Energia é vantagem de sulamericanos, diz Carlos Lessa no Senado

O ex-presidente do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Carlos Lessa, disse que o Brasil e a América do Sul estão em vantagem com relação ao restante do mundo por não precisarem de uma nova forma de geração de energia para terem uma revolução tecnológica. E, além de já terem energia suficiente, os […]

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O ex-presidente do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Carlos Lessa, disse que o Brasil e a América do Sul estão em vantagem com relação ao restante do mundo por não precisarem de uma nova forma de geração de energia para terem uma revolução tecnológica. E, além de já terem energia suficiente, os países sul-americanos têm espaço para que sua economia cresça, o que não existe nos países desenvolvidos.

As declarações do ex-presidente do BNDES e ex-reitor da Universidade Federal do Rio de Janeiro foram dadas na primeira audiência pública preparatória para o seminário Crise, Estado e Desenvolvimento: Desafios e perspectivas para a América do Sul, realizada na tarde desta sexta-feira (18). O seminário, promovido pela Representação Brasileira no Parlamento do Mercosul, será realizado no Rio de Janeiro, em 25 de junho.

Carlos Lessa observou também que uma mudança na matriz de transporte brasileira pode “elevar enormemente o poder de compra da população”. Ele afirmou que a matriz brasileira é “uma das piores do mundo”, baseada no transporte rodoviário, quatro vezes mais caro que a matriz aquaviária e duas vezes mais oneroso do que a ferroviária. O simples barateamento do frete aumentaria sobremaneira a capacidade de consumo do povo.

Também falou na audiência o embaixador Samuel Pinheiro Guimarães, para quem há uma campanha permanente com o intuito de minar o fortalecimento do bloco econômico. O diplomata afirmou que as nações economicamente mais importantes não têm interesse em ver um Mercosul forte, já que é mais difícil negociar com um grupo de países coesos. Para o embaixador, que é alto representante geral do Mercosul, as importações de produtos chineses e americanos pelos países do bloco atrapalham seu principal elemento de coesão, que é o comércio.

Já o jornalista Mauro Santayana, enfatizou a necessidade da união dos países da América do Sul como forma de superar a crise, que, para Carlos Lessa, é sistêmica e está apenas em seu início. Para o jornalista, o Brasil tem de assumir o papel de protagonista nessa integração, e para isso tem de ser “o mais tolerante, o mais condescendente, o que mais aceita desaforo”:

– Poderoso é aquele que tem o direito de parecer fraco – afirmou.

O senador Inácio Arruda (PCdoB-CE) citou experiências de parceria vitoriosas no continente, como a hidrelétrica de Itaipu e o gasoduto boliviano, e a declaração do compositor Chico Buarque na campanha eleitoral da presidente Dilma Rousseff, segundo o qual “não mais falamos grosso com a Bolívia e fino com os Estados Unidos”.

O senador Pedro Simon (PMDB-RS) destacou a atuação do governo brasileiro nas recentes crises da Bolívia, onde uma subsidiária da Petrobras foi nacionalizada, e com o Paraguai, que reivindicou uma revisão do Tratado de Itaipu. Pedro Simon disse ter mágoa do governo dos Estados Unidos, “que há 100 anos está boicotando a América do Sul” e impedindo sua integração.

O senador Paulo Paim (PT-RS) questionou a internalização de produtos chineses por países do Mercosul e sua posterior venda sem impostos. Também questionou as barreiras comerciais entre Brasil e Argentina, que alcançam um grande número de produtos. Samuel Pinheiro Guimarães afirmou que é preciso equilibrar o comércio entre os países, lembrando, porém, que este, em grande parte, é feito por empresas multinacionais.

O presidente da representação brasileira no Parlamento do Mercosul, senador Roberto Requião (PMDB-PR), enfatizou a necessidade de uma maior integração do bloco e defendeu a entrada da Venezuela o mais rapidamente possível. Ele lembrou que a Venezuela tem um Produto Interno Bruto (PIB) quase igual ao da Argentina e um mercado consumidor imenso. O senador protestou ainda contra a desindustrialização brasileira: disse que o Brasil, em 1980, produzia mais do que a Coreia, a Tailândia, a Malasia e a China juntas, mas que, hoje, sua produção não chega a 15% do que produzem aqueles países. Ao final da reunião, Roberto Requião leu perguntas e comentários de cidadãos brasileiros que acompanharam a audiência pública, pela TV Senado e pela internet.

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