Fifa manda recado que ‘não se responsabiliza por segurança na Copa de 2014’
No primeiro dia do tour que fará pelas cidades sedes da Copa de 2014, o secretário-geral da Fifa, Jérôme Valcke, avisou que a entidade não pretende recuar nas negociações sobre a extensão da responsabilidade civil da União durante o Mundial. A falta de consenso nesse ponto — previsto no projeto da Lei Geral da Copa, […]
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No primeiro dia do tour que fará pelas cidades sedes da Copa de 2014, o secretário-geral da Fifa, Jérôme Valcke, avisou que a entidade não pretende recuar nas negociações sobre a extensão da responsabilidade civil da União durante o Mundial. A falta de consenso nesse ponto — previsto no projeto da Lei Geral da Copa, que tramita na Câmara dos Deputados — é considerada o principal entrave a explicar o atraso na votação da proposta no Congresso Nacional. Conforme foi antecipado pelo Correio em 19 de dezembro, a polêmica emperra as conversas. Na época, ocorreram reuniões entre o relator do projeto, deputado Vicente Cândido (PT-SP), e integrantes do governo, sem chegar a acordo sobre a controvérsia.
Para a Fifa, o governo federal deve se responsabilizar, inclusive, por prejuízos originados por imprevistos considerados de força maior ou fortuitos — como desastres naturais. Na visão da entidade, o entendimento seria estendido a atentados terroristas, mas não há consenso a esse respeito.
“Não pode ser uma responsabilidade da Fifa, tem de ser responsabilidade do governo. Não podemos ser responsáveis por eventos desse tipo”, defendeu Valcke, em entrevista concedida em Brasília, ao lado do ministro do Esporte, Aldo Rebelo, e do ex-jogador Ronaldo Nazário, integrante do Comitê Organizador da Copa.
Até então, integrantes do governo federal monstravam-se contrários ao pleito da Fifa sobre a amplitude da responsabilização da União. Segundo Aldo Rebelo, porém, o impasse pode ser dirimido com alguns acertos no texto do projeto. “Não há divergência, essa questão está nos 11 pontos acordados entre o governo e a Fifa. É apenas uma questão de alteração de texto”, disse Aldo ao Correio após a coletiva, citando o acordo feito entre o então governo Lula e a entidade em 2007.
Mesmo diante do impasse, o dirigente da Fifa aproveitou a ocasião para cobrar rapidez na votação do projeto. “Esse bebê (Lei Geral da Copa) tem de nascer. Assim que finalizarmos os termos em relação a algumas responsabilidades e garantias, o resto estará tudo bem”, disse Valcke.
Durante a coletiva, o ministro Aldo Rebelo disse haver um compromisso no Congresso para que a Comissão Especial responsável pelo tema vote o projeto de lei no início de março. “Há um ou outro detalhe pendente, mas temos confiança de que será resolvido”, destacou.
A entrevista serviu também para anunciar o início de uma série de viagens que Aldo, Ronaldo e Valcke farão nos próximos dias pelas cidades sedes do Mundial. Hoje, eles visitam o Estádio Castelão, em Fortaleza. Em seguida, vão a Salvador, onde fazem uma vistoria no Estádio da Fonte Nova. Na quinta-feira está prevista uma reunião para definir o cronograma de visita das demais sedes.
“Em março, estaremos de volta, e faremos depois visitas regulares em períodos de seis a oito semanas a cada cidade sede. Agora, não há preocupações. Na quinta-feira, eu poderei dizer se acho que tem alguma coisa que não está indo bem”, explicou Valcke.
Ronaldo, Teixeira e mais um
Representando o Comitê Organizador Local (COL) na coletiva, o ex-atacante Ronaldo Nazário afirmou que participará das decisões burocráticas ao lado do presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Ricardo Teixeira, e de outra pessoa, ainda indefinida. “Estamos no aguardo para escolher o terceiro membro do conselho. Aí, sim, poderemos fazer as estratégias e tomar as decisões juntos”, comentou o Fenômeno.
“O Brasil pede demais”
Bem-humorado, o secretário-geral da Fifa tentou colocar panos quentes na conturbada relação com o governo do Brasil. Jérôme Valcke disse que a hora é de “trabalhar juntos” e que “não há nada de errado no relacionamento” entre Fifa, governo e comitê organizador. Mas deu uma alfinetada no país.
Questionado se o Brasil estaria fazendo exigências demais em relação a outras sedes, Valcke não titubeou: “Sim. Talvez seja por isso que vocês tenham vencido cinco Copas do Mundo. Vocês acham que podem pedir, pedir e pedir”.
Ele disse ter ouvido “coisas malucas” sobre venda de ingressos e adiantou que tudo ficará claro na quinta-feira, quando vai se reunir com membros do governo e do Comitê Organizador Local, no Rio de Janeiro. “Vamos preparar um documento que vai explicar claramente as categorias de ingressos. Vamos falar sobre idosos, estudantes, pessoas de baixa renda, índios, Bolsa Família, etc. É algo fácil de ser discutido, mas temos de ter certeza de que todas as políticas definidas serão realmente implementadas”, ressaltou Valcke.
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