Além da capital Santiago, houve protestos em Concepción, Valparaíso, Viña del Mar, Antofagasta, entre outras cidades

O movimento estudantil do Chile conseguiu reunir nas ruas de Santiago nesta terça-feira (28/08) cerca de 150 mil manifestantes contra o modelo de gestão da educação pública do governo de Sebastián Piñera. A passeata encerra um agitado mês de agosto no qual alunos de ensino médio ocuparam diversos liceus da capital para exigir que o Estado não mantenha nas mãos das prefeituras a administração das escolas.

Estudantes de graduação também participaram das movimentações, exigindo do Executivo medidas estruturais capazes de reduzir os altos custos dos cursos universitários. Até agora, contudo, o governo respondeu às reivindicações apenas com medidas paliativas, elevando o número de bolsas de estudos e aumentando a oferta de linhas de crédito mais baratas.

“A marcha foi significativa pelo número de pessoas que se mobilizaram” e pelo fato de “ocorrer sem maiores alterações da ordem pública”, destacou o porta-voz do governo, Andrés Chadwick, no Palácio de La Moneda. A jornada de mobilização foi convocada pelos estudantes universitários e de ensino médio, que contaram com o apoio de professores, organizações sociais e sindicatos.

A manifestação percorreu o centro de Santiago, expondo cartazes coloridos e apresentando performances de música e dança. Ao término da passeata, grupos isolados lançaram pedras e pedaços de madeira na polícia. Os oficiais responderam com ataques de jatos de água, que acabaram dispersando também muitos manifestantes pacíficos.

Fontes policiais consultadas pela Agência Efe indicaram que ainda não há um número oficial de detidos nos confrontos. O porta-voz do governo disse que o ocorrido desta terça-feira demonstra que, se as autoridades contarem com a ajuda dos dirigentes estudantis para evitar incidentes, “é possível fazer uma mobilização tranquila”. “Esperemos que nas próximas horas continue o mesmo ambiente e que a passeata termine sem distúrbios, sem violência e sem encapuzados”, acrescentou Chadwick.

Houve também manifestações em outras cidades do País, como Concepción, Temuco, Punta Arenas, Valparaíso, Viña del Mar e Antofagasta. A vice-presidente da Federação de Estudantes do Chile, Camila Vallejo, assegurou que esta jornada de mobilização mostra a vigência das exigências estudantis e seu poder de convocação. “Hoje há uma maioria do povo que está lutando por um objetivo em comum, que é recuperar nosso direito à educação publica, gratuita e de qualidade para todos os chilenos”, disse Vallejo à imprensa local.