Dengue leva a cada hora 15 pessoas ao atendimento no Rio

O cenário de uma provável epidemia de dengue começa a se desenhar nos hospitais e postos de saúde do Rio. A cada hora, 15 pessoas procuram atendimento na capital fluminense com suspeita de ter contraído o vírus. Em menos de quatro meses, 24 unidades da prefeitura especializadas em dengue receberam 40.577 pacientes que se queixavam […]

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O cenário de uma provável epidemia de dengue começa a se desenhar nos hospitais e postos de saúde do Rio. A cada hora, 15 pessoas procuram atendimento na capital fluminense com suspeita de ter contraído o vírus. Em menos de quatro meses, 24 unidades da prefeitura especializadas em dengue receberam 40.577 pacientes que se queixavam dos principais sintomas da doença transmitida pelo mosquitoAedes aegypti.

De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde, até o último dia 10 de março, foram notificados 11.913 casos de dengueno Rio. No entanto, as filas nas unidades de saúde da cidade denunciam que o número de contaminados pode aumentar nos próximos meses. Por dia, ao menos 315 pessoas buscam atendimento só nos polos da dengue nas zonas norte e oeste.

As duas regiões concentram o maior número de casos de dengue da capital, com quase 11 mil notificações. Assustados com a morte de um menino de nove anos, em Guaratiba, os moradores da região oeste lotam as unidades de saúde da região.

Pacientes recebem soro na fila de espera

Moradora de Pedra de Guaratiba, a vendedora Fátima Cristina Gomes, de 40 anos, teve dengue hemorrágica na epidemia de 2002, a segunda maior já registrada no Estado. Com febre alta, dor de cabeça e manchas vermelhas no corpo, ela procurou o Posto de Saúde Doutor Alvimar de Carvalho, um dos polos da doença, na quinta-feira passada (15).

Lá, funcionários da unidade serviram soro para a vendedora ainda na fila. Ao lado de dezenas de outros pacientes, ela teve o sangue coletado para exame médico. Mas não demorou muito para que os médicos revelassem o diagnóstico: Fátima está com dengue pela segunda vez.

– Eu já desconfiava de que seria dengue. Estou com medo de passar tudo de novo. Na outra vez, eu fiquei internada por quase duas semanas no hospital.

Do outro lado da cidade, o motorista Luiz Henrique Alves, de 29 anos, deixou a Policlínica Carmela Dutra, em Rocha Miranda, na zona norte, com o mesmo diagnóstico nas mãos. Além das recomendações para beber muita água e fazer repouso, Luiz Henrique recebeu medicamentos para febre e dores no corpo e pacotes de soro.

– O médico disse para eu voltar no posto daqui a três dias. Vou seguir todas as recomendações e tentar melhorar no tal prazo de sete dias.

As crianças eram maioria entre os pacientes com sintomas de dengue atendidos no Hospital Municipal Francisco da Silva Teles, em Irajá, zona norte, na última sexta-feira (16). Mãe do menino Wesley, de sete anos, a empregada doméstica Cristiane Santos Silva, 28, conta que o primeiro exame da criança deu negativo para dengue. Mas, segundo ela, o garoto ainda reclama dos sintomas da doença.

– Ele tem ficado com febre nas últimas semanas e reclama de dores de cabeça e no corpo. Estou muito preocupada. Por isso, eu voltei ao hospital para uma segunda consulta.

Tipo 4 pode piorar situação no Rio

O superintendente de Vigilância em Saúde do município, Marcio Garcia, diz que o número de casos da dengue tende a aumentar ainda mais entre março e abril. Nesse período, as altas temperaturas misturadas com a chuva ajudam as larvas do mosquito Aedes aegypti a se proliferarem.

Para piorar, segundo Garcia, praticamente toda a população do Rio está vulnerável ao tipo 4 da dengue, que entrou no Estado no ano passado. De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde, o novo vírus é responsável pela contaminação de 68,4% dos casos notificados desde o início do ano.

Garcia lembrou que as pessoas que já foram infectadas pelos outros três tipos da dengue não estão imunes ao novo vírus. Além disso, o tipo 1 da doença, que infectou parte da população na década de 80, voltou a circular no Rio em 2011.

– A entrada do tipo 4 e a reintrodução do tipo 1, que são os dois vírus que estão circulando, são responsáveis pelo aumento dos casos de dengue. Toda a população do Rio está exposta à dengue tipo 4, porque o vírus nunca circulou antes. A dengue tipo 1 circulou na década de 1980 e voltou em 2011. Por isso, há um grande percentual da população que ainda não teve contato com esta versão da doença.

Para dar conta dos novos casos de dengue, a Prefeitura do Rio inaugurou na sexta-feira mais seis polos de atendimento da dengue nas zonas norte e oeste. Com isso, 30 unidades especializadas atendem a população no período de proliferação da doença.

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