Felipe González: “Monarquia espanhola presta grande serviço à democracia”

 ex-presidente do Governo espanhol, Felipe González, afirmou neste domingo no México que “a monarquia espanhola prestou e presta um grande serviço à democracia”, apesar da polêmica gerada em torno ao rei Juan Carlos no mês passado por causa de sua viagem a Botsuana. “Eu direi como republicano, minha racionalidade era essa, que a monarquia espanhola […]

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 ex-presidente do Governo espanhol, Felipe González, afirmou neste domingo no México que “a monarquia espanhola prestou e presta um grande serviço à democracia”, apesar da polêmica gerada em torno ao rei Juan Carlos no mês passado por causa de sua viagem a Botsuana.

“Eu direi como republicano, minha racionalidade era essa, que a monarquia espanhola prestou um grande serviço, e presta um grande serviço à democracia, incluindo o erro”, disse o líder socialista em entrevista coletiva.

“Não sei se tem mais mérito que diga isso um republicano do que um monárquico. Provavelmente a sorte da monarquia na Espanha é que não há monárquicos que a defendam porque então, se não, sim estaria em crise”, detalhou.

González participou no México da reunião do Conselho do Século XXI, fórum que reúne ex-chefes de Estado, empresários e pensadores, e que emitiu várias recomendações ao Grupo dos Vinte (G20, países mais ricos e principais emergentes), que se reunirá no próximo mês.

Em sua entrevista foi interrogado sobre vários temas relacionados com a política europeia e com a crise na Espanha, à qual dedicou algumas reflexões.

“A Espanha não fez o que tinha que fazer do ponto de vista das reformas estruturais, para pôr uma data de referência, quando se aprovou a Agenda de Lisboa no ano de 2000, portanto perdeu competitividade”, assinalou.

Reconheceu que “o comportamento econômico aparente foi muito bom em algum momento com taxas de crescimento de 3 e 4%, que para países maduros é muito”, assim como o emprego, em torno de 5%.

Disse que o comportamento da macroeconomia espanhola também foi “positivo” até 2008, “quando o Lehman Brothers implodiu” e se desencadeou uma crise nos Estados Unidos que contagia a Europa.

“Se a Espanha fizesse tudo o que tem que fazer de reformas estruturais e o fizesse bem, as duas coisas, mesmo assim teria feito 20% do esforço necessário para sair deste disparate que é uma política europeia completamente equivocada: austeridade, austeridade, sem uma só olhar para o crescimento”, criticou González.

Como há dois dias disse para estudantes do Tecnológico de Monterrey (TEC), sustentou que a saída que a Europa busca para sua crise a partir da austeridade é equivocada, porque é necessário crescer.

“Enfrentar o problema da dívida da zona do euro como um problema de solvência ou insolvência, sem levar em conta as necessidades do crédito e do crescimento, vai nos levar à insolvência”, acrescentou.

Apesar da situação que a Espanha atravessa, González tranquilizou os mexicanos quanto a como a crise espanhola pode afetar o país.

“Acho que a relação Espanha-México está um pouco além da conjuntura, por sorte, muito além dos Governos e dos momentos de crise”, concluiu.

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