Especialistas em comunicação advertem sobre perigo do “humor fácil” na TV
Especialistas em comunicação advertem que programas exibidos pelas emissoras de televisão têm um efeito em cadeia na educação das crianças e adolescentes. Para eles, um programa que contenha cenas de violência e que exponha a figura feminina, por exemplo, deve ir ao ar em um horário no qual apenas adultos acompanhem a exibição. Também alertam […]
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Especialistas em comunicação advertem que programas exibidos pelas emissoras de televisão têm um efeito em cadeia na educação das crianças e adolescentes. Para eles, um programa que contenha cenas de violência e que exponha a figura feminina, por exemplo, deve ir ao ar em um horário no qual apenas adultos acompanhem a exibição. Também alertam sobre as ameaças de agravamento da violência e da discriminação por meio da banalização do chamado humor fácil.
Para a pós-doutora em cinema e televisão e professora da Universidade de Brasília (UnB) Tânia Montoro, o tipo de humor apresentado no programa incentiva a violência. “Esse tipo de humor de naturalização da violência simbólica contra o feminino presta um desserviço à população brasileira”, disse ao se referir ao programa Pânico na Band. “Existe um conceito filosófico comprovando que as pessoas em formação imitam o que veem com frequência. O programa passa ensinamentos de discriminação e atos violentos”, completou.
O Conselho Distrital de Promoção e Defesa dos Direitos Humanos entrou hoje (24) no Ministério Público Federal (MPF) com uma representação em que pede a retirada do ar dos quadros A Academia das Paniquetes e O Maior Arregão do Mundo, exibidos no programa Pânico na Band. Para o conselho, a atração da emissora de TV Band reproduz exemplos negativos para crianças e adolescentes, estimula a discriminação e constrange a figura feminina. Procurada pela Agência Brasil, a emissora informou por e-mail que não comentará a representação.
Tânia Montoro disse ainda que é contrária a qualquer tipo de censura dos meios de comunicação. Mas advertiu: “A sociedade está cansada desse tipo de programa humorístico”. “O fato de ter audiência não significa em momento algum que formas grotescas possam ser incentivadas. Agredir as pessoas não é humor e, sim, violência.”
O jornalista e mestre em comunicação visual Cláudio Ferreira defendeu a revisão da chamada classificação indicativa do programa Pânico, assim como de seu conteúdo. “A primeira providência a ser tomada é reclassificar o programa. Essa mudança é um instrumento importante para preservar esse público infantojuvenil de programas inadequados. É obrigação do Estado rever a classificação indicativa. Ao perceber que tem conteúdo inapropriado, deve-se mudar o horário de exibição.”
Para o professor, as autoridades e a sociedade devem exigir qualidade na programação de televisão. “Temos várias formas de fazer pressão para que um programa como esse tenha boa qualidade, mas, com o humor, é um pouco mais difícil, porque às vezes perde-se o limite de respeito. Vivemos em uma sociedade com muitos problemas de educação. A televisão, além de ser um meio de comunicação, é um meio de instrução para as pessoas. Ela mostra o comportamento e pode influenciar nesse sentido”, disse ele.
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