Dengue avança nos canteiros de obras da Hidrelétrica de Belo Monte
Diversos trabalhadores da Usina Hidrelétrica de Belo Monte, no Pará, têm sido diagnosticados com dengue em hospitais de Altamira, município mais próximo dos cinco canteiros de obras que concentram por volta de 7 mil operários. Dos cerca de 30 casos suspeitos que chegam por dia no Hospital Santo Agostinho, em cinco a doença é confirmada. […]
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Diversos trabalhadores da Usina Hidrelétrica de Belo Monte, no Pará, têm sido diagnosticados com dengue em hospitais de Altamira, município mais próximo dos cinco canteiros de obras que concentram por volta de 7 mil operários.
Dos cerca de 30 casos suspeitos que chegam por dia no Hospital Santo Agostinho, em cinco a doença é confirmada. No Hospital Municipal São Rafael, já foram registrados 50 casos nos últimos dias. Apesar da taxa de incidência aumentar entre os operários, a dengue não é a doença mais comum nos canteiros da usina.
“As principais doenças são as diarreias, seguidas dos casos suspeitos de dengue que, depois, a gente acaba confirmando. Chegam aqui uma média de 30 pacientes com suspeita de dengue por dia. Desses, cinco são confirmados”, disse à Agência Brasil o diretor de Enfermagem do Hospital Santo Agostinho, Renato da Silva.
Segundo ele, “esse é um número muito alto”, principalmente se for comparado com os registros de anos anteriores em Altamira. O Consórcio Construtor Belo Monte (CCBM) informou à Agência Brasil que “promove ações diárias e ininterruptas de prevenção e combate à dengue em todos os canteiros de obras” e que “essas ações vão desde o borrifamento de inseticidas até campanhas educativas realizadas periodicamente por equipes devidamente treinadas”.
Prestes a ser contratado para trabalhar como servente, Joel Viana, de 25 anos, foi chamado para se apresentar na última sexta-feira (13). Morador de Altamira, Viana chegou com febre ao Sistema Integrado de Ensino do Pará (Sienpa), um dos locais onde é feita a seleção dos trabalhadores. “Como eu preciso muito desse emprego, e ninguém da minha família está trabalhando, decidi vir para cá, mesmo com o corpo todo doendo e com febre.
Eles disseram que, do jeito que eu estava, não poderia me apresentar, mas, felizmente, deixaram que eu me apresentasse na segunda”, disse ele, pouco antes de ser chamado pelos funcionários de recrutamento do consórcio. Coordenador do escritório de Representação Geral da Presidência da República na Casa de Governo em Altamira, Avelino Ganzer confirma que “há um princípio de epidemia de dengue”, não só no canteiro de obras, mas em toda a cidade.
Mas a dengue não é a única preocupação dos médicos. O número de pessoas atingidas pela violência também tem crescido em Altamira, bem como o de vítimas de acidentes de trânsito. “Isso fica bastante evidente em nosso setor de emergência, com o crescente número de pacientes feridos por armas brancas, em especial, vítimas de facadas.
Com o inchaço [populacional], também aumentaram consideravelmente os casos de acidentes de trânsito. No geral, a movimentação em nosso hospital cresceu 80% desde que a obra começou”, disse à Agência Brasil a diretora administrativa do Hospital Municipal São Rafael, Arlinda Maria de Sousa.
No Santo Agostinho, Renato da Silva também aponta o aumento na quantidade de casos suspeitos. O número de atendimentos aumentou de 40 para 90 casos por dia. Como se não bastasse, nesta semana, dezenas de servidores da área de saúde que atuam em Altamira decidiram entrar em greve por tempo indeterminado, reivindicando plano de cargos e salários, aumento salarial, equipamentos de proteção individual e fornecimento de água potável no Hospital São Rafael.
A qualidade da água é apontada por médicos e enfermeiros como o maior problema de saúde da cidade. “É muito comum vermos água escura saindo das torneiras. O problema de saneamento, aqui, é evidente. Daí o grande número de casos de diarreia”. Recentemente, a Justiça Federal concedeu liminar aos ministérios públicos Federal (MPF) e do Pará determinando 18 medidas que devem ser adotadas pela prefeitura de Altamira para amenizar os problemas no hospital municipal.
Segundo o MPF, o hospital apresenta problemas como sujeira, destinação incorreta do lixo hospitalar, além da falta de remédios, água potável e equipamentos de proteção individual. Também foi constatada uma série de deficiências de infraestrutura e de gerenciamento.
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