Familiares de jovens assassinados em roubo coletam assinaturas para campanha nacional

Em prol da campanha “Pelo fim da impunidade”, os pais de Leonardo Batista Fernandes, de 19 anos e de Breno Luigi Silvestrini de Araújo, de 18, assassinados para que um carro fosse roubado, colheram assinaturas neste domingo.

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Em prol da campanha “Pelo fim da impunidade”, os pais de Leonardo Batista Fernandes, de 19 anos e de Breno Luigi Silvestrini de Araújo, de 18, assassinados para que um carro fosse roubado, colheram assinaturas neste domingo.

Não há camiseta branca nem companhia dos amigos que aliviem o sofrimento das famílias de Leonardo Batista Fernandes, de 19 anos e de Breno Luigi Silvestrini de Araújo, de 18  anos, trinta dias após o assassinato dos jovens. Mas para tentar aliviar a dor da perda, os pais dos jovens se reuniram nos altos da avenida Afonso Pena neste domingo (30) para colher assinaturas para a campanha Pelo fim da impunidade, criada para que penas mais severas sejam aplicadas a quem comete crimes hediondos.

Mortos a tiros após serem seqüestrados na saída do 21 Bar e Lazer para que o carro deles fosse roubado, os jovens foram lembrados pelos pais para que mais vítimas não virem apenas estatísticas da segurança pública e que os julgados culpados não fiquem impunes.

Além deles, a mãe do Rogerinho, de 2 anos, esteve presente para protestar. Ele foi assassinado no dia 18 de novembro de 2009 em Campo Grande por causa de uma briga de trânsito com Agnaldo Ferreira Gonçalves e o tio da criança, Aldemir Pedra Neto, 24 que se iniciou no cruzamento das avenidas Ernesto Geisel com a Mato Grosso.

Outros pais como os do segurança Brunão, que foi morto por Christiano Luna de Almeida, de 23 anos, após uma briga em frente a uma boate e o jovem militar Alan Dionízio Ojeda, de 19 anos, atropelado por Maria Cristina Correa Fernandes, de 26 anos, estiveram no manifesto para protestar por mais severidade na Justiça.

Mudanças no código penal

O site www.pelofimdaimpunidade.com.br é de coleta de assinaturas para uma petição de revisão do Código Penal entregue em junho deste ano ao Senado. Para que ele seja adotado no país, o anteprojeto elaborado pela comissão de juristas precisa ser analisado e votado pelos senadores e, depois, pela Câmara dos Deputados, em tempo de reajustes no texto.

O pai de Leonardo, Paulo Roberto Fernandes, explica a intenção do projeto. “Ele foi criado pela deputada federal Keiko Ota, mãe de Ives Ota, seqüestrado e assassinado por três seguranças, um deles da própria família”.

Desde então, ela luta no Congresso para que crimes hediondos não tenham pena reduzida, como é defendido atualmente, mas sim por um maior tempo de prisão e não progressão da pena. Paulo reforça a ideia.

“Do bandido pequeno ao grande, todos estão ficando impunes no Brasil. Isso tem que mudar, nem que seja daqui a 50 anos”.

“O Brasil está pagando preço alto por tentar imitar a cultura de outros países”

O promotor de Justiça Sérgio Harfouche não defende a redução da maioridade penal, mas não acredita em reeducação para adolescentes que não foram educados. “Reeducando é aquele que passa por uma reciclagem, mas o Brasil erra ao tratar como reeducação crianças e adolescentes em educação. Eles precisam aprender e não serem reeducados. O Brasil está pagando um preço alto por tentar imitar a cultura de outros países”, defende.

Para ele, é preciso tratar cada ato infracional com o seu devido peso. “Se o adolescente roubou, é dever dele devolver. Se causou algum dano, é preciso repará-lo. Mas não há como reparar uma morte e isso é precisa ser levado em consideração pela Justiça. Nosso código penal é falho”.

Impunidade

E a sensação de vazio se torna maior quando o parente é morto com sete facadas e , 21 dias depois, o assassino é liberado da prisão. Foi o que aconteceu com o acusado de assassinar Ronaldo Rocha com sete facadas por causa de uma briga por terra.

Os familiares vieram de Anastácio para ajudar a coletar assinaturas para o protesto.

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