Em palestra no Rio, ex-presidente admite que as instituições brasileiras “começam a funcionar”

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (1995-2002) reiterou, nesta segunda-feira (8), que está à disposição do candidato tucano na campanha de segundo turno para a prefeitura de São Paulo. Segundo o ex-presidente, ele fará o que o seu companheiro de partido pedir que seja feito.

“Eu já fui presidente da República e por isso não devo e não vou ser cabo eleitoral no dia a dia”, afirmou. “Todo mundo sabe que meu candidato é o Serra e eu farei o possível por ele. O que ele pedir que eu faça, eu faço. Essa eleição é muito importante para São Paulo, guardada naturalmente a posição de quem já foi presidente e não está mais na ativa”.

As declarações foram feitas durante o evento “1ª Jornada Ibmec/Instituto Unibanco: Brasil Educação: Um País de oportunidades”, que aconteceu nesta segunda-feira, no Museu Histórico Nacional, no Rio de Janeiro. O encontro discute as possibilidades de mudança no sistema educacional brasileiro.

Corrupção

Em sua palestra, o ex-presidente considerou que o crescimento do país nos últimos anos levou a um aumento da qualidade da corrupção. “Nunca houve tantos recursos dispoíveis e esses recursos passam pelo setor público. Houve uma mudança na qualidade da corrupção. Ela passou a ser condição de governabilidade, deixou de ser um fato eventual para ser uma negociação. Você nomeia alguém para tal local porque sabe que em tal local há contratos. E quem está lá, é obrigado a fazer contratos com pessoas que financiam campanhas”, afirmou Cardoso.

No entanto, ele admitiu que as instituições brasileiras “começam a funcionar”. De acordo com Cardoso, a “pedra angular da democracia é a igualdade de todos perante a lei”:

“As pessoas ficam olhando com certa surpresa. O Supremo Tribunal Federal está julgando alguém que é acusado de corrupção, não sei se é culpado ou não, mas se for, tem que ir pra cadeia. Eu não quero mal a ninguém, mas se errou tem que pagar”, disse. “Algumas instituições estão começando a funcionar. Não quero me referir ao mensalão por ser o mensalão. Mas a Polícia Federal investigou, o Ministério Público acusou, o está julgando. Quer dizer, algumas instituições estão começando a funcionar. Como sou otimista, acho que vai melhorar”.