Em dia mais sangrento em Gaza, países tentam mediar conflito

No dia mais mortal da atual ofensiva na Faixa de Gaza, aumentaram os esforços diplomáticos para conter o escalonamento do conflito entre Israel e o grupo islâmico Hamas. Neste domingo, um ataque israelense contra uma casa em Gaza deixou ao menos 11 mortos da mesma família, enquanto foguetes palestinos continuaram a alvejar o sul de […]

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No dia mais mortal da atual ofensiva na Faixa de Gaza, aumentaram os esforços diplomáticos para conter o escalonamento do conflito entre Israel e o grupo islâmico Hamas. Neste domingo, um ataque israelense contra uma casa em Gaza deixou ao menos 11 mortos da mesma família, enquanto foguetes palestinos continuaram a alvejar o sul de Israel.

Os ataques prosseguiam na noite de domingo, com um saldo de 26 mortos em Gaza ao longo do dia. E o primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, afirmou que seu Exército está pronto para “expandir significativamente” as operações em Gaza, dando força a rumores sobre uma possível invasão terrestre iminente no território palestino. Líderes internacionais tentam mediar o conflito, evitando que este se converta em uma guerra semelhante à de 2008/09 entre Israel e Hamas. Uma delegação de negociadores de Israel viajou neste domingo ao Egito, país apontado como principal força mediadora, para discutir um cessar-fogo.

No sábado, Egito, Turquia e Catar haviam conversado com líderes do Hamas. E o chanceler francês, Laurent Fabius, encontrou-se neste domingo com seu par israelense, Avigdor Lieberman, para discutir a questão. Lieberman disse que a precondição para uma trégua é que o Hamas interrompa o disparo de foguetes contra o sul de Israel. Do lado palestino, representantes disseram que era possível acordar um cessar-fogo entre “hoje e amanhã” (domingo e segunda-feira). O presidente dos Estados Unidos – principais aliados de Israel -, Barack Obama, disse durante viagem à Tailândia que é “preferível” que a crise em Gaza termine antes de um avanço militar terrestre israelense, mas afirmou que “Israel tem todo o direito de esperar não conviver com foguetes disparados contra seu território”.

Na segunda-feira, o secretário-geral da ONU estará no Cairo para discutir a crise. No dia seguinte, uma delegação de ministros da Liga Árabe deve chegar a Gaza para avançar nos diálogos. Confrontos Até agora, em cinco dias consecutivos de bombardeios, calcula-se que 72 palestinos tenham morrido e mais de 500 tenham ficado feridos desde quarta-feira, quando os confrontos bilaterais se intensificaram. Acredita-se que a metade dos mortos sejam civis, o que despertou críticas à ação de Israel.

O país responde alegando que os membros do Hamas se escondem entre a população civil. Só neste domingo, a artilharia israelense contra Gaza resultou na morte de ao menos 26 pessoas (entre elas, nove crianças e quatro mulheres), segundo autoridades locais. A casa de um integrante do Hamas, Mohamed Dalou, foi um dos alvos, em um ataque que matou sua família. Em resposta, o braço militar do grupo islâmico declarou que “o massacre não ficará impune”. O correspondente da BBC na Cidade de Gaza, Jon Donnison, diz que a sensação entre palestinos é de que o conflito tende a se intensificar, em vez de arrefecer.

E a Organização Mundial da Saúde diz que os hospitais da cidade estão sobrecarregados com excesso de pacientes e falta de suprimentos. Israel contabiliza três pessoas mortas. Autoridades israelenses dizem que 76 foguetes israelenses atingiram Israel neste domingo, e outros 38 foram interceptados pelo sistema de defesa aéreo do país (ao menos um deles teriam a cidade de Tel Aviv como alvo). Há relatos de ao menos 12 feridos em cidades como Ashkelon, Ashdod e Ofakim. Alvos Dois prédios ocupados por grupos de mídia no centro da Cidade de Gaza foram atingidos pelos bombardeios israelenses, deixando oito jornalistas palestinos feridos. Um deles teve de ter sua perna amputada. Um dos prédios atingidos nos ataques abriga a estação de TV do Hamas, Al-Quds TV. O mesmo prédio também abriga outros meios internacionais, como as britânicas Sky News e ITN, e abrigava até o ano passado o escritório da BBC em Gaza. A Associação de Correspondentes Estrangeiros do Oriente Médio pediu esclarecimentos ao Exército de Israel e questionou a razão de um prédio com jornalistas ter sido atacado. Israel afirmou ter alvejado uma “antena de comunicação” no norte de Gaza, além de uma base de treinamento do Hamas, túneis usados para o contrabando de bens e armas para o território e locais de lançamento de foguetes. Um porta-voz do governo israelense disse à BBC no sábado que a operação “só terminará quando cidadãos israelenses estiverem seguros” e afirmou que todas as opções – incluindo uma incursão terrestre em Gaza – estão sendo consideradas. Possível ação terrestre Israel deixou na sexta-feira 75 mil reservistas em alerta e iniciou a incorporação de outros 16 mil ao contingente do Exército, reforçando os temores de que uma ofensiva terrestre seja iminente. O premiê Netanyahu não deu detalhes de planos militares, mas disse que “os soldados (israelenses) estão prontos para qualquer atividade que possa ocorrer” e para uma “significativa expansão da operação”. A correspondente da BBC em Jerusalém, Katia Adler, disse que, ainda que uma ação terrestre seja cada vez mais possível, ainda não é certa, porque aumentaria significativamente os custos da operação e o número de mortos, tanto do lado palestino como do israelense.

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