Deputados querem liberar apostas via internet para ajudar clubes a pagar dívidas de R$ 4 bi

Ao mesmo tempo em que as dívidas dos clubes de futebol não param de crescer, ganha força no Congresso Nacional a proposta de regulamentar as apostas em jogos de futebol no Brasil. Devendo cerca de R$ 4 bilhões, times brasileiros não veem possibilidade de quitar seus débitos nem a longo prazo. Por isso, parlamentares estudam […]

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Ao mesmo tempo em que as dívidas dos clubes de futebol não param de crescer, ganha força no Congresso Nacional a proposta de regulamentar as apostas em jogos de futebol no Brasil. Devendo cerca de R$ 4 bilhões, times brasileiros não veem possibilidade de quitar seus débitos nem a longo prazo. Por isso, parlamentares estudam liberar as apostas via internet no futebol para tentar criar uma forma de os clubes colocarem seus débitos em dia. 

A ideia de regulamentar as apostas via internet foi debatida em uma audiência pública realizada pela Comissão de Turismo e Desporto da Câmara dos Deputados. A comissão criou um grupo de trabalho que analisa os débitos dos clubes brasileiros e busca soluções para eles.

Na audiência, deputados, dirigentes e especialistas em mercado do futebol concordaram que, na situação em que os clubes estão, não há luz no final do túnel. Só em dívidas com o governo (impostos, contribuições previdenciárias e trabalhistas), os clubes devem cerca de R$ 1,9 bilhões. E esse valor, ano após ano, vem subindo, mesmo após a criação da Timemania.

A Timemania surgiu em 2007 justamente para auxiliar clubes a pagarem seus débitos com os cofres públicos. A loteria administrada pela Caixa Econômica Federal usa nomes dos times brasileiros em seu sorteio. Depois, repassa parte do que arrecada para os times pagarem suas contas.

No ano passado, por exemplo, foram repassados aos clubes pela Timemania R$ 159 milhões. Esse valor, entretanto, é apenas um décimo do que o professor da Fundação Getulio Vargas (FGV), Pedro Trengrouse, estima que as apostas online possam render para o futebol nacional.

“As apostas online feitas por sites de outros países em times do Brasil movimentam 600 milhões de dólares por ano [cerca de R$ 1,2 bilhões]”, afirmou Trengrouse. “Nem os times brasileiros nem o governo recebe um centavo sobre isso. Não é racional.”

De acordo com o professor, a França criou há dois anos uma agência só para monitorar as apostas em partidas de futebol do país. No seu primeiro ano de funcionamento, essa agência arrecadou 500 milhões de euros (cerca de R$ 1,2 bilhões).

Para o deputado federal Wanderley Alves de Oliveira (PSC-RJ), o Deley, esses valores não podem ser ignorados pelo Brasil. Deley é o presidente do grupo de trabalho da Câmara que discute a dívida dos times e, para ele, as apostas via internet precisam ser regulamentadas no Brasil.

“A aposta online é uma possibilidade espetacular”, afirmou ele. “Precisamos analisar o assunto com calma, mas acho que é uma ótima alternativa de renda para os clubes.”

 Segundo o deputado, a grande preocupação em liberar essas apostas é o risco de manipulação de resultados no futebol. Em 2005, por exemplo, o árbitro Edílson Pereira de Carvalho revelou ter facilitado a vitória de alguns times em jogos no Brasil para que apostadores ganhassem com isso. O escândalo fez com 11 jogos do Campeonato Brasileiro fossem anulados.

A Itália, atualmente, passa por situação semelhante. Um esquema de combinação de resultados de jogos já levou, pelo menos, 18 pessoas para prisão.

Deley disse que a Câmara está ciente desses riscos. Contudo, vai trabalhar para que, caso as apostas sejam liberadas, um esquema de controle também seja montado.

Isso é que o defende também o presidente da Comissão de Turismo e Desporto, o deputado federal José Rocha (PR-BA). Ele é favor da regulamentação das apostas por internet e disse que a ideia deve ser incluída em um projeto de lei que resultará das discussões do grupo de trabalho.

“Regulamentar as apostas é muito importante”, afirmou Rocha. “Isso pode ser feito alterando a lei da Timenania. A própria Caixa poderia administrar o sistema.”

Para a alteração dessa lei, um novo projeto de lei precisa ser aprovado pela Câmara e pelo Senado. Depois, a Presidência da República precisa sancionar a lei para que ela entre em vigor.

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