Indígenas querem assumir coordenação da Funai Dourados

Indígenas estão se articulando para colocar um patrício na coordenação da Fundação Nacional do Índio (Funai), regional de Dourados. Responsável por atender aldeias indígenas do centro-sul do Estado, a Funai de Dourados pode ganhar um novo administrador até o início do ano que vem. A regional nunca teve um indígena na liderança. Mobilizados, grupo de […]

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Indígenas estão se articulando para colocar um patrício na coordenação da Fundação Nacional do Índio (Funai), regional de Dourados. Responsável por atender aldeias indígenas do centro-sul do Estado, a Funai de Dourados pode ganhar um novo administrador até o início do ano que vem. A regional nunca teve um indígena na liderança.

Mobilizados, grupo de lideranças indígenas das aldeias Jaguapiru e Bororó de Dourados estão em contato com líderes de reservas de outros municípios. A ideia é promover uma Aty Guassu (grande reunião) até o mês que vem para chegar a um consenso e indicar um nome para a Funai em Brasília.
As lideranças, Lucas Paiva, Chatali Benites, Renato de Souza e Dores Ajala vão montar uma comissão para ir a Brasília. “Queremos a garantia da presidente da Funai [Marta Maria Azevedo] de que desta vez teremos um índio na nossa coordenação”, disse Renato de Souza. Em 2009, eles foram até a capital federal, tiveram uma espécie de garantia do antigo presidente, porém dias depois foi nomeado uma coordenadora não-indígena. Na época, houve vários protestos defronte a sede da Funai em Dourados, que ficou fechada por vários dias.
A presença de um índio na regional de Dourados é apontada pelas lideranças como uma forma democrática de administração. “Você vai lá na Funai e não vê um índio, só tem branco trabalhando. Precisamos de pessoas como a gente para nos atender. Queremos pessoas que realmente conhecem nossa realidade”, disse Lucas Paiva.
Insumos
Problemas não faltam na Reserva Indígena de Dourados. Uma das grandes dificuldades, no momento, é a falta de trator para preparar a terra. As lideranças questionam a falta de apoio da Funai.
“Eles têm quatro máquinas, mas só uma lá no pátio da entidade, e ainda quebrada”, disse Renato de Souza. Sem trator, as terras estão paradas e os indígenas que vivem da agricultura familiar não sabem quando irão cultivar novos alimentos. “Tem muita gente que vendeu sua produção a programas do governo, já se passaram meses e até agora não receberam”, denuncia Renato, alertando que os indígenas não são assistidos da forma que deveriam.
Outro grave problema, de acordo com as lideranças, está relacionada à distribuição das cestas básicas. O atraso da entrega de alimentos é frequente. “Tem muitas famílias que só vivem da cesta e passam fome por conta do atraso. Não vai demorar muito e a desnutrição voltará a assombrar a nossa comunidade”, alerta Lucas Paiva.
A reportagem procurou a coordenadora da Funai, Maria Aparecida Mendes de Oliveira, para falar sobre das denúncias. Está de viagem e sua assessoria informou que ela só retornará semana que vem.

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