Dois senadores de MS defendem Demóstenes no plenário do Congresso Nacional

Em um dos discursos, parlamentar de Mato Grosso do Sul chamou Demóstenes de “professor” e agradeceu aos “ensinamentos” do senador goiano

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Em um dos discursos, parlamentar de Mato Grosso do Sul chamou Demóstenes de “professor” e agradeceu aos “ensinamentos” do senador goiano

Há exatamente um mês, 44 dos 72 senadores presentes no Congresso Nacional utilizaram a tribuna do plenário para defender o senador goiano Demóstenes Torres. À época no DEM, o parlamentar recebeu inúmeras mensagens de apoio e foi defendido pelos congressistas das acusações de envolvimento com o contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira.

Hoje isolado e sem partido, Demóstenes contou com o voto de confiança de senadores de diversos partidos e estados, entre eles dois sul-mato-grossenses: Waldemir Moka (PMDB) e Antônio Russo Netto (PR). Trechos dessas mensagens de apoio dos foram publicados nesta sexta-feira (6) pelo jornal Congresso em Foco.

A data, segundo o jornal, será lembrada “pelo corporativismo explícito de boa parte dos 44 aparteantes e pelo derradeiro voto de confiança de um diminuto grupo de parlamentares que, a exemplo de Demóstenes, também empunha a bandeira da ética e do combate à corrupção”.

Entre os dois senadores sul-mato-grossenses, Waldemir Moka foi o mais ponderado em seu discurso. “Conheço a sua trajetória, a sua luta e a sua postura. […] Tenho certeza absoluta de que sairá desse episódio exatamente da mesma forma que fez em sua vida inteira”, afirmou Moka em sessão marcada por mensagens de apoio ao senador goiano.

Em sua defesa a Demóstenes, a quem chamou de “professor”, Antônio Russo Netto foi além. “Professor Demóstenes, eu queria agradecer-lhe os ensinamentos que nos oferece neste momento. […] E, com altivez, dando um ensinamento, o senhor dá um exemplo do que é a classe política, do quanto ela paga, de qual o preço que ela paga, injustamente às vezes”, declarou o senador sul-mato-grossense.

Segundo o Congresso em Foco, muitos dos parlamentares que protegeram Demóstenes “um mês depois da encenação” se dizem traídos pelo senador. “Esses mesmos senadores que o apoiaram agora convivem com o constrangimento e a decepção. Muitos se dizem traídos pelo colega após o desdobramento das investigações, que jogaram por terra a retórica desfilada naquele dia, quando o senador usou o aparato de comunicação do Senado para mentir que mantinha apenas relação de amizade com o contraventor”, descreve trecho da reportagem.

Confira abaixo trechos das falas proferidas em plenário por cada um dos aparteantes, por ordem de registro*:

Eduardo Suplicy (PT-SP) – “Aprendemos a respeitá-lo como um dos membros do Senado que, sobretudo na área jurídica, na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania, que Vossa Excelência presidiu, e como membro do Ministério Público, sempre demonstrou um conhecimento em profundidade da Constituição e das leis brasileiras.”

Luiz Henrique (PMDB-SC) – “Nobre senador Demóstenes, quero saudar Vossa Excelência como um verdadeiro homem público, de primeira qualidade. A minha solidariedade e a minha confiança.”

Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE) – “Levantei o microfone de aparte, porque, embora tivesse sido feito um entendimento para não se apartear, já que apartearam, eu não poderia ficar de fora. Vossa Excelência foi uma das coisas boas que conheci no Senado desde que aqui cheguei. […] pela sua correção, pela sua coragem cívica, pela sua determinação e pela sua grandeza. Vossa Excelência é uma pessoa com imensa grandeza.”

Pedro Simon (PMDB-RS) – “Em todos os momentos, quer nas questões internas do Senado, quer nas questões mais graves, mais difíceis e mais escandalosas que apareceram nesta Casa, Vossa Excelência sempre esteve firme, com argumentos, com conteúdos e com absoluta firmeza. Sinceramente, não me passa pela cabeça a imagem que querem fazer de Vossa Excelência.”

Antonio Carlos Valadares (PSB-SE) – “Minha palavra é de confiança de que a sua atuação aqui no Senado, e fora do Senado, é uma atuação que não compromete a sua honra, a sua dignidade e o seu passado.”

Eduardo Braga (PMDB-AM) – “Vossa Excelência é daqueles que, quando erra [sic], sabe reconhecer o erro e, com o espírito humano, chega até a pedir desculpas. Agora, quando fazem uma acusação a esse ponto, vem à tribuna e diz: ‘Não, não apenas quero refutar as acusações, como me coloco para ser investigado pelo Supremo Tribunal Federal’. Só assim agem aqueles que têm valores éticos e humanos elevados, e um comportamento e uma conduta, na função pública, elevados.”

Waldemir Moka (PMDB-MS) – “Conheço a sua trajetória, a sua luta e a sua postura. […] Tenho certeza absoluta de que sairá desse episódio exatamente da mesma forma que fez em sua vida inteira.”

Vital do Rêgo (PMDB-PB) – “Cheguei a esta Casa nutrindo muito respeito por Vossa Excelência, uma admiração a distância. A convivência com Vossa Excelência neste plenário, na Comissão de Justiça, vendo a sua grandeza, a sua coragem cívica, o seu espírito republicano, fez-me aumentar esse conceito, esse respeito e essa admiração.”

Cristovam Buarque (PDT-DF) – “Senador Demóstenes, feliz aquele que, quando é criticado, acusado, pode subir à tribuna e dizer que não tem nada a esconder, que não precisa usar subterfúgios, que não precisa dizer nem que o que está sendo dito é ou não verdade. […] mesmo aqueles que divergem sabem que o senhor é o homem não apenas do DEM, mas do bem.”

Alfredo Nascimento (PR-AM) – “Estamos diante de um companheiro, de um colega do Senado, de um homem que tem passado e presente de retidão, de comportamento ilibado, e que, com todas as forças, tem defendido os interesses do Brasil e do Estado que representa.”

Romero Jucá (PMDB-RR) – “Todos nós sabemos da sua seriedade, do seu compromisso, da sua honestidade. Mas, sem dúvida nenhuma, essa palavra é uma palavra para toda a sociedade brasileira, tranquiliza a Casa, a sociedade brasileira […] Vossa Excelência deu as explicações necessárias, e todos nós estamos tranquilos, satisfeitos.”

Lobão Filho (PMDB-MA) – “Quero demonstrar minha absoluta, inamovível confiança na figura do senador Demóstenes, na sua probidade, na sua moral inatacável. […] Não acredito que alguém nesta Casa seja medíocre, até porque eu acredito que o momento espetacular vivido pelo Brasil de hoje […] é consequência dos políticos que estão vivendo agora, do seu Executivo e do Legislativo. Mas, entre todos nós, Vossa Excelência é uma figura que realmente merece ser destacada.”

Cyro Miranda (PSDB-GO) – “Conheço a sua probidade como promotor, como secretário da Justiça, quando ficou conhecido como ‘o grande justiceiro’, sempre aliado à lei. Melhor do que ser seu colega é ser seu amigo. Obrigado.”

Lúcia Vânia (PSDB-GO) – “Todos nós, de Goiás, esperávamos de Vossa Excelência uma conduta como essa. […] faz as explicações com seriedade e responsabilidade. Vossa Excelência sabe da admiração que o povo brasileiro, especialmente o goiano, tem por sua trajetória. Receba os meus cumprimentos e a minha solidariedade.”

Alvaro Dias (PSDB-PR) – “Queremos manifestar, em nome do PSDB, nossa confiança absoluta em Vossa Excelência, nossa crença no seu comportamento e dizer, sobretudo, da importância de Vossa Excelência para o país na oposição. Somos limitados numericamente na oposição e sua presença tem oferecido grandeza à tarefa de se opor. Infeliz do país que não tem uma oposição responsável e competente.”

Jayme Campos (DEM-MT) – “Vossa Excelência tem todo o nosso apoio. Essa conversa é aquela velha história de ‘chover no molhado’. Ninguém acredita nela; todo mundo sabe que Vossa Excelência é um homem de retidão, de caráter invejável – não só como promotor, mas, certamente, como senador da República, que é exemplo para todos nós.”

Blairo Maggi (PR-MT) – “Disse-lhe ontem, por telefone, quando conversamos, que não se abata com isso, porque todos nós, homens públicos, estamos sujeitos a esse tipo de situação. Portanto, é um período de turbulência, mas nenhum período de turbulência permanece para sempre. Ele passará e o senhor sairá vitorioso.”

Pedro Taques (PDT-MT) – “Eu o conheço desde 1996, nas barrancas do rio Araguaia, do rio Tocantins. Nós defendendo a parte lindeira dos nossos estados. Nós dois fomos forjados na luta contra a criminalidade.”

Inácio Arruda (PCdoB-CE) – “Quase todos nós somos alvo desse tipo de meia chantagem, que é como vejo isso às vezes, para a gente entender do ponto de vista político, para a gente não perceber isso apenas do ponto de vista também moral. […] Falei para Vossa Excelência que tinha a minha solidariedade, e posso dizer que também tem a solidariedade do meu partido, o Partido Comunista do Brasil.”

Vicentinho Alves (PR-TO) – “Vim aqui dizer que lhe sou grato e um amigo leal. Portanto, confio em Vossa Excelência. Essa sua conduta de abrir ao Ministério Público, ao Supremo, não tenho nenhuma dúvida e tenho segurança de que não vão encontrar nenhum deslize da parte de Vossa Excelência.”

Aécio Neves (PSDB-MG) – “Vossa Excelência é um homem digno, sempre agiu dessa forma em todos os cargos públicos que ocupou. E digo mais, Vossa Excelência, senador Demóstenes, é dos mais preparados e destemidos homens públicos deste país. E, por isso mesmo, dos mais respeitados.”

Roberto Requião (PMDB-PR) – “As insinuações de que Vossa Excelência foi vítima […], não se compatibilizam com a sua história de vida e com as suas atitudes. Neste plenário múltiplo, que funciona como uma espécie de júri, todas as insinuações foram rejeitadas. Portanto, recomendo-lhe tranquilidade.”

Mário Couto (PSDB-PA) – “Quero pedir licença ao nobre presidente para apartear o nobre Senador Demóstenes Torres de pé. […] Quem dera, senador Demóstenes Torres, todos os políticos fossem iguais a Vossa Excelência!”

Eunício Oliveira (PMDB-CE) – “Acompanho a trajetória política de Vossa Excelência há vários anos por ter negócios e uma propriedade no estado de Goiás. Portanto, há vários anos, acompanho a trajetória de Vossa Excelência como seu admirador.”

Rodrigo Rollemberg (PSB-DF) – “Admiro Vossa Excelência pela luta que desempenha. Vossa Excelência é uma referência inclusive no respeito à lei. […] Saiba que tem a nossa confiança.”

Cássio Cunha Lima (PSDB-PB) – “Acredito que todos os oradores que me antecederam já foram pródigos na manifestação de confiança a Vossa Excelência por toda uma trajetória de vida ilibada, honrada, digna, transparente, corajosa. […] receba não apenas o meu abraço, minha solidariedade, mas o reconhecimento de que o senhor é um dos melhores exemplos de que é possível, sim, se fazer política com honra e com dignidade no nosso país.”

João Ribeiro (PR-TO) – “Sucesso, senador Demóstenes! Tenho certeza de que não existe nada contra Vossa Excelência. Então, minha compreensão de que Vossa Excelência é um homem limpo, um homem público dos mais corretos que eu conheço.”

Benedito de Lira (PP-AL) – “O exercício da democracia é exatamente isso aí… O homem público tem de estar altamente preparado para todas e quaisquer demandas, e nós, homens públicos, temos uma missão nobre: representar o povo dos nossos estados no Senado Federal com absoluta dignidade.”

Casildo Maldaner (PMDB-SC) – “Não podia ficar calado neste instante sem dizer que por onde ando no meu estado, Santa Catarina, as pessoas me perguntam como que eles podem conseguir que Vossa Excelência vá lá fazer uma palestra. […] Perguntam-me: que homem é esse? De onde vem, Maldaner, esse homem? Esse é o clamor, isso é o que a gente sente. […] Santa Catarina acompanha de pé a maneira, a coragem, a hombridade, o destemor, as linhas que tem adotado aqui no Senado e neste país.”

Randolfe Rodrigues (Psol-AP) – “Vossa Excelência sabe muito bem que um dos princípios fundantes do Estado como nós o conhecemos, do pacto civilizatório que nos rege, é aquele da presunção da inocência. Todos são presumidamente inocentes até que se prove o contrário. […] aqui é lógico que estabelecemos relações. Em particular, tenho a honra de estabelecer relação pessoal com Vossa Excelência, com o querido senador Pedro Taques.”

Mozarildo Cavalcanti (PTB-RR) – “Geralmente um político, quando é acusado, a primeira coisa que faz é declarar que isso é armação dos seus inimigos políticos, ou que é uma conspiração da imprensa, ou que, por fim, está sendo caluniado. Vossa Excelência, ao contrário, disse que quer ser investigado e, em nenhum momento, se disse vítima de algum tipo de conspiração.”

Flexa Ribeiro (PSDB-PA) – “O que nós vimos aqui […], de reconhecimento pelo seu trabalho e pela sua conduta, é suficiente para que a nação brasileira o tenha como uma das reservas morais do nosso país.”

Francisco Dornelles (PP-RJ) – “Eu queria reiterar a Vossa Excelência o meu maior respeito e a minha maior admiração, e manifestar a minha confiança ampla, geral e irrestrita na conduta e nos procedimentos de Vossa Excelência. Muito obrigado.”

Ana Amélia (PP-RS) – “Confesso que, no final de semana, ao ler o noticiário sobre a divulgação das gravações de escutas telefônicas das conversas de Vossa Excelência, fiquei perplexa […]. E, num momento de perplexidade, fico mais tranquila agora com os esclarecimentos […] aos seus colegas que, aqui como eu, aprenderam a admirar essa firmeza e esse compromisso com a legalidade, com a responsabilidade e com o trabalho comprometido com a ética na política.”

Paulo Paim (PT-RS) – “Convivo com Vossa Excelência há praticamente dez anos. Nem sempre defendemos as mesmas posições. Mas eu aprendi a respeitar Vossa Excelência pela transparência.”

Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP) – “Ilustre senador Demóstenes Torres, não é por acaso que a Casa hoje verifica esta interminável sucessão de apartes ao pronunciamento de Vossa Excelência. É que todos nós aqui o conhecemos. […] Então, para quem o conhece, evidentemente, não carecia nenhuma explicação.”

Jorge Viana (PT-AC) – “Certamente, Vossa Excelência vai ajudar-nos a fazer com que este país fique um pouco melhor do ponto de vista do manuseio de processos inconclusos, de acusações sem provas e, especialmente, de ilações. […] Há questões absolutamente pessoais, que não se podem confundir com a postura pública de Vossa Excelência.”

Marta Suplicy (PT-SP) – “Quero dizer que sua atitude de vir aqui e de se posicionar levou toda esta Casa, pela sua trajetória pública e também pela maneira como está lidando com essas insinuações, a ter uma postura uníssona de situação e de oposição, o que é muito raro. […] A seriedade de acusações desse tipo, vazamentos, insinuações fazem com que o cidadão, no caso um senador brilhante de oposição, passe por uma situação absolutamente constrangedora.”

Kátia Abreu (PSD-TO) – “Tenho a convicção de que tudo isso não vai passar de um grande dissabor, e de que Vossa Excelência vai provar sua inocência, como já está fazendo neste momento. Com muita dignidade, sobe à tribuna, pede o apoio dos colegas, fala sua versão, trabalhando com transparência, como sempre fez no Senado Federal.”

Ricardo Ferraço (PMDB-ES) – “A obra de Vossa Excelência como promotor e como secretário de Segurança Pública, com o combate destemido ao crime organizado em Goiás, e a trajetória de Vossa Excelência no Senado da República já me faziam ser seu admirador ainda a distância – quando, do meu estado, eu admirava a forma destemida, com o coração aberto, com o peito aberto, com que Vossa Excelência sempre exerceu suas convicções.”

Armando Monteiro (PTB-PE) – “A proximidade do convívio me permitiu ser testemunha de sua atuação, do zelo e da seriedade no desempenho de seu mandato. […] Receba, portanto, o testemunho do meu apreço e a manifestação da minha confiança.”

Antonio Russo (PR-MS) – “Professor Demóstenes, eu queria agradecer-lhe os ensinamentos que nos oferece neste momento. […] E, com altivez, dando um ensinamento, o senhor dá um exemplo do que é a classe política, do quanto ela paga, de qual o preço que ela paga, injustamente às vezes.”

José Agripino (DEM-RN) – “A cautela recomendava que as pessoas não fizessem qualquer tipo de aparte. Para surpresa do plenário, quando Vossa Excelência ia descer da tribuna, o senador Suplicy pediu um aparte. […] Mas este Plenário, sábio como é, pela voz dos seus líderes, dos seus integrantes, reduziu o fato à sua real dimensão. […] Vossa Excelência não cometeu nenhuma afronta à ética!”

Ivo Cassol (PP-RO) – “De repente, alguém de dentro da família, infelizmente, no meio da caminhada, pode seguir um caminho torto, e o restante da família não se pode sacrificar. Portanto, sou solidário ao senhor.”

* Declarações registradas em plenário pelo serviço de taquigrafia do Senado.

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