Fechamento de UTI neonatal pode causar colapso na saúde pública e particular

No site da Secretaria de Atenção à Saúde (Datasus) consta que em Campo Grande existem 16 leitos de neonatologia, sendo que seis são para SUS e os outros 10 para não SUS. Por falta de contrapartida de planos de saúde 8 podem ser fechados na rede particular.

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No site da Secretaria de Atenção à Saúde (Datasus) consta que em Campo Grande existem 16 leitos de neonatologia, sendo que seis são para SUS e os outros 10 para não SUS. Por falta de contrapartida de planos de saúde 8 podem ser fechados na rede particular.

A partir do próximo dia 15, quinta-feira da semana que vem, a Unidade de Tratamento Intensivo Neonatal (UTI) do Hospital EL Kadri pode ser fechada e os pacientes recém-nascidos prematuramente podem ficar sem vaga, tanto na rede pública quanto na particular. A ameaça de fechamento é porque a contrapartida dos planos de saúde é muito pequena em relação ao custo para manter um setor desses.

A UTI neonatal do hospital particular EL Kadri funciona há cinco anos com oito leitos ativados. Lá são atendidos pacientes de planos de saúde e particular, mas quando a rede do Sistema Único de Saúde está lotada, o poder público aluga vaga nesse hospital.

De acordo com a diretoria, o hospital tem um custo muito alto para manter a UTI neonatal, mas recebe pouco demais dos planos de saúde para manter o funcionamento, ou seja, o EL Kadri está bancando a maior parte dos gastos. “Se ao menos os planos dessem uma contrapartida que desse para empatar, mas ao invés disso o hospital está bancando esse setor para os planos de saúde”, diz a neonatologista Maria Claudia Rosseti.

Conforme a médica, muitas vezes o SUS compra vaga na UTI do El Kadri. Isso revela que a rede pública não está comportando a demanda existente. Com o fechamento da unidade no hospital particular, a rede pública terá que absorver boa parte desses pacientes.

A direção do hospital revela que teve um encontro com representantes dos planos de saúde para pedir maior respaldo financeiro para manter a UTI neonatal. De lá foi dado um prazo de 60 dias para que se manifestem, ou seja, até o próximo dia 15.

A médica Maria Claudia explica que de zero a 28 dias é o período considerado neonatal e a maioria dos internados são bebês prematuros. O fato de praticamente todos os leitos estarem ocupados é porque aumentou a incidência de recém-nascidos que precisam de cuidados especiais.

Antigamente quando tinha problema ou salvavam a mãe ou o bebê. Hoje, com essas novas tecnologias é possível salvar os dois, mas para isso precisa de vaga nas UTI´s neonatais”, explica a médica neonatologista. Ainda conforme ela, aumentou o número de gravidezes de risco como no caso das mulheres que estão tendo filho cada vez mais velhas e ainda as mães muito jovens. Além disso, antigamente muito bebê ficava na espera por vaga especial o que piorava seu estado de saúde.

Uma das mães que aguardam os filhos receberam alta da UTI neonatal no EL Kadri é Quitéria Lima de Freitas, 32 anos. Ela mora em Ponta Porã e teve que se mudar para Campo Grande por conta da gravidez de trigêmeos. A servidora pública tem plano de saúde da Cassems e precisou de vaga para os três filhos no EL Kadri. Um deles já recebeu já está no quarto com ela e os outros dois devem receber alta só na semana que vem.

“Eu não sabia que a UTI corre o risco de fechar. É uma notícia muito difícil porque eu tive a sorte de vaga pros meus filhos, mas se realmente fechar outras mães e bebês podem não ter a mesma sorte”, diz Quitéria.

No site da Secretaria de Atenção à Saúde (Datasus) consta, conforme o relatório mais atualizada na data de 29 de outubro desse ano, que em Campo Grande existem 16 leitos de neonatologia, sendo que seis são para SUS e os outros 10 para não SUS (convênios, particular). Só no EL Kadri são oito.

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