Primeiro 54 dos 76 deputados do PMDB levaram ao vice-presidente Michel Temer um manifesto criticando a atuação do Executivo em favor do PT e reclamando do tratamento dado aos demais aliados, agora, a insatisfação se espalhou até entre os petistas. “A presidente Dilma precisa ter um cuidado maior com a política e não só com a gestão”, alertou o deputado federal Antônio Carlos (PT).

Ele reclamou da falta de atenção dada pela presidente ao Congresso. “Ministros são trocados e a gente fica sabendo pela imprensa”, se queixou. Segundo Biffi, também incomoda o fato de o Planalto atrasar a liberação de recursos. “Tem emenda de 2009 e 2010 que ainda não foi paga”, contou. “Isso acaba criando uma insatisfação entre a base e até dentro do PT”, acrescentou.

Panos quentes

Mais cauteloso, o deputado federal Vander Loubet (PT) amenizou os impactos da crise. “O governo está consciente do descontentamento e irá negociar”, disse. Ele deu ainda mais detalhes dos motivos da insatisfação da base de sustentação com o Planalto. “O PR e o viram ministros cair e não recuperaram os cargos”, comentou. “Também há pressão para ocorrerem nomeações de importantes estatais”, emendou.

Ainda segundo Vander, os parlamentares não gostaram nenhum pouco do corte de R$ 50 bilhões no orçamento federal. “Em ano eleitoral, tudo isso se agrava”, ponderou. “Por isso, essa queda de braço do governo com o Congresso”, explicou. O deputado, porém, não vê chances de o impasse se resolver mediante pressão. “A presidente não gosta disso”, frisou.

Rebeldia provada

Ontem (7) à noite, a base de apoio da presidente Dilma Rousseff no Senado expressou a insatisfação que vinha sendo verbalizada por deputados e senadores, ao impor uma derrota emblemática ao governo com a rejeição da recondução de Bernardo Figueiredo à direção-geral da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT).

Figueiredo, rejeitado por 36 dos 67 senadores que votaram, é um técnico da confiança de Dilma. A derrota não foi recheada de simbolismos apenas pelo perfil do indicado, mas também pela maioria esmagadora que o governo detém na Casa. Juntos, os senadores de partidos de oposição (DEM, PSDB e PSOL) somam apenas 16 votos e mesmo que todos estivessem em plenário não seria possível impor uma derrota à presidente.