Ex-corregedor desmente versão do Detran-MS sobre carro emplacado com chassi errado

Em nota oficial, Detran afirmou que o então corregedor do órgão “não deu andamento ao procedimento”. Delegado não quis comentar rumores de que foi retirado do cargo por ‘atrapalhar supostos esquemas’.

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Em nota oficial, Detran afirmou que o então corregedor do órgão “não deu andamento ao procedimento”. Delegado não quis comentar rumores de que foi retirado do cargo por ‘atrapalhar supostos esquemas’.

O ex-corregedor do Detran-MS, delegado André Pacheco, desmentiu a versão do órgão estadual sobre os motivos para nenhum responsável ter sido punido até o momento no caso de um carro que foi documentado com placas trocadas em Campo Grande.

Em nota oficial, o Departamento Estadual de Trânsito de Mato Grosso do Sul admitiu que recebeu o Inquérito Policial 109/2009 em maio de 2010, mas afirmou que o então corregedor do órgão “não deu andamento ao procedimento”.

A investigação se refere ao caso de um veículo emplacado pelo Detran-MS que foi considerado um “double de placas” pelo próprio Instituto de Criminalística da Sejusp (Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública).

Segundo o delegado André Pacheco, que deixou a Cotra (Corregedoria de Trânsito do Detran-MS) há alguns meses, todos os procedimentos que chegaram até ele foram devidamente instruídos. “Jamais deixei de dar andamento a alguma sindicância, inquérito ou qualquer feito que chegou até a Corregedoria”, garante.

“Como todo andamento é registrado digitalmente pelo sistema e esse inquérito, logo após recebido, foi encaminhado para diligências cabíveis, é fácil comprovar o que estou dizendo”, explica.

Sobre os rumores de que teria sido removido do cargo de Corregedor justamente por ter dado celeridade na investigação de supostas irregularidades cometidas por funcionários do Detran-MS no serviço de vistoria, André Pacheco desconversa. “Como já deixei o órgão, não posso comentar”, diz.

A reportagem questionou ao Detran-MS se existe um documento oficial confirmando a informação de que o não andamento das medidas cabíveis ao Inquérito Policial 109/2009-Defurv foi decisão do então corregedor, citado nominalmente na nota oficial do órgão, mas até o momento não houve resposta.

Vistoria não percebeu chassi trocado

O serviço de vistoria do Departamento Estadual de Trânsito de Mato Grosso do Sul documentou um automóvel trocado após uma sucessão de erros na venda do veículo em um leilão público.

De acordo com o laudo 79.462, assinado por duas peritas criminais em março de 2009, o automóvel GM Omega, de cor preta e placas KOI-0644, possui o chassi original registrado no Detran-MS para um veículo semelhante, mas com as placas ADT-5817.

Apesar de ter passado pelo serviço de inspeção veicular e vistoria do órgão estadual, ninguém percebeu a troca, confirmada no inquérito policial conduzido pela Defurv (Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes de Furtos e Roubos de Veículos).

Até o momento, o carro emplacado erroneamente continua no nome de Vagner Gonçalves da Silva, de 39 anos. Ele comprou o automóvel em um leilão realizado pela Senad (Secretaria Nacional Antidrogas) através do departamento de Gestão de Políticas Públicas sobre Drogas e Convênios, da Sejusp, em outubro de 2006.

Após a confirmação de que recebeu do poder público um veículo com chassi diferente do que realmente arrematou, Vagner foi indenizado diretamente pela Senad, mas continua recebendo as contas do ‘double’ junto ao Detran-MS.

A reportagem localizou o carro documentado com o chassi trocado no pátio de um órgão público de Campo Grande e também o veículo que possui as placas certas, mas foi vendido como sucata para um ferro-velho.

O Detran-MS informou que, agora, abriu um processo administrativo para regularização e “possível troca de placas”. A Corregedoria “já está ouvindo os envolvidos”, comunicou o Departamento Estadual de Trânsito de Mato Grosso do Sul.

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