A saúde em Dourados pode estar entrando em colapso. Como se não bastasse o clima de insatisfação dos médicos que atendem no Hospital da Vida, agora são os técnicos administrativos do Hospital Universitário (HU). Nesta segunda-feira (11) de manhã, durante assembleia a categoria decidiu entrar em greve.

Parte deles já suspende o atendimento a partir de sexta-feira por tempo indeterminado. A partir daí o esvaziamento de funcionários no HU deverá ser gradativa. 30% dos profissionais deverão continuar no trabalho para desempenhar os serviços essenciais, determinado pela justiça.

A categoria de técnico administrativo envolve desde os cargos mais simples como auxiliar de limpeza até médicos. Hoje são cerca de 900 profissionais que integram o quadro de servidores da Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD), mantenedora do HU.

Somente no HU são cerca de 500 servidores. Ainda nesta semana a direção do comando de greve, formada ontem, irá se reunir com o diretor do HU, Wedson Desidério, e com o reitor da UFGD, Damião Duque de Farias. Em pauta vão discutir quais os serviços que serão paralisados a partir de sexta-feira.

Douglas Silva, auxiliar de enfermagem do HU e integrante do movimento grevista diz que os servidores farão o possível para não prejudicar a população. “Os serviços essenciais serão mantidos, como a maternidade. Tudo isso só vamos definir durante em reunião com a direção do HU”, disse ele.

Assim como ocorreu em anos anteriores a greve dos servidores deverá atingir em cheio o atendimento especializado, oferecido somente no HU. O hospital é responsável por atender Dourados e 34 municípios da região. As cirurgias eletivas também devem ser afetadas. Pacientes com procedimentos agendados correm grande risco de ter o procedimento cancelado e sem prazo para ser remarcado.

PROFESSORES

Na universidade a greve já atinge os professores, que estão paralisados há menos quinze dias. As aulas estão suspensas. O movimento grevista é nacional e atinge quase todas as universidades federais do país e os hospitais universitários mantidos por elas. A queda de braço dos servidores é contra o governo federal, por reajuste salarial, reposicionamento dos aposentados, isonomia salarial, entre outros.

HV

Ontem o diretor clínico do Hospital da Vida, o pediatra Antonio Arruda, disse que a situação é insustentável. Segundo ele, a paralisação do corpo clínico nos dias 5 e 6 deste mês não intimidou os gestores da saúde. “Eles não nos deram resposta. Estamos lidando com a vida das pessoas e não podemos mais continuar nesse estado de calamidade, sem infraestrutura”, disse o pediatra.

Como forma de bater o martelo e dar um ponto final à crise do Hospital da Vida ele disse que semana que vem o corpo clínico do HV irá se reunir com os gestores da saúde, que tem o Hospital Evangélico como administrador e a prefeitura de Dourados uma das mantenedoras. “Ainda não há uma data específica mas provavelmente deverá ser dia 21 ou 22. Se eles não apresentarem nenhuma proposta de melhoria à saúde haverá demissão em massa”, avisou Antonio Arruda.

O principal problema do HV é o déficit. Faltam recursos para atender a demanda de pacientes de Dourados e cidades vizinhas. Na região sul do estado, com cerca de 600 mil habitantes, o HV é a unidade de urgência e emergência referência de pacientes que dependem do Sistema Único de Saúde (SUS), assim como o Hospital Universitário.