O dólar encerra a semana em declínio de 1,88%, na esteira de reversão de medidas pelo Banco Central e Ministério da Fazenda, reativação de leilão de venda conjugada com recompra e dois swaps cambiais no início da semana. O esforço concentrado do governo reduziu o nível do dólar, que havia fechado acima de R$ 2,12 na sexta-feira passada, depois que a divulgação do Produto Interno Bruto (PIB) enfraquecido no terceiro trimestre alimentou o entendimento de que um real mais depreciado seria desejável pela administração federal para estimular a atividade econômica.

Após o fechamento dos mercados, o BC sondou as mesas de operações sobre a demanda por leilões. Logo depois da consulta, o dólar para janeiro de 2013 abrandou a alta de 0,34% para cerca de 0,19% (R$ 2,088).

Na semana, leilões cambiais tradicionais, na segunda-feira, e medidas regulatórias focadas para ampliar a liquidez do mercado tiveram efeito prático de reduzir o nível do dólar ante o real. Na sequência, o recuo do moeda dos Estados Unidos foi acentuado, apontam agentes financeiros, quando fontes do BC disseram, à Agência Estado, que o nível de depreciação do real era incompatível com os fundamentos econômicos do País. No momento da fala das fontes do BC, a moeda estava em um nível muito próximo ao do fechamento desta sexta-feira. O resultado dos esforços do governo foi tirar o dólar de um nível acima de R$ 2,12, registrado no último dia útil de novembro, em direção a R$ 2,08.

Agentes do mercado de câmbio viram a mensagem do BC coerente em relação aos anúncios feitos na semana, que fizeram o dólar fechar em declínio em quatro de cinco pregões. Mas muitos estrategistas disseram que as palavras da autoridade monetária também confundem quando confrontadas com as declarações do ministro da Fazenda, Guido Mantega, e da presidente Dilma Rousseff sobre o patamar da moeda.

O diretor da Fourtrade Corretora de Câmbio, Luiz Carlos Baldan, observa que diversos participantes do mercado consideram que o intervalo de R$ 2,08 a R$ 2,12 deve ser o nível de oscilação do dólar até o fim do ano. Para ele, no entanto, o nível deve estar mais estreito, entre R$ 2,08 a R$ 2,10.

Outro estrategista avalia que não há inversão de tendência na trajetória central para a moeda. “O governo continua querendo ver um real mais depreciado. O que o BC quer é controlar a velocidade do movimento”, citou. A preocupação, prosseguiu, é que o câmbio não pressione a inflação, para que se concretize o plano de voo do BC de manter o juro em patamar baixo por um período prolongado.

No mercado doméstico, o dólar à vista fechou cotado a R$ 2,0870 no balcão, com alta de 0,38%. Na semana e no mês, o recuo da moeda é de 1,88%, em oposição à alta acumulada na semana anterior, de 2,11%. Na do dia, a moeda bateu em R$ 2,0880 e tocou em R$ 2,0740, na mínima. O giro financeiro somava US$ 1,609 bilhão pouco depois das 16h30. Na BM&F, a moeda spot fechou cotada a R$ 2,0807, com alta de 0,11% e nove negócios (dados preliminares).

Em grande parte desta sessão, o dólar manteve-se entre leves altas e baixas no mercado doméstico. No meio da tarde, a moeda apresentou aceleração, renovando as máximas. Um analista considera que “a visão de que o dólar não tenderia a recuar abaixo de R$ 2,08 alimenta compras, agora, de quem se prepara para um nível levemente acima deste”.

Também circulou nas mesas de câmbio que o rebaixamento do HSBC Holdings pela Fitch teria pesado para a aceleração da alta da moeda ante o real, já que o movimento se iniciou de forma concomitante ao horário do anúncio no exterior e o setor financeiro global continua preocupando.