O governo federal pediu prazo até 8 de agosto para apresentar uma resposta às reivindicações dos caminhoneiros autônomos, mas condicionou as negociações ao fim do bloqueio de rodovias que foi iniciado na semana passada em vários pontos do País. A informação é do presidente da Confederação Nacional dos Transportadores Autônomos (CNTA), Diumar Costa, que reuniu-se nesta terça-feira com o ministro dos Transportes, Paulo Sérgio Passos.

A CNTA é contra a greve dos caminhoneiros, organizada por outro sindicato, o Movimento União Brasil Caminhoneiros (MUBC). Os representantes da CNTA afirmam que há interesses patronais por trás da paralisação.

De acordo com o presidente da CNTA, o governo entende que o bloqueio das estradas tem que ser suspenso inclusive por representar perigo para os motoristas de caminhão e a população em geral. O ministro Paulo Sérgio Passos começou uma reunião com representantes do MUBC logo após falar com o CNTA. O encontro ainda não havia terminado até o fechamento desta matéria.

“A posição do governo é que há necessidade de desocupação das estradas, porque já houve morte”, declarou o presidente da CNTA. Segundo ele, foram registradas três mortes de caminhoneiros desde o início dos protestos. Duas mortes foram por atropelamento e uma causada por uma pedrada contra um caminhão, que acabou atingindo o motorista.

Os representantes da CNTA e da MUBC têm pelo menos uma reivindicação em comum. As duas entidades querem maior prazo para a implementação da Lei n° 12.619. A legislação que entrou em vigor ontem, determina que haja descanso ininterrupto de 11 horas a cada dois dias trabalhados para motoristas de caminhão. Os dois sindicatos argumentam, no entanto, que as rodovias brasileiras não têm infraestrutura adequada para que os caminhoneiros cumpram a norma. Na ocasião da aprovação da lei, a presidenta Dilma Rousseff vetou o artigo que previa a construção de postos de descanso.

Além de maior prazo para cumprir a lei, os caminhoneiros querem a revisão de resoluções da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) que, segundo eles, prejudicam a categoria. O MUBC defende a revogação de oito itens presentes em duas resoluções. Já o presidente da CNTA disse que a saída não é destruir o arcabouço legal existente, e sim “aparar as arestas”.

Antes de entrar na reunião com o ministro dos Transportes, o presidente do MUBC, Nélio Botelho, negou que haja intervenção patronal na greve. “Não existem entidades envolvidas nessa manifestação. Surgiu do próprio trabalhador”. Botelho disse ainda que o movimento quer a “revogação imediata” dos itens que considera prejudiciais e que espera ter uma resposta do Ministério dos Transportes ainda hoje.