Em crise, Hospital da Vida estuda devolver administração à prefeitura de Dourados

Com défict avaliado em R$ 1 milhão mensal o Hospital não comporta mais o volume de pacientes com a estrutura existente.

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Com défict avaliado em R$ 1 milhão mensal o Hospital não comporta mais o volume de pacientes com a estrutura existente.

A administração do Hospital da Vida, em Dourados- distante a 225 km de Campo Grande, deve voltar às mãos da prefeitura em 2013, quando encerra o contrato com o atual administrador, o Hospital Evangélico. Ao longo do ano, diversas tentativas de aumento dos repasses tentaram ser efetivadas junto ao poder público municipal e estadual, mas sem sucesso. Essa semana o Hospital chegou a fechar as portas do pronto socorro por não ter condições de não continuar recebendo pacientes.

O diretor clínico do Hospital da Vida, pediatra Luiz Carlos de Arruda Leme informou que já são quatro anos sem reajuste e se nenhum investimento for anunciado o Evangélico vai entregar o Hospital da Vida à prefeitura. “Nosso contrato vence dia 31 de dezembro. Não temos infraestrutura para atender pacientes e muito menos condições de trabalho para os profissionais. A situação está cada vez pior”, declarou.

Arruda disse que o Hospital encaminhou um documento à prefeitura, ao MPE (Ministério Público Estadual) e MPF (Ministério público Federal) e ao Governo do Estado, informando sobre a devolução. Atualmente são repassados R$ 850 mil por mês ao Hospital, porém seria necessário no mínimo um aporte de mais R$ 1 milhão para arcar com a despesa atual.

O prejuízo é calculado com base em atendimentos como exames, consultas e cirurgias a mais que as unidades prestam sem o devido reembolso financeiro da prefeitura de Dourados. Com o déficit, o hospital acumula dívidas e não consegue investir em aumento de leitos e equipamentos, por exemplo. Dourados é a segunda maior cidade de Mato Groso do Sul e o Hospital da Vida é referência em trauma para cerca de 1 milhão de pessoas de 35 cidades da região sul do Estado.

Procurada pela reportagem, a secretária municipal de saúde, Silvia Bosso, informou que não há que se falar em devolução, a data é apenas o encerramento do contrato e um novo já está sendo discutido. “Estamos em meio às discussões e não posso antecipar uma declaração oficial. Temos conversado com a administração estadual e inclusive com o Ministério da Saúde e em breve teremos novidades”, declarou.

Pacientes graves estão entubados nos corredores

A superlotação chegou a limites críticos no município. O diretor clínico informou que depois da situação de não haver mais corredores para colocar macas, agora chegou ao extremo de pacientes graves, os quais deveriam estar internados em UTIs (Unidades de Terapia Intensiva), disputarem espaço pelos corredores. “Estamos com pacientes entubados pelos corredores. Não dá mais”, disse.

Em entrevista a uma rádio local na manhã desta quarta-feira (7) Arruda comparou o Hospital da Vida a um cenário de guerra. “Hoje o HV é igual a um hospital de guerra. Têm pessoas espalhadas por todos os corredores, faltam medicamentos, leitos nas UTIs e funcionários para atender toda essa demanda de pacientes”, declarou.

Em agosto de 2012, os presidente do Conselho Regional de Medicina, Luis Henrique Moreira e do Sindicato dos Médicos, Marco Antônio Leite, estiveram no Hospital da Vida e declararam que os médicos fazem um “trabalho heróico”, devido às precariedades do hospital.

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