Campo Grande descarta cerca de 600 toneladas de vidro por mês, porém apenas seis são destinadas a reciclagem

A destinação correta para a reciclagem do vidro tem levantado uma grande discussão. Campo Grande possui oito empresas de reciclagem e duas cooperativas, porém atualmente, apenas uma empresa realiza a coleta do material que só possui indústrias especializadas em seu reaproveitamento em São Paulo.

A proprietária de uma das empresas ouvidas pela reportagem do Midiamax explica que o recolhimento e posterior reciclagem do material é difícil por ser considerado perigoso para o manuseio. “Precisamos de uma licença ambiental específica para poder armazenar e reciclar o vidro e acaba ficando inviável mexer com esse produto.

Para José Tavares, presidente da Coopervida – Cooperativa de Catadores de Material Reciclável de Campo Grande, o recolhimento do material é inviável. “Ninguém quer comprar e quem tem quer se desfazer.” Ele explica ainda que para enviar para São Paulo, onde várias empresas realizam a reciclagem, é necessário pelo menos 15 toneladas do material.

“Não compro vidros. Tenho aqui armazenado, mas ninguém está trabalhando com o material porque não é viável. Dôo pra quem quiser levar”, relata.

Um empresário da Capital que preferiu não se identificar comenta que o governo deveria incentivar a reciclagem. “Apenas uma empresa realizava a reciclagem de vidros em Campo Grande e encerrou as atividades porque alegou que não era viável fazer o transporte do material para São Paulo”. Ele alega também que as empresas que recolhem papelão e garrafas pets só realizam o recolhimento mediante pagamento.

Vidros

Gilberto Sanches Egydio, proprietário da Revidros, explica que a destinação correta deste material só vai funcionar no dia em que a prefeitura tratar a questão de forma idônea. “A empresa responsável pelo recolhimento do lixo em Campo Grande ganha por tonelada recolhida. Pra eles é viável recolher, mas não estão nem aí pra destinação e jogam no lixão mesmo”, reclama.

Ele conta que a cidade produz cerca de 600 toneladas de vidro por mês. “Eu não consigo recolher nem 20 toneladas.”, lamenta. “O restante fica na natureza, pois não dão a destinação correta.”

“Não há sequer respaldo para o frete. O mercado mais próximo para a compra do material é São Paulo. Lá o valor fica entre R$ 220 e R$ 240 a tonelada.” Gilberto comenta ainda que, a prefeitura dificulta a coleta ao não instalar ‘Ecopontos’ específicos para o recolhimento do material.

Ele conta que pela dificuldade em conseguir uma licença ambiental, perdeu trabalho com grandes empresas. “Havia empresas que destinavam muito vidro para reciclagem aqui em Campo Grande, mas por falta de ter quem fizesse o recolhimento, agora enviam o material para Cuiabá.”, lamenta.

“A prefeitura faz exigências inviáveis. Há quatro anos tento trazer auditores para conseguir o registro com empresas de São Paulo e nada.” Para Gilberto, o custo que tem para realizar o serviço é inviável e por isso pensa em desistir do ramo.

“Trabalho no vermelho. Faça as contas: cobro R$120 no frete, mais 10 pelo transporte e 6% do valor da nota para carregar o caminhão. Tenho que acumular pelo menos 20 toneladas pra conseguir enviar para São Paulo.”

Semadur

Conforme a Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Desenvolvimento Urbano – Semadur, Campo Grande possui dois pontos de coleta seletiva, um na região do bairro União e outro na região do Jardim Centro Oeste, e mais de 50 Locais de Entrega Voluntária – LEVs. Um terceiro ponto está em fase de construção.

Nos LEVs podem ser feitas a entrega de resíduos recicláveis e perigosos, além pilhas e baterias de pequeno porte.

A Secretaria informou que não realiza o recolhimento de vidros na Capital, porém autoriza empresas especializadas a fazê-lo.

De acordo com a diretora do departamento de licenciamento e monitoramento ambiental da Prefeitura – Denise Name, pelo menos oito grandes empresas trabalham com reciclagem na Capital e apenas a Revidro, citada anteriormente na reportagem, possui autorização para o recolhimento do material.

Ela explica ainda que os ‘Ecopontos’ também são locais de destinação do vidro.

A diretora informou que a Prefeitura  não possui nenhum tipo de programa de incentivo às empresas para o recolhimento e destinação correta do material.