O assessor especial de Assuntos Internacionais da Presidência da República, Marco Aurélio Garcia, apelou hoje (20) para que o governo do Paraguai evite “instrumentalizar” os brasiguaios (brasileiros que vivem no país) para obter o fim da suspensão do país no Mercosul e na União de Nações Sul-Americanas (Unasul). “Não gostaríamos que cidadãos brasileiros ou de dupla nacionalidade fossem instrumentalizados em função de política nacional”, disse o assessor especial, ao ser perguntado sobre como refletiu no governo o encontro do presidente paraguaio, Federico Franco, com os brasiguaios.

Anteontem (18), ao reunir-se com os brasileiros, Franco recomendou que eles enviem mensagens aos parentes no Brasil informando que terão os direitos garantidos e preservados. Nos últimos anos, os brasiguaios se queixam de discriminação e perseguição pelos paraguaios. Franco aproveitou ainda para pedir à presidenta Dilma Rousseff para “ouvir” os “compatriotas”.

Desde o final de junho, o Paraguai foi suspenso do Mercosul e da Unasul, pois os líderes políticos da região discordaram da forma como o então presidente Fernando Lugo foi destituído do poder. Para os líderes, houve o rompimento da ordem democrática. O Paraguai nega irregularidades. De acordo com Garcia, o protesto formal encaminhado pelos paraguaios ao Mercosul contra a suspensão é válido apenas como manifestação.

“[O protesto] não muda nada porque o Paraguai está suspenso no momento atual, portanto, nada lhe compete nesta situação, claro que como pronunciamento será respeitado. Mas sua participação está suspensa até o ano que vem conforme decisão soberana”, disse o assessor especial, após cerimônia no Ministério das Relações Exteriores, o Itamaraty.

Garcia disse ainda que as autoridades brasileiras desconhecem eventuais ameaças feitas contra aos brasileiros que vivem em território paraguaio. Segundo ele, até o momento, a questão envolvendo os brasiguaios é assunto interno do Paraguai. “Não sei de ameaças”, disse. “Nós não temos conhecimento desse tipo de conversa”, acrescentou Garcia.

Os números relativos ao tamanho da comunidade de brasileiros no Paraguai variam. Os brasiguaios consideram todas as famílias, por isso chegam a 350 mil, os produtores rurais paraguaios avaliam 110 mil e o governo trabalha com 6 mil. Os brasiguaios relatam que sofreram perseguição nos últimos anos e ficaram impedidos de trabalhar. A maioria vive nas áreas de fronteira do Brasil com o Paraguai e se queixam da falta de apoio das autoridades paraguaias.