Empreiteira envolvida com Carlinhos Cachoeira tinha contratos milionários no MS
Delta Construções realizou obras do Dnit/MS, em convênio com o governo do estado, via Agesul, que lhe renderam mais de R$ 45 milhões só em 2011
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Delta Construções realizou obras do Dnit/MS, em convênio com o governo do estado, via Agesul, que lhe renderam mais de R$ 45 milhões só em 2011
Escutas telefônicas realizadas pela Polícia Federal encontraram indícios de que a empreiteira Delta Construções era a principal abastecedora do esquema de empresas fantasmas de ligadas ao contraventor Carlos Augusto Ramos, conhecido como Carlinhos Cachoeira, que foi preso na Operação Monte Carlo.
No último sábado, o jornal Folha de São Paulo estampou a manchete “Polícia Federal vê elo entre construtora Delta e Cachoeira”, se lia que nos “relatórios de inteligência da PF na Operação Monte Carlo, há indícios “de que a maior parte dos valores que ‘entram’ nas contas de empresas fantasmas [ligadas ao grupo do empresário] são oriundos da empresa Delta Construções”.
Ainda segundo a Folha, as investigações tornaram “possível confirmar sociedade “secreta” entre Cachoeira e Claudio Abreu, então diretor regional do Centro Oeste da empreiteira, afastado depois de ser denunciado pelo Ministério Público Federal”.
Claudio Abreu era justamente o responsável pela empreiteira de conduzir os negócios na região a que pertence Mato Grosso do Sul- o Centro-Oeste. A Delta venceu licitações do Dnit/MS ao tempo de Marcelo Miranda, em convênio com a Agesul, nas principais rodovias do estado, como a BR-262 (dois trechos) BR-163 e a BR-267.
As obras nestas rodovias foram enquadradas em irregularidades graves no Fiscobras em 2010, do TCU, enviado ao Congressos Nacional para efeito de decisão dos parlamentares sobre aplicação de recursos do orçamento da União, que definem a Lei do Orçamento Anual.
As irregularidades apontadas nas obras foram comuns: falta de projeto básico, fiscalização, sobrepreço e superfaturamento. Na BR-267, a Delta foi citada nominalmente pelo TCU. Quando a reportagem percorreu no ano passado o trecho restaurado pela Delta, encontrou seguidos remendos na pista de rolamento da rodovia, assim que inaugurada.
Só no ano de 2011, a Delta recebeu da Agesul mais de R$ 46.205.554,61, relativos às obras nas rodovias federais. Os recursos federais foram repassados do Dnit para o governo Puccinelli que, através da Agesul, que efetuou os pagamentos.
Outros pagamentos não foram averiguados pela reportagem porque o site da Transparência do governo do MS não tem informações anteriores a 2011.
Agora em março de 2012, a Delta venceu mais uma licitação do Dnit/MS, preparada em 2011, para restauração de trecho de 108 km da BR-163, com valor superior
a R$ 30 milhões. Ao proclamar o resultado da licitação, o Dnit/MS informou que os preços dos serviços e materiais foram calculados com base em maio de 2011, o que significa que o valor vai aumentar ao ser atualizado.
Como no MS, a Delta Construções tem obras em todo o país, principalmente nas rodovias federais que cruzam o Paraná, o Mato Grosso, Pará, Ceará, Pernambuco, Rio de Janeiro, Tocantins e Bahia.
Em 2011, a Delta recebeu R$ 830,7 milhões em serviços realizados em obras federais, principalmente relacionadas ao PAC. Com esse valor, a Delta foi a campeã nacional em recebimento de verbas públicas da União.
Operação Monte Carlo
Realizada pela PF em fevereiro deste ano, depois de 15 meses de investigações, quais das participou o MPF, a Operação Monte Carlo prendeu os principais líderes que comandavam um poderoso esquema de caça-níqueis em cinco estados.
A grande quadrilha era comandada por Carlinhos Cachoeira, e contava com a participação de policiais militares, civis e federais, todos com graduação diversa, que incluía delegados.
O esquema era dirigido a partir de Goiás, onde Cachoeira reside (Anápolis) com extensão no Espírito Santo, Pará, Rio de Janeiro e Tocantins.
Gravações do mesmo esquema flagraram diálogos sobre o pagamento de vultosas verbas ao senador Demostenes Torres, que era do DEM. O próprio governador de Goiás, Marconi Perillo, flagrado no grampo da PF, chegou a afirmar que “todo político importante de Goiás teve relação com Cachoeira”.
Agora, parlamentares do PT no Congresso Nacional estão recolhendo assinaturas para propor a abertura de uma CPMI – comissão parlamentar de inquérito que inclui Senado e Câmara, para investigar o caso.
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