A organização constituía as empresas, utilizando o nome de ‘laranjas’. Assim, realizavam sonegação fiscal e quando a empresa era fiscalizada, eles as abandonavam sob a responsabilidade dos mesmos

A Polícia Federal ouviu hoje, em Mato Grosso do Sul, suspeitos de participarem de uma quadrilha formada pela família Tolardo, de Maringá, acusada de comandar organização criminosa no setor de autopeças, onde atuavam aproximadamente 400 empresas e 500 “laranjas”.

Um deles, apontado como um dos gerentes da quadrilha, foi ouvido em Campo Grande e indiciado por lavagem de dinheiro, formação de quadrilha, sonegação fiscal e uso de documento falso.

Dez integrantes da família Tolardo, e outros três ‘gerentes’, também respondem pelos mesmos crimes.

A organização constituía as empresas, utilizando o nome de ‘laranjas’. Assim, realizavam sonegação fiscal e quando a empresa era fiscalizada, eles as abandonavam sob a responsabilidade dos mesmos.

O esquema, de acordo com delegado o Alex Sander Dias da Polícia Federal de Maringá (PR), movimentou R$ 1,5 bilhão e sonegou em torno de R$ 800 milhões em ao menos 24 estados, que foi desarticulada na operação “Laranja Mecânica” nesta quarta-feira (17).

Duas pessoas foram ouvidas em Sidrolândia, outras duas em Iguatemi e uma em Ponta Porã. Segundo a Polícia Federal, no caso de Ponta Porã, a quadrilha pode ter se apossado de dados em cadastros de assentados, já que no caso, o ‘laranja’ se trata de uma pessoa muito humilde que aparentemente não sabe do esquema.

Já em Sidrolândia, as duas pessoas ouvidas recebiam mensalmente de R$ 300 a R$ 800, para terem seus nomes utilizados. Ambos, de acordo com a PF, podem ter posteriormente ficado sabendo do golpe e assim aceitaram receber a quantia.

Já em Iguatemi, era onde ficava um escritório de contabilidade que servia de entreposto para a quadrilha. Em Mato Grosso do Sul, segundo o delegado, houve o bloqueio de imóveis rurais, que também estavam em nomes de ‘laranjas’.

Ao total, houve apreensões de computadores, documentos, 15 carros de luxo, duas aeronaves e imóveis. Segundo a Polícia Federal, se forem somados os valores sonegados e os bens adquiridos com esse dinheiro, o valor chega a R$ 1,5 bilhão.

Cerca de 200 policiais federais e 100 servidores da RF cumprem 44 mandados de busca e apreensão e 35 para condução coercitiva (prestação de esclarecimentos na PF).

Sem prisões

De acordo com a assessoria de imprensa da PF, não houve prisão porque o objetivo da operação é reunir o maior número de documentos que comprovem o esquema (investigado desde 2008), atendendo assim a um novo tipo de abordagem da corporação, especialmente em casos de crimes fiscais.