Demóstenes depõe no Conselho; CPI pode chamar governadores
O senador Demóstenes Torres (sem partido-GO) deve apresentar, às 9h30 desta terça-feira, a sua defesa ao Conselho de Ética e Decoro Parlamentar do Senado. O processo disciplinar de quebra de decoro contra o senador – sobre quem pairam suspeitas de colocar seu mandato à disposição do bicheiro Carlinhos Cachoeira – foi aberto no início de […]
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O senador Demóstenes Torres (sem partido-GO) deve apresentar, às 9h30 desta terça-feira, a sua defesa ao Conselho de Ética e Decoro Parlamentar do Senado. O processo disciplinar de quebra de decoro contra o senador – sobre quem pairam suspeitas de colocar seu mandato à disposição do bicheiro Carlinhos Cachoeira – foi aberto no início de maio.
Até agora, apenas os delegados Raul Alexandre de Sousa e Matheus Mella Rodrigues, da Polícia Federal, prestaram depoimento aos integrantes do conselho. Eles foram os responsáveis pelas investigações das operações Vegas e Monte Carlo, que resultaram na prisão do contraventor. As testemunhas arroladas pela defesa do senador, o advogado Ruy Cruvinel e o próprio Carlinhos Cachoeira, se recusaram a comparecer.
“Existe exatamente o espaço para o depoimento para que ele possa esclarecer fatos e defender-se de acusações. Eu estou inteiramente aberto a confrontar as denúncias com a defesa dele e elaborar um relatório levando em consideração tudo isso”, disse o relator do processo no Conselho de Ética, senador Humberto Costa (PT-PE).
O advogado Antonio Carlos de Almeida Castro, o Kakai, responsável pela defesa do senador, insiste na existência de irregularidades nos áudios, gravados durante operações policiais e que comprometem. Ele não descartou a possibilidade de recorrer ao Judiciário para que seu pedido de perícia nas gravações seja realizado.
Convocação de governadores
Também serão votados nesta terça-feira, pela Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) mista do Cachoeira, os pedidos de convocação dos governadores de Goiás, Marconi Perillo (PSDB); do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT); e do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (PMDB), supostamente envolvidos com o contraventor. A reunião será as 14h.
Em sessão administrativa realizada no dia 17, oposição e governo seguiram o mesmo caminho e preferiram adiar a discussão, o que gerou rumores de um acordo para blindar os miores expoentes políticos atingidos pelas denúncias. Ainda hoje, a CPI poderá pedir novos documentos, se aprovar os pedidos de quebra de sigilo da empreiteira Delta nacional. A comissão já aprovou a quebra do sigilo fiscal da Delta Centro-Oeste.
Carlinhos Cachoeira
Acusado de comandar a exploração do jogo ilegal em Goiás, Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, foi preso na Operação Monte Carlo, da Polícia Federal, em 29 de fevereiro de 2012, oito anos após a divulgação de um vídeo em que Waldomiro Diniz, assessor do então ministro da Casa Civil, José Dirceu, lhe pedia propina. O escândalo culminou na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Bingos e na revelação do suposto esquema de pagamento de parlamentares que ficou conhecido como mensalão.
Escutas telefônicas realizadas durante a investigação da PF apontaram contatos entre Cachoeira e o senador democrata Demóstenes Torres (GO). Ele reagiu dizendo que a violação do seu sigilo telefônico não havia obedecido a critérios legais.
Nos dias seguintes, reportagens dos jornais Folha de S.Paulo e O Globo afirmaram, respectivamente, que o grupo de Cachoeira forneceu telefones antigrampos para políticos, entre eles Demóstenes, e que o senador pediu ao empresário que lhe emprestasse R$ 3 mil em despesas com táxi-aéreo. Na conversa, o democrata ainda vazou informações sobre reuniões reservadas que manteve com representantes dos três Poderes.
Pressionado, Demóstenes pediu afastamento da liderança do DEM no Senado em 27 de março. No dia seguinte, o PSOL representou contra o parlamentar no Conselho de Ética e, um dia depois, em 29 de março, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Ricardo Lewandowski autorizou a quebra de seu sigilo bancário.
O presidente do DEM, senador José Agripino Maia (RN), anunciou em 2 de abril que o partido havia decidido abrir um processo que poderia resultar na expulsão de Demóstenes, que, no dia seguinte, pediu a desfiliação da legenda, encerrando a investigação interna. Mas as denúncias só aumentaram e começaram a atingir ouros políticos, agentes públicos e empresas.
Após a publicação de suspeitas de que a construtora Delta, maior recebedora de recursos do governo federal nos últimos três anos, faça parte do esquema de Cachoeira, a empresa anunciou a demissão de um funcionário e uma auditoria. O vazamento das conversas apontam encontros de Cachoeira também com os governadores Agnelo Queiroz (PT), do Distrito Federal, e Marconi Perillo (PSDB), de Goiás. Em 19 de abril, o Congresso criou a CPI mista do Cachoeira.
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