Líder quer abertura de novo inquérito para investigar Delta
O líder do PSDB no Senado, Alvaro Dias (PR), defendeu nesta quinta-feira a abertura de um novo inquérito pela Polícia Federal tendo como foco a atuação da Construtura Delta. De acordo com Dias, o depoimento do delegado Matheus Mela Rodrigues, que coordenou a Operação Monte Carlo, confirmou a necessidade de se investigar evidências – ainda […]
O líder do PSDB no Senado, Alvaro Dias (PR), defendeu nesta quinta-feira a abertura de um novo inquérito pela Polícia Federal tendo como foco a atuação da Construtura Delta. De acordo com Dias, o depoimento do delegado Matheus Mela Rodrigues, que coordenou a Operação Monte Carlo, confirmou a necessidade de se investigar evidências – ainda não devidamente analisadas – que indicam a participação da empresa na organização criminosa comandada pelo empresário Carlinhos Cachoeira.
“Agora é que vem a fase mais importante que exige, inclusive, na minha opinião, abertura de um novo inquérito porque os fatos fortuitos, os fatos novos revelados, inclusive com autoridades que têm foro privilegiado, não eram objetos da Operação Monte Carlo”, destacou o senador ao sair do depoimento do delegado em sessão fechada na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) mista do Cachoeira.
No depoimento, o delegado afirmou que o inquérito da Operação Monte Carlos foi enviado ao Ministério Público em março desse ano. Entretanto, de acordo com integrantes da CPI muito do material apreendido ainda não foi investigado pela polícia. O senador Randolfe Rodrigues (Psol-AP) informou que cerca de 30 malotes de documentos apreendidos quando a Operação Monte Carlo foi deflagrada estão de posse da Polícia Federal para serem analisados.
Construtora Delta
A abertura de um novo inquérito com foco na Delta foi defendida por Dias, que citou as interceptações realizadas pela Polícia Federal, durante as apurações em conversas com Cachoeira, nas quais o ex-diretor da Delta na Região Centro-Oeste, Cláudio Abreu, foi flagrado em conversas suspeitas com o empresário. O senador exige a averiguação dos contratos da empresa e a quebra de sigilo de Abreu e de Fernando Cavendish, também diretor da companhia.
Em meio a esse conjunto de suspeitas, a empresa anunciou nesta semana que está à venda, possibilidade criticada por Dias. “Esta venda cheira a imoralidade.
É preciso analisar quem é que está comprando a Delta. É quem recebeu, não há muito tempo, R$ 16 bilhões com taxas de juros privilegiadas do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico (BNDES) e Social”, acusou o senador, referindo-se à holding J&F, que controla o grupo JBS. Ontem, A J&F anunciou que assinou um acordo com a empreiteira para assumir a gestão.
Também preocupado, o deputado Onyx Lorenzzoni (DEM-RS) disse que a venda da Delta pode prejudicar a recuperação de possíveis recursos desviados do governo, caso as suspeitas contra a empresa sejam confirmadas. “Vender a Delta por quê? Ela tem R$ 4 bilhões em créditos para receber. Pode ser um bom negócio para quem for comprar. Agora, se eventualmente, o Poder Público tiver que ser ressarcido, nós vamos cobrar de quem?”, questionou o deputado.
Carlinhos Cachoeira
Acusado de comandar a exploração do jogo ilegal em Goiás, Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, foi preso na Operação Monte Carlo, da Polícia Federal, em 29 de fevereiro de 2012, oito anos após a divulgação de um vídeo em que Waldomiro Diniz, assessor do então ministro da Casa Civil, José Dirceu, lhe pedia propina. O escândalo culminou na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Bingos e na revelação do suposto esquema de pagamento de parlamentares que ficou conhecido como mensalão.
Escutas telefônicas realizadas durante a investigação da PF apontaram contatos entre Cachoeira e o senador democrata Demóstenes Torres (GO). Ele reagiu dizendo que a violação do seu sigilo telefônico não havia obedecido a critérios legais.
Nos dias seguintes, reportagens dos jornais Folha de S.Paulo e O Globo afirmaram, respectivamente, que o grupo de Cachoeira forneceu telefones antigrampos para políticos, entre eles Demóstenes, e que o senador pediu ao empresário que lhe emprestasse R$ 3 mil em despesas com táxi-aéreo. Na conversa, o democrata ainda vazou informações sobre reuniões reservadas que manteve com representantes dos três Poderes.
Pressionado, Demóstenes pediu afastamento da liderança do DEM no Senado em 27 de março. No dia seguinte, o PSOL representou contra o parlamentar no Conselho de Ética e, um dia depois, em 29 de março, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Ricardo Lewandowski autorizou a quebra de seu sigilo bancário.
O presidente do DEM, senador José Agripino Maia (RN), anunciou em 2 de abril que o partido havia decidido abrir um processo que poderia resultar na expulsão de Demóstenes, que, no dia seguinte, pediu a desfiliação da legenda, encerrando a investigação interna. Mas as denúncias só aumentaram e começaram a atingir ouros políticos, agentes públicos e empresas.
Após a publicação de suspeitas de que a construtora Delta, maior recebedora de recursos do governo federal nos últimos três anos, faça parte do esquema de Cachoeira, a empresa anunciou a demissão de um funcionário e uma auditoria. O vazamento das conversas apontam encontros de Cachoeira também com os governadores Agnelo Queiroz (PT), do Distrito Federal, e Marconi Perillo (PSDB), de Goiás. Em 19 de abril, o Congresso criou a CPI mista do Cachoeira.
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