Homem que teve filhos biológicos assassinados pelo adotivo lembra que foi alertado sobre riscos

Pais de jovens assassinados não sabem o que motivou o filho adotivo a cometer o duplo homicídio. Mesmo assim, mãe revelou para amiga próxima que o perdoa. Já o pai, relembrou que quando o adotou colega de trabalho o chamou de “corajoso”. Na foto, o casal entra em veículo que os levou para cortejo até cemitério.

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Pais de jovens assassinados não sabem o que motivou o filho adotivo a cometer o duplo homicídio. Mesmo assim, mãe revelou para amiga próxima que o perdoa. Já o pai, relembrou que quando o adotou colega de trabalho o chamou de “corajoso”. Na foto, o casal entra em veículo que os levou para cortejo até cemitério.

“Ontem à noite o Paulo sentado no sofá da casa dele disse: É você me avisou a 16 anos que poderia acontecer algo errado”. A declaração é da investigadora Fábia, que por vários anos trabalhou com o policial civil Paulo Vilar, que é o pai de Rodrigo e Walquíria Vilar que foram mortos pelo irmão adotivo, um adolescente de 16 anos. A mãe Sônia revelou para amigos próximos que perdoa o filho que está sob custódia na Unidade de Educacional de Internação (Unei) localizada no bairro Los Angeles.

Segundo a investigadora, a fala de Paulo foi porque logo que ele e a esposa Sônia adotaram o adolescente, que na época tinha poucos dias de vida, ela disse que ele era um homem de muita coragem e que ela não adotaria uma criança de alguém que pouco conhecia, pois não sabia do futuro, do que esta criança já grande poderia fazer contra ele ou familiar.

Fábia revelou que ontem à noite só estava na casa o casal. Ela e a policial Maria Campos, também ex-colega de trabalho de Paulo, foram até a residência onde a tragédia familiar aconteceu para oferecer conforto. “Os dois até agora não sabem por que tudo isto aconteceu”, diz.

A policial Maria Campos disse que tinha bastante proximidade com a família. “Este menino (o adolescente que cometeu o duplo homicídio) era tratado como filho legítimo. Os pais não faziam distinção porque ele era adotivo, aliás, ele tinha era muito mais atenção que os outros dois. Ele tinha todo um conforto nesta família”, revela.

Na tarde deste domingo, os dois irmãos foram sepultados em um cemitério próximo ao bairro que moravam, o Moreninha. Mais de 500 pessoas passaram pelo velório que foi marcado por muita comoção e a pergunta que amigos e familiares tem até agora: por que o adolescente cometeu o crime.

De acordo com a tia materna do adolescente, Élida Barbosa Amaral, o adolescente foi adotado ainda na barriga da mãe, que era uma conhecida de Sônia. Com poucos dias ele veio morar com os Vilar que tinham perdido um membro da família, um menino de sete anos, em um acidente. “Foi meio que pra suprir aquela dor que os dois estavam sentindo. Agora acontece isto”, diz.

Os irmãos Rodrigo e Walquíria foram velados a pouco menos de 100 metros do local onde o irmão de sete anos morreu há 16 anos atropelado por um caminhão, na Rua Ipamirim, no bairro Moreninha 2. A namora de Rodrigo, identificada como Daniele, estava inconformada e se posicionou entre os dois carros de funerária que fizeram a retirada dos corpos para levar até o cemitério. Chorando muito, era amparada por familiares e amigos.

Perdão

Embora sem saber ainda o motivo que levou o adolescente a assassinar os irmãos, a mãe Sônia disse que o perdoa. “Ela me disse que perdoa ele porque tem certeza que seus filhos (Rodrigo e Walquíria) o perdoariam. Ela disse que não quer que ninguém o machuque e que ninguém bata nele por isto”, finalizou a policial Maria Campos.

Apreensão

O adolescente ligou no final da manhã avisando onde estava. A madrinha foi ao local e em seguida ele foi conduzido para a sede da Garras e depois levado para a Unei Novo Caminho. O caso deve ficar com as Delegacia Especializada de Atendimento a Infância e a Juventude (Deaij), que cuida de casos envolvendo adolescentes infratores.

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