Economia verde é mais uma forma de colonialismo, diz Evo Morales
Aplaudido três vezes pela plateia presente na conferência dos chefes de Estado na Rio+20, o presidente boliviano Evo Morales criticou nesta quinta-feira o que classificou como a criação de um novo termo para prosperar o colonialismo. “Sinto informar que analisei com seriedade e acompanhei a que convencionou se chamar de economia verde. Isso não passa […]
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Aplaudido três vezes pela plateia presente na conferência dos chefes de Estado na Rio+20, o presidente boliviano Evo Morales criticou nesta quinta-feira o que classificou como a criação de um novo termo para prosperar o colonialismo. “Sinto informar que analisei com seriedade e acompanhei a que convencionou se chamar de economia verde. Isso não passa de um novo colonialismo para submeter os povos mais pobres ao capitalismo. Vamos refletir sobre isso. Se queremos que esse evento seja histórico, não temos outra alternativa a não ser acabar com essas políticas do lucro, acabar com o humanicídio”, afirmou.
Segundo Morales, é preciso acabar com o modelo econômico capitalista como forma de garantir o futuro do planeta. “Seria importante refletir sobre as gerações futuras, acabando com esse modelo de saques, de depredação dos recursos naturais, acabar com o capitalismo”. Ele ainda destacou que as nações pobres precisam “carregar sobre seus ombros” a responsabilidade de proteger a natureza. “A indústria do norte transforma tudo em algo a ser vendido. Privatiza a riqueza e socializa pobreza. Usurpa a natureza, que é a herança comum de todo ser vivo”, disse ao citar o líder cubano Fidel Castro.
Ele lembrou a realização da Eco-92, a conferência da ONU sobre meio ambiente realizada há 20 anos no Rio de Janeiro, e citou o discurso de Fidel no encontro. “Como um homem muito sábio que é, ele nos disse na época: ‘vamos acabar com a fome e não com o homem, paguemos a dívida ambiental e não a dívida externa’. Se passaram vinte anos e ainda precisamos deixar de lado a dívida imposta pelo modo capitalista”, afirmou.
Ao destacar que hoje é feriado na Bolívia para comemorar o festival do Sol, em uma homenagem à natureza, Morales criticou a “privatização” dos recursos naturais. “O sistema imperialista extrai cada recurso natural e transforma em um negócio, em lucro. O faz com visão de curto prazo, de privatização dessa riqueza para garantir mais ganhos. Colonializa a natureza, transformando uma fonte de vida em ativo privado para benefício de poucos”.
O presidente também citou como exemplo a política adotada em seu país de nacionalizar os recursos naturais, antes nas mãos de grandes conglomerados internacionais, como o setor de petróleo. “Nossa economia mudou após recuperarmos a posse dos combustíveis fósseis. Com todo respeito, os países da África e todas as nações pobres precisam fazer o mesmo, precisam recuperar seus recursos naturais, que não devem ser de posse dos negócios privados”, disse ao citar que na Bolívia os servidos de telefonia e água foram nacionalizados. “Isso é obrigação do Estado, não é um negócio internacional”, completou.
Sobre a Rio+20
Vinte anos após a Eco92, o Rio de Janeiro volta a receber governantes e sociedade civil de diversos países para discutir planos e ações para o futuro do planeta. A Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, que ocorre até o dia 22 na cidade, deverá contribuir para a definição de uma agenda comum sobre o meio ambiente nas próximas décadas, com foco principal na economia verde e na erradicação da pobreza.
Depois do período em que representantes de mais de 100 países discutiram detalhes do documento final da Conferência, o evento ingressou quarta-feira na etapa definitiva e mais importante. Até amanhã, ocorre no Riocentro o Segmento de Alto Nível da Rio+20, com a presença de diversos chefes de Estado e de governo de países-membros das Nações Unidas.
Apesar dos esforços do secretário-geral da ONU Ban Ki-moon, vários líderes mundiais não vieram ao Brasil, como o presidente americano Barack Obama, a chanceler alemã Angela Merkel e o primeiro ministro britânico David Cameron. Além disso, houve impasse em relação ao texto do documento definitivo, que segue sofrendo críticas dos representantes mundiais. Ainda assim, o governo brasileiro aposta em uma agenda fortalecida após o encontro.
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