O ano foi de recuperação. Se até o final de 2011 os exportadores perdiam o sono com a cotação do dólar, é provável que em 2013 haja mais motivos para comemorar. De R$ 1,70 – margem considerada bastante desfavorável a quem vende para outros países -, a moeda americana chega a dezembro cumprindo uma trajetória de ascendência ao longo dos últimos meses. Deve seguir cotada a cerca de R$ 2,10.

O dólar começou janeiro a R$ 1,87, já bem acima dos R$ 1,78 que chegou a valer em dezembro passado. A cotação mais baixa do ano foi registrada em 9 de fevereiro: R$ 1,71. No final de novembro, atingiu R$ 2,12. Durante todo o ano, profissionais que dependem do dólar acompanharam oscilações constantes e um cenário de incerteza. Ao mesmo tempo em que o governo brasileiro dava sinais de que a valorização do real estava contida, exportadores ainda não se sentiam seguros para voltar fechar negócios internacionais com a mesma intensidade de antes. Mas para 2013, o cenário segue otimista: o real deve seguir um ritmo de valorização, estável entre R$ 2,05 e R$ 2,15, de acordo com o gerente da Mesa do Banco Confidence, Felipe Pellegrini. “No começo do ano, o dólar estava muito defasado. Os ajustes que foram feitos o deixaram mais de acordo com a realidade da economia brasileira”, diz.

Achar que a alta do dólar é favorável apenas à exportação é uma atitude equivocada. É o que afirma o professor da Escola de Economia da FGV-SP Samy Dana. “O real muito valorizado também é ruim para o Brasil. Ele desestimula as exportações, já que fica mais difícil formar preços competitivos, e mata a indústria nacional por conta do aumento da entrada de produtos de fora”, explica. Dana prevê que a moeda chegue à casa de R$ 2,20 no ano que vem. “Seria o mais adequado para a economia, pois é o ponto de equilíbrio entre a importação e a exportação”, acrescenta. Amargar uma nova queda considerável não está nas apostas dos especialistas: para o professor da FGV, a expectativa é de que o governo brasileiro siga estimulando as exportações, uma estratégia para aumentar o Produto Interno Bruto (PIB).

A queda na taxa de juros é outro fator que pode dar continuidade à alta do dólar. De acordo com Pellegrini, a previsão é de que seja batido o recorde de baixa da margem. “Isso afasta o capital estrangeiro e faz com que a tendência de alta seja maior”, explica. Recentemente, a taxa foi mantida no nível atual – o que não significa que movimentos de queda estão descartados para 2013. “A taxa de juros brasileira ainda é muito alta, e a ideia é condicioná-la a de outros países. Isso ajudaria a fazer com que o dólar valorizasse perante o real”, acrescenta. Para o especialista, o comportamento da moeda americana no próximo ano vai depender, além de ações do governo brasileiro, do desenrolar da crise na Europa e das decisões da Casa Branca a respeito do abismo fiscal.