Especialistas põem em dúvida poder do Banco Central de manter dólar acima de R$ 2
Apesar de Federal Reserve (Fed – o banco central dos Estados Unidos) ter voltado a injetar dólares na economia, o câmbio foi pouco afetado até agora. Em um intervalo entre R$ 2 e R$ 2,10, a cotação da moeda norte-americana não tem sofrido grandes oscilações desde maio, quando os temores em relação às eleições na […]
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Apesar de Federal Reserve (Fed – o banco central dos Estados Unidos) ter voltado a injetar dólares na economia, o câmbio foi pouco afetado até agora. Em um intervalo entre R$ 2 e R$ 2,10, a cotação da moeda norte-americana não tem sofrido grandes oscilações desde maio, quando os temores em relação às eleições na Grécia provocaram a desvalorização do real. Na última quinta-feira (11), o dólar fechou em R$ 2,045.
Segundo analistas, essa estabilidade não é por acaso e marca uma mudança na política cambial brasileira. O governo está intervindo para manter o dólar acima de R$ 2, impedindo que a cotação volte a cair à medida que a crise na Europa se agrava e os Estados Unidos promovem o terceiro afrouxamento monetário em quatro anos. Para o Brasil, o dólar mais alto aumenta a competitividade da indústria e das exportações. Os especialistas, no entanto, põem em dúvida o poder de o Banco Central (BC) manter a intervenção no câmbio.
Desde o fim de agosto, o BC tem promovido operações de swap cambial reverso, que funcionam como compra de dólares no mercado futuro, para impedir a queda da cotação. O último leilão ocorreu no dia 5, quando a autoridade monetária US$ 1,288 bilhão nesse tipo de contrato. Atualmente, a instituição financeira tem US$ 4,93 bilhões comprados no mercado futuro. Além disso, o Tesouro Nacional comprou US$ 4,881 bilhões de janeiro a agosto para pagar os vencimentos da dívida externa.
Sem essas operações, o dólar poderia ter voltado a cair, à medida que os capitais externos continuam a entrar no Brasil, atraídos pela boa situação da economia em relação aos países desenvolvidos. O economista-chefe da consultoria Austin Rating, Alex Agostini, diz que o comportamento do governo mostra que o câmbio está menos livre que nos últimos anos. “Sem dúvida, existe uma mudança de postura”, disse.
Para ele, além de melhorar a competitividade da indústria, o atual nível do dólar tem outra vantagem: não pressionar os preços internos. “Com o dólar ao redor de R$ 2, não há efeito sobre a inflação, ao mesmo tempo em que as contas externas ficam menos comprometidas [como quando o dólar estava em R$ 1,50]”, avalia.
Agostini, no entanto, acredita que a estabilidade da cotação mais se deve às incertezas em relação à economia internacional do que ao poder de fogo do Banco Central e do Tesouro Nacional. “Enquanto o Banco Central anuncia operações no mercado futuro e compras à vista, os países avançados atravessam um momento de instabilidade que ajuda o governo a vencer a briga com o mercado, que força a queda do dólar”, ressalta.
De acordo com o professor de Economia Internacional André Nassif, da Fundação Getulio Vargas (FGV), o Banco Central está fazendo o que deveria ter sido feito na crise de 2008: impedir que o dólar volte a cair depois de uma alta repentina. “O Brasil está repetindo o que vários países da Ásia fizeram há quatro anos, quando intervieram no câmbio e não deixaram as moedas locais subir [em relação ao dólar]”, explica.
Nassif também acredita que o governo, até agora, tem sido mais beneficiado pelas incertezas internacionais do que pelas ações da equipe econômica. “Quem depreciou o câmbio, fazendo o dólar subir de R$ 1,80 para R$ 2, não foi o governo, mas o próprio mercado, que estava receoso em relação às eleições na Grécia”, disse.
Na avaliação do professor, por enquanto, o Banco Central consegue atuar sozinho para manter o dólar em torno de R$ 2. No entanto, caso a nova injeção de dólares na economia norte-americana pelo Fed reduza o valor do dólar no mundo, ele defende que o Brasil adote uma quarentena para os capitais estrangeiros que entram no país, para aumentar o poder das autoridades brasileiras em intervir no câmbio. “Medidas como o IOF [Imposto sobre Operações Financeiras] para o capital externo se revelaram ineficazes em conter a queda do dólar”, declara.
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