A seleção da Itália entrará em campo nesta segunda-feira em Poznán com a obrigação de derrotar a Irlanda para chegar às quartas de final da Eurocopa-2012, e espera não ser vítima de um ‘acordo’ entre Espanha e Croácia, que podem obter a vaga com um empate por dois gols ou mais, em Gdansk.

Esta preocupação se justifica pelo fato da ‘Squadra Azzura’ ter sido eliminada em circunstâncias semelhantes na Eurocopa-2004, em Portugal.

Na ocasião, os italianos derrotaram a Bulgária por 2 a 1, com um gol de Cassano nos acréscimos, mas ficaram de fora após o empate por 2 a 2 entre Dinamarca e Suécia, embora nenhuma suspeita tenha sido levantada sobre um possível ‘acordo’ entre as duas seleções da Escandinávia.

No entanto, antes daquela partida alguns torcedores exibiam faixas pedindo o empate com a menção “2 a 2 e os ‘macaroni’ estão fora”.

Desta vez, a Itália está numa situação parecida à de 2004, com dois pontos ganhos após ter empatado as duas primeiras partidas por 1 a 1, contra Espanha e Croácia.

Já a atual campeã mundial e europeia Espanha lidera a chave C com quatro pontos, superando apenas pelo critério de gols a Croácia (+4 contra +2), por ter goleado a Irlanda por 4 a 0 enquanto os croatas derrotaram os irlandeses por ‘apenas’ 3 a 1.

Se a Itália vencer e a Espanha empatar com a Croácia, as três equipes ficarão com os mesmos cinco pontos.

Pelo fato das três terem empatado entre si, o confronto direto não entraria em jogo, e o critério utilizado seria o maior número de gols marcados nestes jogos particulares, por isso a importância de espanhóis e croatas empatarem com dois gols ou mais para superar os italianos.

Mesmo sabendo que ambos podem se classificar desta forma, os treinadores de Espanha e Croácia garantem que vão buscar a vitória e estão indignados com as suspeitas de ‘acordo’.

“Não insultem o meu país, minha equipe ou minha pessoa com este tipo de boato. Não há a menor possibilidade de isso acontecer”, disse o técnico croata Slaven Bilic.

“Os italianos podem ficar despreocupados. Esta ideia de pacto com o espanhóis é uma bobagem, isso faz mal ao futebol”, declarou o meia Luka Modric, responsável pela armação da maioria das jogadas ofensivas da Croácia.

O treinador espanhol, Vicente del Bosque, também explicou que não irá jogar pelo empate. “As duas equipes vão tentar ganhar. Só a vitória interessa, nada mais. Somos competidores e queremos ganhar, não buscar o 2 a 2”, afirmou.

A Espanha quer a vitória para terminar na liderança da chave, e deve voltar a escalar o atacante Fernando Torres, que marcou dois gols contra a Irlanda.

Já a Croácia deve apostar no entrosamento da sua dupla ofensiva formada por Mario Mandzukic, autor de três gols desde o início da competição, e Nikica Jelavic. O brasileiro naturalizado croata Eduardo da Silva pode entrar no segundo tempo, como aconteceu nos primeiros jogos.

“Vamos vencer esta partida. Precisamos dos três pontos da vitória, pode até ser que um empate acabe sendo suficiente, mas veremos isso depois”, explicou Jelavic.

O outro jogo terá um sabor especial para Giovanni Trapattoni, técnico italiano da seleção da Irlanda, que vai enfrentar a equipe do seu país.

Os italianos respeitam muito a seleção comandada pelo compatriota ‘Trap’ e lembram que antes de se preocupar com um possível empate por 2 a 2 no outro jogo, a ‘Squadra Azzurra’ precisa fazer seu dever de casa e derrotar os irlandeses.

Mesmo assim, a palavra mais usada pela imprensa italiana tem sido, ‘biscotto’, termo que surgiu quando foram observados os primeiros casos de doping no hipismo, referindo-se ao fato que os cavalos ganhavam ‘biscoitos’ para aumentar seu desempenho, e depois passou a ser utilizado para definir um acordo entre dois adversários para prejudicar um terceiro.

“Mamma mia… Todo mundo fica falando em ‘biscotto’, sem parar, isso é uma falta de respeito. Até parece que já ganhamos da Irlanda”, se irritou o goleiro italiano Gianluigi Buffon.

O atacante irlandês Robbie Keane já avisou que apesar de estar eliminada por ter sofrido duas derrotas nos primeiros jogos, sua equipe iria fazer de tudo para “não voltar de mãos vazias”.