Jornalismo do Midiamax completa 10 anos

Sócio-diretor da empresa, Carlos Eduardo Naegele conta de onde veio a ideia da instalação dos painéis na cidade, como a mídia virou jornal, os principais desafios e o futuro da imprensa eletrônica em Mato Grosso do Sul

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Sócio-diretor da empresa, Carlos Eduardo Naegele conta de onde veio a ideia da instalação dos painéis na cidade, como a mídia virou jornal, os principais desafios e o futuro da imprensa eletrônica em Mato Grosso do Sul

No ar desde o dia 16 de maio de 2002, o Midiamax News, “ O Jornal eletrônico de Mato Grosso do Sul”, completa 10 anos nesta quarta-feira (16). Para o administrador de empresas e pós-graduado em finanças pela Fundação Getúlio Vargas, Carlos Eduardo Belineti Naegele, a inovação do painel eletrônico em Campo Grande e, com isso, a democratização da informação, são as maiores conquistas.

Sócio-diretor da empresa, Carlos Eduardo Naegele conta de onde veio a ideia da instalação dos painéis na cidade, como a mídia virou jornal, os principais desafios e o futuro da imprensa eletrônica em Mato Grosso do Sul.

Midiamax: Como é encarada pela direção do jornal a liberdade de imprensa do veículo?

Naegele: Se tem uma coisa que eu aprendi nesses dez anos como cidadão é dar valor à liberdade de expressão e à liberdade de imprensa. Aliás, assegurada pela Justiça. Nós, talvez como ninguém no Estado, temos sido alvo de processos, ataques e questionamentos, por ter uma pauta isenta, independente, e manter o tema da gestão pública em evidência permanente.

Aprendi a respeitar que existe liberdade de expressão no País, assegurada pela Constituição e lá também está escrito o que ocorre quando você não a exerce bem. A liberdade de expressão está garantida no Brasil para quem faz o bom jornalismo. Eu acho que a prova dos nove são todas as absolvições nas ações que contestam as nossas notícias. A liberdade de expressão, ao mesmo tempo em que ela abre as portas para você fazer o bom jornalismo, ela a fecha se você não o fizer. Não precisa de censura nem controle de mídia, porque todas as orientações estão na Constituição.

Midiamax: Quais são os planos atuais e futuros do jornal?

Naegele: Vamos lançar o “Midiamax Dez Anos”, um conjunto de ações que incluem o novo layout na web, a ser lançado em alguns dias, os aplicativos para celular e tablet, que já estão em operação, em fase de teste. São novas ferramentas disponíveis no mercado. Com a correria diária, as pessoas estão também muitas vezes distantes de seu computador, então o Midiamax está disponível para os móveis também.

Vamos lançar também outras novidades, só não posso adiantar como vai ser, mas cada vez mais o jornal quer estar presente no dia-a- dia do sul-mato-grossense. Nossa obrigação é ir ao encontro do leitor. Foi-se o tempo de você esperar que o leitor venha até você. Todos nossos novos canais de acesso terão espaço também para os anunciantes.

Hoje somos trend no Twitter de Mato Grosso do Sul, nos aproximamos de dez mil seguidores, estamos também com participação extraordinária no Facebook, nossos leitores estão cada vez mais liderando compartilhamentos de links. O Midiamax está em todos os modelos. Estamos entregando para a população de Campo Grande, no centro da cidade, para as pessoas que trabalham no comércio, que fazem compras, que vêm dos bairros, quem vai ao lazer nos sábados, um equipamento de última geração, o Painel localizado na esquina da avenida Afonso Pena com a rua 13 de maio.

Midiamax: Como surgiu a ideia de jornal online nas ruas de Campo Grande?

Naegele: Abri a empresa para explorar venda de espaços publicitários em painéis eletrônicos em 1999, o que já era uma realidade nos Estados Unidos e ganhava força em São Paulo. A rua já era a grande vitrine da sociedade e Campo Grande ainda não se inseria nesse contexto.

Rapidamente observei que o painel era um veículo de comunicação que estabelecia muita interatividade com a população. Com esse conhecimento fomos em busca de conteúdo para alimentar nossa programação e a notícia atendia demanda da população por informação ágil.

Então, a partir deste instante, eu percebi que precisava cuidar da produção da notícia, precisava responder por ela, até porque juridicamente precisava ter um respaldo  – como um veículo de comunicação para exibir publicidade pode estar transmitindo notícia?

Midiamax: E como esta ideia evoluiu?

Naegele: Comecei a cogitar ter aqui o que seria o embrião de uma redação, um jornalista, um profissional da imprensa que pudesse selecionar a notícia que deveríamos veicular no painel. Primeiro ponto que eu enxerguei é que não poderia ficar “refém” de outro veículo, deixar que algum outro veículo me indicasse notícias, em função de uma negociação comercial. Do embrião de ter um repórter para cuidar do que eu ia colocar no painel nasceu o desejo de ter uma redação para cuidar do noticiário daqui de Campo Grande, para que pudéssemos abastecer o painel com velocidade, com notícias do tempo, de trânsito, polícia, saúde, etc

Inauguramos o painel em 2000, com a transmissão de notícias.  Entre o final de 2000 e o início de 2001, comecei a notar que o repórter passava a captar muita notícia na internet e eu perguntava: “Mas onde ele está pegando esta notícia que não está nos jornais impressos?”.

Julho de 2001 foi um marco. Cogitei a abertura de um jornal impresso. Mas fui em busca de informações sobre as perspectivas do jornalismo na internet. Após análises de retorno do capital e avaliação do mercado da imprensa em MS, considerando a distribuição da população, a decisão pela internet foi estritamente econômica. A perspectiva era de que a internet seria muito forte na comunicação entre as pessoas, em informação e comércio, como realmente ocorreu.

Rapidamente, idealizei o Jornal eletrônico de Mato Grosso do Sul. Vislumbrei que poderíamos, através da internet e com as apostas que a venda de computadores e acesso a web explodiriam, atingir toda a população de Mato Grosso do Sul. E em 16 de maio de 2002, colocamos no ar o Midiamax.

Midiamax: Como surgiu o nome?

Naegele: O nome surgiu de uma ideia de que seria mídia mais a notícia. Para não ficar Midiamais,  “Midiamax”, internet e painel, ambas em ambiente eletrônico. E o “news” para contemplar o jornal. A partir daquele instante os painéis passaram a pertencer a uma empresa jornalística e não de publicidade. Hoje, esta concepção está respaldada em decisões do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul e nos assegura a liberdade de informação e de expressão nos painéis tanto quanto a temos na web. Juridicamente, hoje em MS o painel é visto como uma tela de computador na rua.

Midiamax: Por ser pioneiro, quais eram as dificuldades e incertezas da época e o que se consolidou das suas aspirações?

Naegele: Tudo o que a gente imaginava na época aconteceu com muito mais intensidade. A notícia no painel sendo nossa reforçou o canal. Publicar a notícia no painel amplia a visibilidade, chama para a internet. O painel, tenho certeza, é um grande diferencial de divulgação da nossa notícia na rua. É um atributo. Uma das grandes contribuições que o Midiamax pode dar é que na rua você democratiza a informação. A internet está disseminada agora com o avanço das classes C, D e E, mais as escolas e universidades. A internet hoje chega a dois terços dos lares brasileiros.

Midiamax: Quais foram e são os principais desafios do Midiamax?

Naegele: A população tem sede de notícia e menos tempo para procurá-la, então nós temos que ir ao alcance, temos que levar. Na rua, distribuímos notícias para pelo menos 200 mil pessoas que passam em frente aos nossos painéis todos os dias. Nós chegamos aos dez anos oferecendo para o mercado publicitário dinamismo e publicidade. O varejo tem pressa e tem data. Foi-se o tempo de você vender uma mídia por seis meses, não interessa. Hoje é feirão de automóveis, é o dia da oferta. É um modelo consolidado para o mundo atual. Nós temos espaços valorizados para o anunciante porque oferecemos audiência com notícia de qualidade e de credibilidade, tanto na internet como no painel.

Tivemos muitos momentos de furos e divulgação de reportagens de extrema relevância.  A maior virtude e conquista foi ter consolidado que existe liberdade de imprensa para quem pratica o jornalismo sério, independente do poder, da força de quem está do outro lado. Eu recebo com muita tranqüilidade qualquer questionamento. Acho que só não aceita questionamento quem deve alguma coisa.

A maior dificuldade que enfrentamos foi vencer um jogo rasteiro, baixo, sórdido, que se consumou com o roubo dos nossos domínios em 2010. Eu acho que aquela foi uma atitude desesperada, desqualificada e que mancha a história da liberdade em Mato Grosso do Sul. Ficamos fora do ar, por completo, por cinco dias. A investigação está entregue à polícia.

Mas, como toda crise é oportunidade, por causa daquilo transmitimos o nosso noticiário pelo Twitter. Fomos, eu acho, o primeiro no mundo a transmitir nossas notícias via rede social enquanto estávamos fora do ar na web. Ficamos cinco dias para recuperar o Midiamax.com, e o Midiamax.com.br três ou quatro meses. O prejuízo foi grande, pois 70% da nossa audiência acessava o .com. Foi um golpe baixo. Tivemos êxito, graças a Deus, resultado de grande esforço técnico, jurídico e a um cochilo daquele que planejou o roubo.

Saímos fortalecidos, foi um momento de prova da empresa. Naquele instante percebi qual era o tamanho do Midiamax, tal a enxurrada de mensagens, telefonemas e as redes sociais perguntando por nós, como se o mundo torcesse ao nosso favor. Dali tiramos uma energia, não só eu mas todos os jornlaistas, funcionários e colaboradores. Vencido esse teste de resistência, superado aquele momento, não há nada que possa nos amedrontar. Não há nenhum desafio que nós não possamos vencer.

Midiamax: Qual sua visão atual do jornalismo e o qual foi a mudança que o Midiamax trouxe para Mato Grosso do Sul?

Naegele: Nestes dez anos, tivemos muitos desafios. Todo dia tem gente adotando a versão web como fonte de intormação. Já era o tempo em que as pessoas liam um, dois, três jornais por dia. Hoje você tem cada vez mais gente se abastecendo de notícia só na internet.

Isso exige estrutura maior do que um jornal impresso e semelhante a um canal de TV, porque além de ter que executar todos os requisitos do jornalismo, que são apurar a notícia, ouvir as fontes, produzir a matéria, editar, há a velocidade contra você.  O grande beneficiário de tudo isso, além do leitor, é o profissional do jornalismo. Nesse periódo, em Mato Grosso do Sul, quantos jornalistas trabalham exclusivamente para veículos da web? Seguramente o profissional de jornalismo qualificado tem uma remuneração bem superior a 2002.

Tenho consciência do alcance do Midiamax e de que a interne popularizou e ampliou a massa crítica de leitores. E isso redobra nossa responsabilidade. Cumprimos a nossa função de informar, que é apurar os fatos, esmiuçar a realidade e denunciar os malfeitos. Todo mundo precisa e quer informação. Uma empresa de jornalismo vive de credibilidade e ela se conquista a cada momento, a cada fato, em cada instante da história. Tenho consciência que trabalhamos em sintonia crescente com milhares de cidadãos sul-mato-grossenses.

Não posso deixar de fora que ter chegado até aqui não é trabalho de um só. No primeiro dia estava aqui, como editor, o Hudson Corrêa, que hoje trabalha na Folha de São Paulo. Inúmeros profissionais vestiram a camisa, deram o sangue ao passar por aqui. Tenho muito a agradecer a todos os colunistas, blogueiros, correspondentes, toda a comunidade que envolve o nosso time.

Quanta coisa aconteceu no Brasil e em Mato Grosso do Sul nesses dez anos por causa da imprensa. Quantas mudanças ocorreram na nossa sociedade com o trabalho jornalístico. Fomos protagonistas na cobertura de vários períodos eleitorais, Operação Uragano, um deputado Estadual, como Ary Rigo, não se reelegeu, após a divulgação, em primeira-mão pelo Midiamax, do vídeo gravado pelo ex-secretário de Dourados, Eleandro Passaia. 

A imprensa está fazendo a sua parte e nós aqui estamos lutando bastante para fazer a nossa. Está aí a Lei da Transparência, a Ficha Limpa, combate a corrupção, as denúncias de desvio de recursos na saúde, a igualdade de direitos. A entrada em vigor, hoje, da Lei de Acesso a Informação, cai como um presente por essa década de trabalho.

A informação é decisiva para a população. Este é o nosso caminho, esta é a nossa marca, é isso que nós sabemos fazer. Jornal diferente do que nós fazemos não dá, nossa vocação é essa.

Chegar aos 10 anos de jornalismo podendo ver que esse sonho e o que a gente imaginava se concretizou de uma forma muito mais rápida e sólida é uma conquista, resultado de muito esforço e coragem, mérito de toda a equipe atual e passada.

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