Hackers derrubam site da ONU de encontro sobre futuro da web
O site da Conferência Mundial de Telecomunicações Internacional (WCIT, na sigla em inglês) ficou quase duas horas fora do ar nesta quinta-feira, segundo a BBC. O encontro vai atualizar o tratado da União Internacional de Telecomunicações (UTI) da ONU, a quem, segundo rumores, pretende-se entregar o controle da estrutura da internet, em vez de, como […]
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O site da Conferência Mundial de Telecomunicações Internacional (WCIT, na sigla em inglês) ficou quase duas horas fora do ar nesta quinta-feira, segundo a BBC. O encontro vai atualizar o tratado da União Internacional de Telecomunicações (UTI) da ONU, a quem, segundo rumores, pretende-se entregar o controle da estrutura da internet, em vez de, como é hoje, deixar nas mãos de empresas majoritariamente americanas.
Segundo a ITU, hackers assumiram a autoria do ataque ao site, onde estavam disponíveis materiais que os delegados de 193 países usariam para o debate sobre o futuro da web. A União diz que os representantes ficaram “frustrados” com a interrupção, mas que um “clima de camaradem prevaleceu” e os que ainda tinham acesso às versões online dos textos “compartilharam (o conteúdo) com outros delegados para que as discussões continuassem”.
“É irônico que as mesmas pessoas que dizem estar lutando pela liberdade na internet estejam impedindo os outros ao redor do mundo de acompanharem o evento (WCIT) online”, criticou o secretário-geral da ITU, Hamadoun Toure. “Eles acham que existe uma regra para eles e outra para todos os outros?”, disparou.
A derrubada da página seria, além de um protesto contra a proposta de dar à ONU o controle da internet, uma retaliação à aprovação, no mês passado, de um novo padrão de empacotamento que permitirá aos provedores “espionar” o tráfego dos usuários. O DPI, sigla de inspeção profunda de pacotes, ainda não teve os detalhes revelados, mas segundo especialistas permitiria, inclusive, desencriptar conversas de mensageiros instantâneos, por exemplo.
O Centro pela Democracia e Tecnologia divulgou nota contra a adoção do DPI, afirmando que a tecnologia “poderia dar a governos e companhias a habilidade de bisbilhotar todo o tráfego de um usuário de internet – incluindo e-mails, transações bancárias e ligações de voz – sem as salvaguardas de privacidade adequadas”. Segundo o CNET, um padrão semelhante teria sido sugerido pela China em 2008 para permitir localizar a fonte de um determinado pacote de dados, o que essencialmente acabaria com o anonimato na web.
O governo dos Estados Unidos manifestou-se sobre o assunto afirmando que o uso do DPI era uma iniciativa de empresas privadas – em especial operadoras de telefonia, para medir a quantidade de chamadas que caem ou são bloqueadas -, e que enquanto governo não usaria a tecnologia para monitorar cidadãos americanos, pois considera o ato “uma invasão de privacidade”.
Sobre o ataque hacker ao site da conferência, o embaixador dos EUA no evento, Terry Kramer, demonstrou preocupação. “Tem havido um grande foco em transparência nesta conferência, a ITU transmite as discussões na plenária principal via webcasting, postou as propostas no site¿, destacou. “Tirar o site cria uma impressão de que não há transparência”, finalizou.
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