Milhares de pessoas protestaram contra a energia nuclear em frente ao Parlamento do Japão neste domingo, no mesmo dia em que um defensor do uso de energia renovável em substituição à nuclear depois do desastre de Fukushima foi derrotado em uma eleição local.

Os manifestantes, incluindo aposentados, pressionaram uma cerca de aço levantada ao redor do prédio do Parlamento gritando “não precisamos de energia nuclear” e outras frases.

Na principal avenida que levava à assembleia, a multidão rompeu as barreiras e se espalhou pelas ruas, obrigando a polícia a chamar reforços e usar ônibus blindados para reforçar o principal portão do Parlamento.

O protesto aconteceu quando resultados de Yamaguchi mostraram que Tetsunari Iida, um defensor da energia renovável em substituição à nuclear, perdeu o cargo de governador para um rival apoiado pelo Partido Liberal Democrático (LDP, na sigla em inglês), da oposição, que promoveu a energia nuclear durante as décadas em que permaneceu no poder, informou a agência de notícias Kyodo, citando pesquisas de boca de urna.

Iida, que defende que o Japão abandone a energia nuclear até 2020, prometera revitalizar a economia de Yamaguchi com projetos de energia renovável e se opunha a um projeto da Chubu Electric Power de construir uma nova usina nuclear na cidade de Kaminoseki.

A política energética tornou-se uma grande dor de cabeça para o primeiro-ministro, Yoshihiko Noda, que com menos de um ano no cargo luta para manter unido seu Partido Democrático antes de uma eleição geral no ano que vem, que pode ser antecipada.

Parte da multidão passou pela sede da Tokyo Electric Power, a empresa no centro da pior crise nuclear desde o desastre de Chernobyl em 1986.

“Estamos aqui para nos opor à energia nuclear, que é simplesmente perigosa demais”, disse Hiroko Yamada, uma idosa do município de Saitama, perto de Tóquio.

Uma vitória de virada de Iida, de 53 anos, teria aumentado as preocupações de Noda, já que o governo tenta decidir sobre uma pasta energética para substituir um programa de 2010 que teria aumentado a participação da energia nuclear no fornecimento de eletricidade em mais da metade até 2030.

Noda, que aprovou a reativação de dois reatores ociosos este mês, disse que decidiria sobre um novo plano energético de médio prazo em agosto, embora informações da mídia no final de semana tenham indicado que a decisão pode ser adiada.