No quesito ‘Ambiente Econômico’, os dois pontos fracos de Mato Grosso do Sul, na visão dos investidores internacionais, são o tamanho do mercado e a desigualdade de renda.

Mato Grosso do Sul está abaixo da média nacional em metade dos quesitos analisados, segundo os especialistas, isso reflete negativamente na economia do Estado. É o que constata o ranking de Gestão dos Estados Brasileiros realizado pela Unidade de Inteligência da revista inglesa The Economist, e divulgado recentemente.

Pouco mercado e renda desigual marcam

No quesito ‘Ambiente Econômico’, os dois pontos fracos de Mato Grosso do Sul, na visão dos investidores internacionais, são o tamanho do mercado e a desigualdade de renda. Ambos os itens tiveram nota 25,0, e seguraram o índice da economia local em 50,0, abaixo da média nacional, que foi de 50,3 pontos.

O economista Ricardo Senna, explicou que MS tem uma baixa densidade demográfica e “isso implica dizer que nosso mercado é pequeno e as empresas buscam estar perto dos seus mercados consumidores”. Para ele, essa questão torna-se um fator complicador ”em relação à renda, significa dizer que além de termos um mercado pequeno a renda é concentrada, restringindo ainda mais o mercado”.

De acordo com o economista, essa constatação é importante para atrair um fluxo maior de pessoas para o Estado e estimular a economia. Ele também salienta a credibilidade do estudo e informa que é necessário investir em empregos de qualidade para elevar e desconcentrar a renda. No geral, a economia sul-mato-grossense, apesar de considerada boa, ficou na décima terceira posição, atrás de estados como Mato Grosso, ás, Espírito Santo e Paraná.

Regime Tributário

Com relação ao ‘Regime Tributário’, o fisco sul-mato-grossense ficou com o índice ‘moderado’. A nota foi de 37,5 pontos, registrando zero em ‘consistência do sistema tributário’. Ainda assim, o resultado não destoou do obtido pela maioria dos estados brasileiros, que ainda se atormentam na guerra fiscal enquanto a reforma tributária não sai.

“A tributação tem sido um dos principais fatores inibidores de nossa competitividade. Esse resultado do Ranking apenas reflete uma reclamação que ouvimos diariamente dos empresários que tem negócios no Estado. O impacto disso é perdermos atratividade para outras regiões do Brasil”, explicou Ricardo Senna.

O estudo constata que o regime tributário de Mato Grosso do Sul foi o oitavo colocado, com nota acima da média nacional, que ficou em apenas 24,1 pontos. Mas está atrás de estados como Alagoas e Sergipe, que tiveram nota 50,0.

MS é ruim de atração

No quesito ‘Políticas para investimentos estrangeiros’, os dados da The Economist colocaram Mato Grosso do Sul em décimo quarto lugar entre as unidades da federação. A nota foi de 58,3 pontos. Novamente, MS ficou abaixo da média nacional, que foi de 60,2 pontos, atrás de estados como Ceará, Pernambuco, Goiás, e Espírito Santo.

O Economista salientou que esse é um outro item do Ranking que não tem um bom ambiente para atração de negócios, e, dessa forma, não se atrai capital nacional e muito menos estrangeiro. Mas segundo Ricardo Senna, isso está mudando aos poucos, já começa a perceber alguns grupos estrangeiros “sondando” ou até mesmo, se instalando no Estado.

Sustentabilidade em alta e Inovação com zero

Já no quesito ‘Sustentabilidade’, com nota final de 66,7 pontos, Mato Grosso do Sul ficou acima da media nacional, que foi de 59,4, ocupando o décimo primeiro lugar no ranking nacional. Mesmo com o bom índice e com nota máxima em ‘Plano/Estratégia Ambiental do Estado’, MS teve o pior resultado entre os estados do -Oeste, empatado com Goiás e atrás de Mato Grosso e do Distrito Federal.

Com nota de 20,0 pontos, no quesito ‘Inovação’ o estado também ficou abaixo da média nacional, que teve pontuação de 29,6. Nessa categoria, MS registrou duas notas zero, em ‘Gastos Privados com Pesquisa & Desenvolvimento’, e em ‘Pedidos de patentes’. Terminou na avaliação internacional empatado com Mato Grosso, Sergipe, Pernambuco, Goiás e Espírito Santo.

“Esse talvez seja o mais sério dos itens. A inovação é chave de sucesso para o aumento da competitividade. As fontes para incentivar a inovação ainda são tímidas e poucas. As fontes públicas são insuficientes e as empresas não tem gasto seu próprio dinheiro em inovação. A boa notícia é que aos poucos algumas fontes alternativas para financiar inovação começam a tomar corpo no Brasil: são os anjos investidores e os fundos de venture capital (ou fundos de capital de risco). No entanto, boa parte das empresas não os conhece e, portanto, não submetem seus projetos a esses agentes“, explicou o economista Ricardo Senna.

Conclusão

Apesar dos índices negativos, o economista considera que Mato Grosso do Sul é considerado um estado novo, portanto, são muitos avanços neste período também. Mas Ricardo Senna salienta que ninguém deve se satisfazer com isso e é importante usar as pesquisas apenas como um norte.

“Acho que não devemos nos pautar apenas por esse Ranking. Sabemos o que precisa ser feito. É preciso fazer. Mas acho que está na hora do setor privado tomar a frente desse processo e promover a mudança”,concluiu o economista.