porta-voz da Agência Nacional de Gestão de Emergência (NEMA, na sigla em inglês), Yushua Shuaib, confirmou a chacina à agência de notícias Reuters, mas não deu mais detalhes sobre como o ataque teria acontecido.
Ele afirmou que ainda há dúvidas sobre os autores do massacre. As duas principais linhas de investigação apontam para o grupo insurgente Boko Haram ou para uma disputa entre grupos políticos rivais da própria universidade.
Um funcionário da Cruz Vermelha afirmou que pelo menos 10 pessoas morreram, informou a agência de notícias France Presse.
O correspondente da BBC na Nigéria, Will Ross, afirmou que torres de telefonia celular na região foram recentemente atacadas por militantes, o que dificulta a transmissão de dados em Mubi.
Pânico
Um morador, que não quis ser identificado, afirmou ao serviço de língua Hausa da BBC, que homens com uniformes de militares obrigaram os estudantes a se enfileirarem e falarem seus nomes.
Alguns deles foram mortos a tiros, enquanto outros morreram esfaqueados. Os corpos foram, então, dispostos em linha na saída dos prédios.
A testemunha disse que ainda não se sabe porque alguns estudantes foram mortos e outros poupados – entre os mortos, há muçulmanos e outros cristãos.
“Todo mundo está com medo”, disse o homem.
Ele acrescentou que os estudantes estão, agora, deixando a cidade, muitos com três galhos sobre os carros – um sinal habitual de neutralidade na Nigéria.
Outros moradores de Mubi afirmaram que ouviram um tiroteio por duas horas durante a noite e que os moradores da proximidade do alojamento também se tornaram alvo dos criminosos.
Com a matança, as autoridades da Nigéria impuseram um toque de recolher sem prazo de validade na cidade e ordenaram aos moradores que não saíssem de casa.
A universidade também foi fechada temporariamente.
Na semana passada, os militares nigerianos realizaram uma operação em Mubi e prenderam dezenas de pessoas suspeitas de ligação com o grupo Boko Haram.
A cidade de Mubi fica no Estado de Adamawa. A população é predominantemente cristã e muçulmana.
Adamawa faz fronteira com o Estado de Borno, onde o Boko Haram ganhou proeminência em 2009 ao liderar um levante na capital da província, Maiduguri.
O Boko Haram ainda não se pronunciou sobre o ataque em Mubi. O grupo, que luta pela imposição da lei islâmica na Nigéria, já matou mais de mil pessoas em inúmeros ataques no norte e na área central do país neste ano.
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