Irã ignora pedidos internacionais e não deterá enriquecimento de urânio

O Irã rejeitou neste domingo abandonar o enriquecimento de urânio a 20%, exigido pelas grandes potências mundiais para resolver a crise provocada pelo programa nuclear iraniano. “Não há razão para ceder no enriquecimento a 20%, porque produzimos combustível a 20% para as nossas necessidades, nem mais, nem menos”, afirmou Fereidoun Abbasi, chefe do programa nuclear […]

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O Irã rejeitou neste domingo abandonar o enriquecimento de urânio a 20%, exigido pelas grandes potências mundiais para resolver a crise provocada pelo programa nuclear iraniano. “Não há razão para ceder no enriquecimento a 20%, porque produzimos combustível a 20% para as nossas necessidades, nem mais, nem menos”, afirmou Fereidoun Abbasi, chefe do programa nuclear iraniano.
O enriquecimento de urânio a 20% deixa inquieta a comunidade internacional em relação à real finalidade do programa nuclear iraniano, que, segundo Teerã, é estritamente pacífico. Por sua vez, as potências ocidentais suspeitam que há um objetivo militar que visa dotar o país de uma bomba atômica.
Enriquecido a 5%, o urânio serve de combustível para as centrais nucleares. A 20%, alimenta os reatores de pesquisa. Mas acima de 90% pode servir para fabricar uma boma atômica.
Abbassi lembrou que o Irã havia começado em 2010 a enriquecer urânio a 20% para produzir combustível para seu reator de pesquisas nucleares de Teerã, depois do fracasso das negociações com as grandes potências sobre a entrega desse combustível em troca de uma parte das reservas de urânio fracamente enriquecidos. “Precisamos controlar todo o ciclo do combustível de urânio”, explicou Abbassi.
As potências do grupo 5+1 – EUA, Rússia, China, França, Reino Unido e Alemanha – exigiram nesta semana do Irã, em negociações travadas em Bagdá, que não enriquecesse urânio para além de 5%, e tranferisse para fora do país suas reservas atuais de cerca de 100 kg de urânio a 20%.
Essa medida é um dos principais gestos pedidos ao Irã para dissipar dúvidas sobre seu programa nuclear, condenado por seis resoluções do Conselho de Segurança da ONU, quatro delas com sanções.
Teerã sempre afirmou que seu direito de enriquecer urânio no âmbito do Tratado de Não Proliferação Nuclear (TNP) era um assunto de soberania “não negociável”.
Além disso, o chefe do programa nuclear iraniano se referiu neste domingo à possibilidade de que Teerã comece a exportar urânio a 20%, uma ameaça que não é nova, mas que aparece como uma provocação no contexto atual.
Esse endurecimento da posição do Irã ocorre pouco depois de a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) anunciar na sexta-feira a descoberta de restos de urânio enriquecido a 27% na usina nuclear subterrânea de Fordo, ao sul de Teerã.
O Irã se referiu a um problema técnico, uma explicação plausível, segundo especialistas ocidentais, embora a AIEA tenha pedido informações adicionais. Por sua vez, neste mesmo domingo a República Islâmica anunciou que construirá uma nova central na cidade de Bushehr, no sul, no início de 2014.
“O Irã construirá uma usina nuclear de 1.000 megawatts em Bushehr no próximo ano”, disse Abbassi, citado pela televisão estatal. A central será erguida em Bushehr ao lado da atual central construída pela Rússia.
Abbassi não informou se a nova central também contará com a cooperação da Rússia. A televisão estatal fez o anúncio poucos dias depois das negociações da última quarta-feira em Bagdá entre o Irã e as grandes potências. Essas negociações refletiram as notáveis divergências entre ambas as partes, que, no entanto, concordaram em realizar uma nova rodada de negociações em Moscou nos dias 18 e 19 de junho.
Complexo de Parchin
A mídia do Irã informou neste domingo que a AIEA ainda não apresentou boas razões para visitar uma instalação iraniana onde existem suspeitas de que possam estar sendo desenvolvidas armas nucleares.
O complexo de Parchin está no centro das suspeitas das potências contra o Irã. Um relatório da agência da ONU divulgado na semana passada afirmou que imagens de satélite mostraram “atividades extensas” em Parchin.
Abassi recusou acesso ao complexo, situado a sudeste de Teerã, dizendo que se trata de uma instalação militar. “As razões e documentos ainda não foram apresentados pela agência para nos convencer a dar permissão a essa visita”, disse.

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